μηδέν

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Atualmente

- Eu vou te perguntar mais uma vez - o policial andou de volta ao redor da sala, encarando a garota com uma feição relaxada a sua frente. - Onde ela está?

- Eu não sei - a garota riu - E se eu soubesse, também não diria. Mas não se preocupe. Ela é esperta o suficiente pra não ter me contado - deu de ombros.

- EU TÔ CANSADO DESSA MERDA! - o homem gritou irritado, batendo com as duas mãos na mesa de ferro, fazendo a garota pular de susto e estremecer - Estamos nisso a exatas oito horas! Você acha que eu não tenho mais o que fazer?

- E ficaremos exatas dezesseis horas se você não aceitar que eu realmente não sei onde ela está - a menina sorriu cínica pro investigador, que travou o maxilar e estreitou os olhos.

- Já chega. Eu cansei. GUARDAS! - ele berrou e prontamente dois homens entraram na sala - Tirem essa garota da minha frente. Enfiem ela na cela e deixem lá até ela decidir cooperar!

- Ei, espera - ela começou a se desesperar enquanto os homens começaram a tirar ela da cadeira - Você não pode fazer isso! Não pode me prender, você não tem nenhuma prova contra mim!

- Eu ainda não tenho - ela disse devolvendo o cinismo que ela havia usado a pouco - Mas eu posso arrumar, se você decidir continuar a não cooperar. - a encarou, vendo o desespero pairar em seus olhos e sentindo prazer com isso.

- Não. Não. NÃO! - ela berrou desesperada e começou a tentar se desvencilhar dos guardas - VOCÊ VAI PAGAR POR ISSO! ELA VAI TE MATAR E MATAR TODA A SUA FAMÍLIA, OUVIU BEM? FILHO DA PUTA! - continuou berrando enquanto saia da sala e o homem seguia com o mesmo sorriso prepotente no rosto.

07/02/2020 - Atenas, Grécia

- Íris, seu chá vai esfriar - a garota ouviu Greta, a governanta da casa falar atrás de si. A garota suspirou e continuou encarando a paisagem a sua frente, sentindo o vapor do chá em seu rosto.

- Já vou tomar, Greta. Não se preocupe. - ela sabia que sua medicação estava ali dentro, por isso Greta insistia tanto pra que tomasse o chá. - Não vou pular a medicação milagrosa da vez.

- Você sabe que é pro seu bem - a mulher falou e Íris se virou, encarando a idosa.

- Nem todos os atos de cuidado são pro nosso bem, Greta. As vezes é só uma forma de controle. - voltou a sua posição habitual e encarou o chá em sua frente, suspirando e virando o conteúdo, entregando a xícara a mulher na sua frente. - Satisfeita? - perguntou a encarando e a mulher apenas suspirou, pegando a xícara e se retirando dali.

Íris esperou pra ter certeza de que a mulher havia saído e correu pro banheiro do seu quarto, enfiando o dedo na goela algumas vezes até sentir o líquido sair do seu estômago. Regurgitou algumas vezes, até sentir que não havia mais nada ali. Fechou a tampa do vaso e se sentou nele, puxando a descarga em seguida. Suspirou se levantando e escovando os dentes pra conseguir tirar o gosto de vômito da boca. Ela simplesmente não aguentava mais essa situação.

Desde seu último burnout na empresa de seus pais, sua mãe decidiu que seria uma ótima ideia a medicar com Rivotril por conta própria. Não seria mais fácil, talvez, a tratar com dignidade?

"Não é uma opção pra eles", pensou.

Ela saiu do banheiro e foi até seu guarda roupas, colocando seu sobretudo bege em cima dos ombros e alcançando sua bolsa, decidida a sair dali. Pegou seu celular em cima da mesa de cabeceira e saiu do quarto. Ela simplesmente precisava pensar fora daquele lugar. Fora daquela realidade.

Saiu de casa sem ser percebida, e assim que sentiu o vento gélido daquela noite, se arrependeu por um instante. Mas nem o frio era suficiente pra fazer ela querer voltar pra casa.

Andou por algumas ruas, não se importando com o frio ou com os perigos que aquela noite em especial guardava. Andou pelo que pareceram horas, até começar a sentir gotas de chuva em seus cabelos negros.

Suspirou, entrando numa rua escura e se escondendo debaixo de um toldo de um comércio qualquer que já estava fechado. Apertou seus braços contra seu peito, sentindo o frio arrebatador a acertar em cheio e se encolheu.

Começou a ouvir alguns gritos e sentiu seu coração pulsar, encarando os lados e logo percebendo que um homem corria quase que em sua direção. Ela ficou estagnada no mesmo lugar, sem saber o que fazer, até que percebeu que o objetivo do homem não era chegar até ela assim que ele caiu de joelhos, praticamente a sua frente.

- Não adianta fugir - uma voz feminina cantarolou ao longe e ela virou sua cabeça, vendo uma mulher de cabelos pretos com o que parecia uma arma em sua mão vindo até a direção do homem caído quase em sua frente - Eu sempre vou te achar.

Íris percebendo o perigo, se abaixou e se estreitou no meio de uma lata de lixo ali perto, torcendo pra que a mulher já não tivesse a visto.

- Por favor, tenha piedade - o homem praticamente implorou com a voz chorosa. A mulher que chegou mais perto, deu uma risada. Íris simplesmente não conseguia tirar os olhos daquela cena.

- Piedade? Não conheço essa palavra, ela só existe no dicionário grego? - perguntou debochada. Íris pode ver a mulher parar em frente ao homem e engatilhar a arma, apontando direto pra sua cabeça - Diga oi pro capeta por mim. - disse sadica e apertou o gatilho.

A garota escondida reprimiu um grito e fechou os olhos com força, tentando apagar da sua mente a cena do homem caindo sem vida com um buraco no meio da testa e os olhos abertos em sua frente.

- Limpem essa bagunça - ela disse pra dois homens que a acompanhavam, e começou a se afastar enquanto Íris agradecia por aparentemente não ter sido vista - Mas antes... - viu a mulher parar um pouco à frente - Não gosto de plateia pros meus shows - murmurou e a garota escondida sentiu a garganta secar. Ouviu os passos da mulher se aproximarem, e teve que reprimir outro grito quando o latão a sua frente voou pro outro lado com um chute. Íris não se atreveu a levantar os olhos. Continuou encarando o chão, até ter a visão dos coturnos que a mulher usava. A outra se abaixou, analisando a morena a sua frente. Pegou sua arma em sua mão e encostou o cano debaixo do queixo da garota, fazendo ela levantar a cabeça enquanto tremia - Gostou do show, boneca? - a mulher perguntou. - Eu te fiz uma pergunta. - falou com a voz mais grossa.

- Eu... eu - Iris não conseguiu formular uma frase. Honestamente ela não sabia como ainda não havia tido um ataque cardíaco.

- Não importa - a mulher sorriu - Sinto muito que tenha presenciado isso. - sussurrou novamente, levando a mão livre até o rosto trêmulo da garota que fechou os olhos com seu toque - Agora vou ter que te pegar pra mim - murmurou, fazendo Íris abrir seus olhos em total desespero - James, pegue a garota. - falou se levantando.

- O que? - sussurrou totalmente em choque enquanto um brutamontes vinha em sua direção - Não, não, por favor! - implorou enquanto começava a chorar, sentindo o homem a puxar. - Não faça isso comigo, por favor! Eu prometo que não vou denunciar! - implorou com desespero.

- Eu te indico ficar quieta - a outra disse, parando no meio do caminho e a encarando - Dessa forma, as coisas serão mais fáceis pra você. - e voltou o seu caminho até uma van.

Íris parou de falar, mas seu choro se tornou mais alto em contrapartida. Em poucos segundos ela foi jogada na van, e em seguida um outro homem que estava ali dentro pousou um pano sobre sua boca e seu nariz. Ela tentou se debater e protestar contra seu ato, mas aos poucos sua consciência foi se perdendo, e ela desmaiou.

E foi nessa fatídica noite que tudo começou.

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Prontas pra sofrer por mais uma atualização?

Gente, brincadeira. Essa tá quase 100% feita já. Sofrer com 3 é demais pra mim. Só preciso lembrar de entrar pra postar os capítulos.

Beijos bebês

She. | Billie Eilish (G!P)Onde histórias criam vida. Descubra agora