De maneira abrupta e estranha, me encontrei com uma sensação de amargura. Ao meu redor, apenas escuridão, como se eu estivesse no centro de uma nuvem negra. Disso eu não gostei nem um pouco, já que odeio a escuridão. Parecia que estava andando em um monte de nada, no fim do mundo, em um local onde qualquer existência não se fazia presente.
E não era só isso. Para piorar, meu corpo parecia estranho, como se não me pertencesse. Como se minha consciência estivesse em outro corpo, e fosse mas não fosse eu. Esse pensamento me fez desejar sair o mais rápido possível dali.
Andei pelo que pareceram séculos pelo local tenebroso, tentando encontrar qualquer coisa, já que sequer minhas mãos conseguia ver com esse escuro. Eu sentia como se toda aquele breu estivesse sugando tudo, incluindo a minha própria essência.
Finalmente vi uma pontinha de esperança e corri até lá, com lágrimas de desespero nos olhos.
Uma luz. Uma linda luz azul.
Corri e corri, atraída como uma mariposa se atrai pela luz, tropeçando certas vezes em coisas que surgiram e eu nem sabia o que eram, machucando meus pés, que eu não enxergava. Estava ofegante e, principalmente, desesperada.
Ao me aproximar, percebi de onde vinha a luz.
Um pingente de colar, em cima de uma pedra branca opaca. Ele era adornado por bordas douradas marcadas com uma linha branca (que, sim, também brilhavam). O pingente tinha uma pedra no centro de um azul vívido, que brilhava fortemente... E eu podia jurar que era diamante de verdade, ou algo mais raro ainda.
— Que colar lindo... — Disse, distraída, e percebi certa diferença na minha voz, mas ignorei.
E ele não só me trazia uma sensação de alívio pela luz. Também era alguma outra coisa, que eu não sabia nomear. O desespero que eu tinha sumiu. Eu só queria, precisava o alcançar, e assim fiz.
Encantada, peguei o objeto, que não era tão grande, e o coloquei nas duas mãos. Eu não estava errada, minhas mãos pareciam estranhas.
Enquanto observava o pingente, maravilhada pela sua luz e pela sensação estranha que ele irradiava, senti um arrepio, uma sensação de ter alguém me observando... E virei para trás.
Encontrei uma menina me encarando.
Esta tinha cabelos ondulados cor de chocolate, pele um pouco mais clara que suas ondas e olhos marrom, mas um tom mais claro, praticamente mel. Sua pele era lisa e limpa, e em seu cabelo longo tinham várias flores cor de rosa. Pela estatura, devia ter em torno de oito anos.
Vestia uma roupa bem simples, sendo apenas um vestido comum na altura do joelho de cor rosa clara, um par de luvas, descalça e com um colar... Com o pingente quase idêntico ao meu.
A diferença é que esse pingente era rosa, e brilhava de forma bem fraca.
Ela estava com uma expressão amena... Como se não quisesse me assustar.
Como alguém não se assusta com uma menina aparecendo do nada e sem explicação?Comecei a dar passos para trás.
— Quem é você? — Perguntei, trazendo o objeto brilhoso para junto de mim, com medo da estranha o roubar.
Se bem que ela não parecia com a intenção de me causar mal algum. Na verdade, eu não conseguia nomear o que sentia vindo dela ao certo.
Mesmo assim, ignorei isso e continuei me afastando.
A estranha balançou a cabeça negativamente e não deu sequer um passo.— Encontre-o — Disse ela, com uma voz calma, controlada. Contudo, não parecia uma voz de uma criança.
Parei de me afastar. Tinha dado menos de dez passos para longe.

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Victoria?
خيال (فانتازيا)2ª versão. ⚠️ GATILHOS AO FIM. ⚠️ Victoria tem 21 anos e não é uma sonhadora. Com pais famosos e uma condição de vida considerada excelente, aos olhos alheios a garota parece ter uma vida dos sonhos. Mas ela não vê as coisas exatamente assim. Com a...