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Capítulo 12
Manuella Lewis

Sou acordada no meio da madrugada com algo caindo na sala. O barulho me faz saltar da cama, ainda meio tonta por levantar rápido, me dirijo até a sala vendo Rebecca com o flash ligado tentando recolher os estilhaços do pote de geleia que havia caído.

-Oque diabos você fez? -Digo sonolenta enquanto ela me olhando como se tivesse visto um fantasma.

-Estava lendo e fiquei com fome -Ela fala como uma criança após fazer merda.

-E quebrou o pote porque não acendou a luz?

Ela balança a cabeça concordando enquanto eu acendo a luz e vou ajudá-la.

-Pode voltar a dormir, eu dou conta.

-Eu te ajudo, mas quando voltar pro quarto vê se dorme. -Falo como se fosse sua mãe, mesmo sabendo que não sou.

Ela tinha essa mania de ficar lendo de madrugada e não conseguia focar nas aulas depois. Eu também amava ler tanto quanto escrever, mas eu tinha meus horários para isso.

Ou melhor, eu tentava ter... já que as vezes fazia o mesmo.

Após terminar de ajudar minha amiga, ela me agradece e eu volto para meu quarto.

Olho rapidamente a tela de meu celular, o relógio marca que são três e quarenta da madrugada.

Deito-me novamente e não demora muito até que eu caia no sono novamente.

De repente, estou numa festa, rodeada de pessoas que me olham de cima baixo, meus olhos passam por essa pessoas já que eu não as reconheço. O pânico se torna eminente, quanto mais eu me afastando, mais pares de olhos parecem me queimar. Eu me desespero. Saio correndo procurando me esconder.

Me escoro em uma árvore sentindo o alívio chegando, mesmo que não dure mais de meio segundo pois sinto uma mão em meu ombro. Viro assustada olhando para um par de olhos verdes que me encaram. Me afastando indo para um lugar claro e a figura me segue, aos poucos percebo um homem ser revelado, seu rosto está borrado e não enxergo nada além de seus olhos.

Acordo com meu despertador tocando. Sento em minha cama tentando me lembrar do que havia acontecido, mas a única lembrança que vem em minha mente são os olhos verdes  que estavam no sonho.

Suspiro indo tomar meu banho matinal e em poucos minutos sair de casa indo direto para a universidade.

Chegando minha amiga parece tensa, como se escondesse algo de mim.

-Manu... -Ela me chama por um fio de voz.

Meus olhos caem sobre ela esperando que ela diga oque tanto teme.

-Você vai dizer que estamos com pressa e tudo mas... Como a universidade toma bastante tempo da gente e isso pode tornar nosso relacionamento cansativo, eu e o Alex vamos morar juntos por um tempo. Ele não mora tão longe da gente então sempre vou estar por perto. Vou ir pra casa dele assim que eu arrumar minhas coisas, desculpa não ter te falado tanto.

Tenho certeza que fiquei pálida pois seu rosto parece mais assustado do que quando dizia oque acabei de ouvir.

-Espera é sério? -Eu não estava brava. Estava perplexa.

Ela ia realmente iria morar com o namorado? Isso era sério?

Balanço a cabeça me recompondo e sorrio.

-Isso é bom não é? Fico feliz por você amiga. -Digo com um sorriso não tão verdadeiro.

Minha irmã queria vir morar pra cá então seria a oportunidade certa. Como Rebecca iria desocupar o apartamento, iria ter espaço de sobra pra Isa.

-Você vai ficar bem sozinha né? -Ela pergunta receosa sobre sua decisão.

-Claro. Eu sei me virar

Minha amiga não era nenhum pouco inocente. Entretanto, sei que essa decisão seria temporária, isso seria apenas para os aproximar mais.

Bom, era isso que eu esperava.

-Eu vou encontrar o Alex, a gente já te acha por ai. -Ela sorri enquanto sai de perto de mim.

Ela estava se distanciando de mim. Não sei se isso se dava graças ao namoro, ou era algo inconsciente.

Pego um livro em minha bolsa e me sento na sombra de uma árvore antes das aulas começarem.

-Eai loirinha. -Salto ao escutar a voz e me viro de relance para ver quem estava me chamando.

O garoto de cabelos morenos sorria enquanto se sentava ao meu lado.

Reparo em seus olhos. Eles eram verdes claros e marcante. 

Muito marcante, ele parece até com os olhos do sonho.

-Eu te assustei? Desculpa, não foi a intenção. -Ele diz com a voz fraca e com uma risada soprada.

-Oque você quer? -Digo seca enquanto o olho sorrindo.

-Você é bem sozinha né? Antes ficava sempre com a Rebecca. Mas agora ela não passa mais tanto tempo contigo.

-E quem é você para determinar quem é sozinho ou não? -O respondo revirando os olhos.

-Bom, eu nunca estou sozinho.

-Isso realmente não me importa. Inclusive agora você fica me espionando? -Vejo um sorriso de canto se formando em seu rosto.

-Sempre que tem um par de olhos azuis ofuscando as outras pessoas eu não deixo de reparar.

-Você parece um louco, eu nem sei seu nome.

-Henry -Olho para ele confusa antes dele completar. -Meu nome é Henry Evans.

Solto uma risada sem querer e ele me olha retribuindo o sorriso.

-Qual a graça do meu nome? -Ele questiona encostando a cabeça na árvore.

-Não tem graça nenhuma. Eu só gostava desse nome quando era criança. Me lembra o príncipe da Cinderela.

-Sério mesmo? Olha gatinha, o nome pode até ser. Mas de príncipe eu não tenho nada. -Ele diz com malícia na voz.

Sinto meu rosto queimar com suas palavras e desvio o olhar.

-Você fica uma gracinha corada sabia? -Abaixo a cabeça sorrindo inconscientemente. -Ainda não sei seu nome, loirinha.

-Acho que você não precisa saber.

-Se você não me contar, eu descubro. -Ele diz convencido.

-Manuella.

-Nome bonito, mas esperava que fosse Cinderela. -Ele ri e eu me levanto.

-Vai achar seus amigos. Eu tenho coisa melhor para fazer. -Digo retomando a postura, pegando minha bolsa e o encarando.

Ele sorri enquanto levanta e se aproxima de mim. Seu gesto faz eu me sentir intimidada. Quanto mais ele se aproxima vou dando passos para trás.

-Nós vemos por aí, princesa.

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