‧͙⁺˚*・༓PRÓLOGO - JAZZ༓・*˚⁺‧͙

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Todo mundo quer dominar o mundo, eu deveria ter nascido para isso, mas esse mundo não é para mim

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Todo mundo quer dominar o mundo, eu deveria ter nascido para isso, mas esse mundo não é para mim. Nasci no poder e o poder deveria ser meu, mas lidar com ele significa fingir, provar tê-lo o tempo todo, se não, outros virão e o tomarão. Hoje renuncio tudo o que me foi dado desde o momento em que nasci, a influência, a adoração, a força e o poder.

Foi um mês atrás, quando minha coroação estaria cada vez mais próxima, o rei e a rainha, meus pais, me convenceram a abrir o caminho da coroa para minha irmã Rubi. Porque eles sabem - eu sei - que as Grandes Casas me viam como uma fraqueza, uma rachadura na dinastia, e se você forçar um pouco as rachaduras se tornam buracos e os buracos se tornam passagens. Meu reinado seria a passagem para homens com vontade de ascender, subirem e tomarem o trono. É assim que parece funcionar desde sempre, quem parece mais poderoso é mais poderoso e quem parece mais fraco é mais fraco.

E no final, eu me senti aliviado. O tabuleiro é muito complexo, tem muitas peças. Eu não jogo esse jogo. Logo, vou estar livre para ir para o meu lugar, no front, no Território Sangrento lutando por Salasén de forma física, não aqui protegido e fingindo fazer algo pelas pessoas que morrem do lado de fora, na guerra, na fome enquanto me deleito com o ouro e tomo vinho.

Agora caminho pelo corredor de paredes altas feito para os gigantes, para os deuses. As janelas que vão até o teto, com o peitoril dourado esculpido atentamente em rosas e cupidos sem rosto, iluminam o caminho infinito. Provavelmente foram feitas para exalar o poder que esse lugar deve representar, mas para mim é acolhedor, esse lugar é meu lar, eu corria por esses corredores quando criança.

Os Guardas Rubro me cercam durante a caminhada no tapete vermelho até minha liberdade, mas sei que não precisaria deles caso algo acontecesse, se alguém tentasse qualquer coisa, eu deixaria o fogo correr por meu corpo e o estúpido não duraria muito tempo.

Inspiro a paz do silêncio antes de me tornar a atração principal do espetáculo que se forma no salão onde a minha cerimônia de abdicação vai acontecer. Ao atravessar a grande porta vejo de cima um baile de preto, vermelho e prata que parece ondular como as águas de um rio. Cheio de rostos que vejo desde pequeno. Os guardas ficam e eu desço uma das escadarias que dá na plataforma do trono, a do lado esquerdo. Na frente dos tronos vazios do rei e da rainha está uma pequena mesa com dois assentos, onde eu e Rubi vamos assinar a papelada e todo um reino passará de mim para minha irmã apenas com a tinta de uma caneta. Simples assim.

Vejo minha irmã descendo a escada do lado direito, a mecha vermelha de seu cabelo foi presa numa trança que imita uma tiara com cristais cinzas. Então ela se põe ao meu lado na plataforma, ficamos de frente para o resto do salão, à frente de todos.

"Jazz!" Rubi sorri balançando o vestido vermelho com bordados em linha prata, complacente "Animado?"

"Com certeza." Prendo a respiração sentindo o véu da culpa cobrir meu corpo "Não me leve a mal, Rui."

Nunca parei para pensar de verdade em como a Rubi se sentiu com isso.

Idiota.

Mesmo tendo nascido no meio disso tudo e até sendo melhor que eu, ela não passou a vida ouvindo que seu destino seria governar, e quando nossos pais deixarem o trono, minha irmã vai segui-lo de bom grado. Talvez ela realmente goste do poder tanto quanto os outros ou talvez ela saiba que não tem escolha, então não reclama.

Mas Rubi só se aproxima e toca meu braço.

"Não se preocupe. Meu lugar é aqui, o seu não era." Ela mente enquanto joga uma mecha de cabelo preto sobre o ombro com a mão enluvada. Rubi não está tão perdida quanto eu me sentia e, mesmo assim, esse não é o lugar dela. Minha irmã não pode ser substituída por ninguém. Esse não é o jogo preferido dela, mas ela domina ele tão bem quanto os outros.

"Você vai ficar bem."

E eu realmente acredito que ela vá.

A Rainha Vermelha e o rei descem a escadaria do meio e as trombetas soam, anunciando sua chegada, toda a plateia se vira para a plataforma com os olhos em nós. O espetáculo começou oficialmente.

"Viva o Trono Carmim!" As pessoas saúdam em uníssono pelo salão "Viva à Rainha Vermelha!"

Nossos pais se aproximam da beirada do palco, Iracebeth acena para o público com um sorriso brilhante como uma lâmina. Sua coroa é feita de ouro branco coberta por diamantes ônix e rubis que formam ordenados detalhes de flores pontudas. A do rei, Stayne, é do mesmo material mas é grossa e os rubis se destacam em cada ponta afiada da coroa.

Meu pai apresenta:

"Hoje o destino da coroa é passado de um filho para outro. Meu primogênito, Jazz Archer, resigna o trono e o deixa para minha filha mais nova, Rubi Archer."

É a vez de eu e minha irmã nos aproximarmos da beirada. Não hesito.

"Honro o direito ao trono, mas o passo para minha irmã do sangue Archer, que continuará a dinastia Carmim."

As palavras saem como um peso que me prendia no chão, mas firmes.

"Honro o direito ao trono e aceito-o de meu irmão do sangue Archer. Continuarei a dinastia Carmim."

Um homem velho surge atrás de nós com a papelada e duas canetas-tinteiro e eu e Rubi caminhamos em direção aos dois assentos da pequena mesa enquanto nossos pais vão para seus tronos; nos sentamos e o homem coloca os papéis e as duas canetas na mesa.

O rito continua:

- Eu, Jazz Jaden Archer, - Quase não consigo controlar o sorriso, as palavras que digo agora são o fim das correntes que me prendiam a esse mundo. - De hoje em diante renuncio meu direito ao trono e o dos meus descendentes.

Pego a caneta e assino três papéis: o que renuncio meu direito ao trono, o que renuncio os direitos da minha prole e o que juro nunca voltar atrás.

Minha irmã pega sua caneta e entoa o oposto:

"Eu, Rubi Áries Archer, de hoje em diante aceito o meu direito ao trono e o dos meus descendentes."

Acabou. Eu não sou mais uma peça importante no tabuleiro.

Alguns na plateia batem palmas, enquanto outros se desmancham em desgosto - os homens gananciosos que esperavam o momento para forçar a rachadura e suas filhas que acreditavam ter alguma chance numa prova real -.

Depois que acabamos a cerimônia o baile começa e Rubi some no meio das pessoas que dançam e riem, fico sozinho com minha pequena liberdade e só espero que minha irmã não se veja acorrentada.

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⏰ Última atualização: Oct 02, 2023 ⏰

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