𝐢𝐦𝐚𝐠𝐢𝐧𝐞 𝐠𝐢𝐫𝐥𝐬

✿ Paola Carosella

Minhas pernas não paravam, hoje é o dia em que vou conhecer Francesca, eu vou conhecer a filha da minha namorada, eu estou em um surto extremo. Estou sentada que nem uma criança esperando a Paola chegar, ela tinha ido a um dos seus restaurantes e viria me buscar para nós três jantarmos juntas. Caralho, eu penso e tudo fica pior. A Paola cozinhando é um tesão e ao mesmo tempo Francesca vai estar ali, ai caralho.

Vejo que Paola está chegando pela mensagem que a mulher me manda e desço de meu apartamento, logo encontrando o carro de Paola, vou até a porta do passageiro, assim entrando no veículo.

- Oi Linda. - Disse e a mais velha sorriu, me dando um selinho.

- Oi meu amor, tudo bem? - Ela diz ainda com aquele sorriso na cara e o lindo sotaque, sua mão vai de encontro ao meu rosto me fazendo carinho por ali.

- E se ela não gostar de mim?- Disse e respiro fundo. - Eu só vou aparecer na vida dela, do nada Paola, tem uma grande chance de ela não gostar de mim.

- Ei, você acha mesmo que eu não falo de você pra ela?- Paola diz e eu apenas travo, não tinha pensando nessa possibilidade, eu não sei se fui confortada ou deixada mais nervosa. - Francesca está tão ansiosa por te conhecer, juro minha linda, ela não parava de perguntar que horas nos vamos, pode pegar meu celular e ver. - Ela diz e me entrega o aparelho desbloqueado, abri a conversa com a menina e vi mensagens do tipo "Mãe, tão vindo?", "Sério, me avisa", "Vem logo", "Quero conhecer a S/n.", "Não demora". Sorri lendo e enquanto isso Paola ligou o carro e iniciou o caminho até sua casa, o rádio tinha uma música leve e abri uma pequena parte de meu vidro.

- Ela pode se decepcionar. - Disse olhando para os carros do nosso lado, não queria estampar ainda mais minha insegurança.

- Ela não vai.

- Me fala um motivo, um mínimo motivo que eu possa acreditar. - Disse ainda com o olhar para fora do carro, a noite tinha uma brisa leve e o perfume amadeirado da mulher preenchia o espaço que o silêncio deixou vazio.

- Ela viu a mãe dela feliz depois de anos. - Paola disse baixo. - Ela viu um casamento terrível e disse pra que nunca mais apresentasse alguém pra ela se essa pessoa não me fizesse bem, aí depois de um tempinho te encontrei. Por isso demorei pra falar sobre vocês duas no mesmo lugar, queria ir te introduzindo em nossas conversas e introduzindo ela pra você. - Paola disse focada no trânsito, sua expressão séria, seus lábios comprimidos e sua mão segurando firme no volante mostravam que era um assunto delicado.

- Desculpa por ficar tão preocupada, eu quero que Francesca goste de mim e que me considere sua família, não necessariamente agora, mas em algum momento. - Disse e os ombros da mulher ao meu lado relaxaram. - Eu só não quero que ela tenha me imaginado diferente e se magoe.

- Amor, eu fiquei ontem horas conversando com ela sobre você, contei grande parte de nossa história e eu juro, Francesca está ansiosa por conhecer você exatamente do jeito que você é. E caso alguma coisa seja diferente, a gente faz encaixar. - Paola disse enquanto entrava em seu condomínio. A conversa continuou até sua casa e logo o carro foi estacionado. - Pronta? - Paola disse depois de tirar o cinto e eu respirei fundo.

- Pronta. - Disse e a argentina sorriu, assim que desci do carro vejo Paola abrindo o porta malas e tirando um caixa dali, provavelmente teria passado no mercado. - Deixa comigo. - Disse pegando a caixa e ela fecha o carro me indicando o caminho até a porta. Mesmo estando namorando a seis meses a cozinheira nunca havia vindo em sua casa, por conta de sua filha.

- Francesca, chegamos. - Paola disse assim que abriu a porta, meu coração parou ao ver a cabeça da garota surgindo do sofá, ela se levantou e caminhou até a gente, Paola lhe deu um beijo na cabeça e pegou a caixa de minhas mãos, me dando uma piscada.

- Oi. - Disse e sorri, provavelmente da maneira mais desajeitada do mundo. A garota sorriu.

- Oi, você é a namorada da mamãe?- Ela diz e meu sorriso mais sincero apareceu, a garota era alta e tinha cabelos loiros, acompanhado de seus olhos azuis. Provavelmente muitos meninos e meninas são apaixonadinhos nela, treze anos é a época de amores platônicos.

- Eu mesma, e você é a tão falada Francesca? - Disse e ela assentiu, Paola nos olhava de longe, era nítida a felicidade no local. - Olha, sua mãe falou tão bem de você, mas não tinha me contado desse seu cabelo lindo.

- Obrigada.- Ela disse e olhou em volta. - Mamãe disse que você nunca veio aqui, quer conhecer a casa?- Ela diz e eu assenti, a garota pegou em minha mão e foi me mostrando cômodo por cômodo. - Aqui é meu quarto, não conta que tá bagunçado, se não mamãe vai brigar. - Ela diz e rimos.

- Combinado, nosso segredo. - Disse e entrei no quarto da menina, existiam algumas bagunças realmente, mas nada fora do normal. Me sentei em sua cama junto dela.

- Você gosta mesmo da minha mãe? - Ela disse direta e eu me virei pra ela.

- Muito, muito mesmo. - Disse e respirei fundo. - Sua mãe é muito especial pra mim, ela chegou e melhorou tudo assim, fico muito feliz de estar aqui com você, sei como vocês são ligadas e sei o que isso representa. Eu quero ficar com a sua mãe pra sempre. - Disse e ela me abraçou.

- Minha mãe também gosta muito de você. - Ela disse e eu sorri.

- É? - Disse e ela confirmou.

- Ontem ela me contou como você conquistou ela, você precisava ver ela com os olhos brilhando, parecia minhas amigas falando dos meninos que elas gostam. - Eu rio com a comparação e assim que Francesca termina ouvimos uma tosse forçada na porta.

- Falei pra você manter isso em segredo, mocinha você é muito boca aberta. - Paola disse e Francesa fez cara de assustada.

- Dá licença, era um segredo nosso. - Disse e Paola sorriu. - Já somos parceiras.

- Sim, depois te conto como ela disse que gosta de você. - Francesca disse pra sua mãe que havia se sentado no meio de nós duas.

- Poxa Francesca, assim você me complica. - Disse e ela sorriu erguendo os ombros.

- Mamãe também merece. - Ela disse e Paola deu um beijo na bochecha dela.

- Agora vamos, levantando tomo mundo. - Paola disse levantando e batendo levemente em nós com o pano de prato que estava em seu ombro. - A janta está quase pronta, vamo, vamo. - Francesca saiu na nossa frente, Paola desligou a luz e fechou a porta do quarto da filha. - Como está?

- Feliz. -Disse e abracei a mulher em minha frente. - Eu quero ficar com você pra sempre. - Disse e ela sorriu me puxando pra um beijo, não era um beijo com desejo sexual, era um beijo que transmitia nosso amor.

- MÃE VAI QUEIMAR. - Francesca gritou e nos separamos, Paola riu.

- Viu, isso que é ser mãe. - Paola disse e sai correndo. - Estou indo, não mexe meu anjo.