O genérico cheiro de morangos.

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Os cotovelos postos sobre a mesa e as mãos juntas abaixo do queixo sustentavam o semblante tenso e rígido do atual líder da alcatéia. Bang Chan tinha em sua disposição diversas fichas com diferentes nomes e rostos imprensado nelas. As sobrancelhas juntas denunciavam o descontentamento em saber que haviam gastado tantas árvores de sua floresta apenas para uso tão medíocre como aquele.

Sua mãe, Bang Shinhye, pegava cada folha com cuidado para explicar atenciosamente sobre cada ômega solteiro que havia em sua vila. Já estavam a longos minutos apenas com aquele tema perturbando os seus pensamentos, já havia visto tantos rostos e perfis que já estava farto da voz da mulher. Seu irmão mais novo, Bang Jisung, estava ao lado pegando alguns perfis para os analisar e dando algumas opiniões superficiais e tolas como os nomes feios de alguns ômegas ou como apenas a descrição do cheiro parecia já ser fedida o suficiente.

— Mãe, eu não estou com cabeça para ver isso agora. — Repousou a mão nas delicadas da mulher, tentando soar afetuoso por mais estressado que estivesse nos últimos dias.

— Você não está com cabeça para isso á alguns anos! Desse jeito ficará sozinho para sempre. Já está na hora de arrumar um ômega para ajudá-lo aqui e não depender de mim para o resto da vida — esbravejou subitamente, largando os papéis que tinha em mãos.

— Já lhe disse que consigo me virar muito bem sozinho — seu tom era paciente, não chegando a se surpreender com o humor irritadiço da progenitora.

— Mentiras de líder!

— Mãe...

— Jisung é seu irmão mais novo e já possui filhos de um ômega que era para ser seu! Um alfa mais novo roubando um ômega do líder da alcatéia! — Ergueu-se furiosa, arrastando a cadeira contra o piso de madeira e criando um ruído agudo que incomodou os ouvidos.

Bang Chan fechou os olhos, desfazendo a posição dos braços e levando a destra até a cabeça, massageando a têmpora dolorida. Seu irmão curvou as costas, encolhido com as palavras brutas da mãe.

— Ergue-se, Jisung! Não seja frouxo ao ponto de se encolher pelas palavras de uma ômega. É por isso que seu ômega sempre te controla, você é um fraco tolo! Não tem presença nem na própria casa, quem dirá em batalh-

— Cale-se! — Bang Chan se ergueu, espalmando fortemente a destra contra a mesa. Sua presença sendo imposta junto ao cheiro forte que naquele contexto amedrontava qualquer um que estivesse por perto.

A mulher se calou no mesmo instante, acolhendo as mãos e se afastando com alguns passos cuidadosos. As íris vermelhas de Bang Chan olhava fixamente para si.

— Se recolhe aos seus aposentos, minha mãe — sua voz tensa não abria brechas para objeções, retirando um aceno de concessão da mais velha.

Ajeitando as vestes e abaixando as vistas, passou pelos filhos a caminho de seu quarto. O primogênito sentou-se novamente, uma lufada de ar saiu por seus lábios, estava fardo da mesma maldita situação.

— Ela está brava comigo, não a leve a sério — Bang Chan tentou tranquilizar o irmão, mas a sua dor de cabeça o trazia uma voz impaciente.

— Está tudo bem... — o respondeu calmamente, tornando-se silenciosos em seguida. Respeitando o espaço que Bang Chan precisava.

Fazia apenas alguns meses que o pai de ambos morreu em uma das expansões de território da alcatéia. Morrer em batalha, uma morte digna ao líder que por tantos anos planejou aquela expansão com cautela. Já haviam tomado mais de 70% da floresta e traziam riqueza e respeito aos seus lobos conhecidos por serem inteligentes e ferozes. Matando a sangue frio qualquer lobo que ficasse em seu caminho, seja ele alfa, ômega ou filhote. Todos morreram pelas mãos da alcatéia Bang.

His Intensity - BinchanOnde histórias criam vida. Descubra agora