Enfrentando a Fera

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POV Camila

Estou há cinco minutos do lado de fora da biblioteca, olhando para a porta que ela acabou de bater na minha cara, pensando em quem – ou o que é Lauren Jauregui.

Quer dizer, eu não estava esperando um bichinho de pelúcia precisando de um abraço e de um ombro amigo, mas ela pareceu mais uma mulher atormentada que alguém devastada pela guerra. Mesmo assim, só percebo como estou despreparada quando a porta se abre de forma inesperada.

Antes ela estava completamente na sombra, mas dessa vez a luz do corredor chega até ela, e sinto o estômago cair aos meus pés.

Lauren Jauregui não é a reclusa de meia-idade com restrições físicas que eu estava esperando.

Ela volta para as sombras antes que eu consiga olhá-la bem, mas me parece que Lauren tem a pele branca, pálida até demais, cabelo escuro muito bem preso no alto da cabeça, provavelmente vindo da disciplina militar e penetrantes olhos verdes. E é jovem. Tipo da minha idade.

– O que ainda está fazendo aqui? – Ela pergunta, recuando para a escuridão da biblioteca.

Instintivamente, dou um passo para a frente, e ela recua com a mesma velocidade. Pela primeira vez noto que, apesar de dar a impressão geral de juventude e vitalidade, ela não se movimenta com agilidade. Paro, como se não quisesse assustar um animal ferido, sabendo que são mais propensos a atacar. E essa mulher com certeza está ferida.

– O que ainda está fazendo aqui, porra? – Ela repete, dessa vez com um rosnado.

Bom. Pelo menos agora tenho certeza de que não imaginei essa coisa toda de mulher das cavernas. Logo depois que ela soltou a bomba do suicídio, Maggie suspirou e deu um tapinha no meu ombro, dizendo que precisava ser "paciente com a garota".

Paciente coisa nenhuma. É claro que a mulher deve ter visto muitas coisas horrorosas, mas se tem algo com que uma garota rica de Manhattan está familiarizada é o tom de voz de uma babaca autoindulgente. Lauren Jauregui certamente tem um pouco disso.

Eu provavelmente deveria responder à sua pergunta com palavras calmas, motivadoras e reconfortantes. Nada me vem à mente, então fico quieta.

Ela continua na sombra, e de repente fico desesperada para saber o que está escondendo. Como alguém como ela se tornou uma suicida reclusa?

– Pelo menos coloca um dólar no chapéu. – Ela diz, antes de virar de costas e retornar à mesa. Ela manca um pouco, mas... imaginação minha ou ela só mancou depois de começar a andar? Como se precisasse se lembrar de mancar?

Imagino que deva ir até ela para ajudá-la de alguma forma, mas algum instinto sombrio e inexplorado me impede de fazer isso. É o que ela está esperando, e ser previsível com essa mulher é um erro.

– Um dólar no chapéu? – Repito, fechando devagar a porta da biblioteca atrás de mim, o que é uma idiotice. A sala escura agora parece intimista, e sei bem que somos apenas eu e essa mulher que pode querer ou não se matar aqui. Ou me matar.

– Se vai ficar me encarando, pelo menos me dá o dólar que deixaria no chapéu de qualquer outra aberração de circo. – Ela explica, ainda sem se virar para mim.

Reviro os olhos diante do melodrama e me aproximo, querendo ver o rosto dela. Não, precisando ver seu rosto.

De costas, a mulher é praticamente perfeita. Está usando uma camiseta preta justa o bastante para mostrar as curvas bem firmes, provavelmente desenvolvidas enquanto estava servindo. Seu jeans escuro bem apertado em volta das suas coxas, deixa o volume no meio de suas pernas bem delineado. A calça era bem baixa, para falar a verdade baixa o suficiente para despertar minha atenção. Tenho certeza de que, se levantasse os braços, conseguiria vislumbrar a sua pele alva, a barra da cueca...

A bela e a Fera - Camren - G!POnde histórias criam vida. Descubra agora