Quantas vezes eu me perdi?
Será que alguém sabia que, ao me encontrar, faltava um pedaço?
Porque no meu peito parece que faltam alguns.
Às vezes os vazios parecem afiados, às vezes eles ecoam muito alto, que acabam passando por cima das partes que têm.
Eles matam um pedacinho de cada vez, de cada eu, de cada coisinha minha.
Como eu pego de volta?
A corajosa, a que nunca teve que fugir,
A que só chorava quando caía da árvore,
E subia de novo e de novo, até cansar.
Eu a quero pra mim.
Ela sou eu.
Mas ela morreu.
Eu sei que morreu porque eu sinto o luto dela aqui.
Eu ouvi os gritos dela agonizando.
Eu lembro de cada momento que levou ela a sumir.
Devagarinho.
De mim.
Pra sempre.
E sempre.