Capítulo 11

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Na cobertura, Juninho estava andando de um lado para o outro, impaciente e agoniado com a demora dos pais voltarem para casa, até que o silêncio foi quebrado pela voz de Maria vindo da cozinha.

Maria - Juninho, - ela diz preocupada - você acha que está tudo bem? Já faz tanto tempo que ele saiu...

Juninho - Eu não sei, Maria. Estou começando a ficar realmente preocupado. Depois que aquele bosta voltou pra vida da mamãe, tudo de ruim vem acontecendo, reparou?

Maria - Júnior! Por que você só não consegue ficar feliz que nosso pai finalmente apareceu?Mamãe parecia tão feliz hoje pela manhã. E outra ele tá dando a cara a tapa mesmo sabendo que se descobrirem que ele tá vivo a coisa entorta pro lado dele e tu ai igual criança po

Juninho - Mesmo que estejam bem agora, eu não confio nem um pouco no Romero. Ele nos enganou por anos, lembra? Forjou a própria morte e nos deixou para trás.

Maria - Ele tava tentando proteger a gente muleque! Eu sei que ele errou, Juninho, mas acredito que ele está tentando se redimir. E ele parece realmente determinado a encontrar mamãe.

Juninho - Proteger a gente? - Juninho cruza os braços - Ele só estava se protegendo e deixando a mamãe sozinha para enfrentar tudo sozinha! E agora, quer que acreditemos que ele mudou? Eu não vou cair nessa!

Maria - Você não entende, Juninho! Ele também sofreu muito durante esse tempo que esteve "morto". Ele estava sendo perseguido e teve que se esconder para se manter vivo e manter a gente vivo.

Juninho - Eu não acredito em uma palavra sequer do que ele diz. Ele é um mentiroso, Maria! E a mamãe desapareceu logo depois que ele voltou, não é uma grande coincidência?

Maria - Você não pode simplesmente culpá-lo por tudo, Juninho! Nossa mãe é estelionataria e tu sabe que ela tem mais inimigos que roupas no guarda roupa, talvez tenha sido obra de algum deles, nosso pai sacou na hora e já foi atrás dela

Juninho - Você é uma puta de uma ingênua, - ele grita com ela - Maria! Ele pode ter feito algo grave, algo que fez a mamãe fugir dele. E eu vou descobrir a verdade, mesmo que você não queira!

Maria - Você não vai fazer nada! Não vou deixar que você vá atrás deles, Juninho! Você pode se meter em encrenca

Juninho - Eu não ligo! Eu não posso ficar aqui esperando enquanto nossa mãe está desaparecida e nosso pai pode estar mentindo de novo. - ele pega a chave da casa e Maria tenta tomar da mão dele

Maria - Você não vai a lugar nenhum, Juninho! Eu já disse que não vou deixar você se meter em encrenca. Nós precisamos encontrar uma maneira de resolver isso juntos, não sair por aí agindo impulsivamente!

Juninho - Você não pode me prender aqui, Maria! A mamãe desapareceu, e aquele bosta pode estar envolvido nisso. Eu não posso simplesmente ficar de braços cruzados!

Maria - Eu não estou tentando te prender, Juninho. Só quero que a gente pense com calma antes de agir. Se você sair por essa porta agora, vai se colocar em perigo e pode piorar a situação!

Juninho - Eu não ligo para os riscos! Eu não vou ficar esperando, enquanto a mamãe pode estar precisando da nossa ajuda!

Antes que a discussão continue, uma batida forte na porta interrompe o diálogo. Maria se assusta e fica em alerta, olhando para a porta com apreensão. Juninho rapidamente se coloca na frente dela, como forma de protegê-la.

Maria - Quem será? - da diz sussurrando - o interfone nem tocou

Juninho - Eu não sei, mas não vamos abrir. Pode ser alguém nos espionando. - ele sussurra de volta olhando para a porta

Maria - E se for nosso pai? Ou a mamãe?

Juninho - se fosse eles não iam nem bater né Maria

Eles ficam em silêncio, aguardando e ouvindo atentamente qualquer movimento do lado de fora. A tensão no ambiente é palpável, e eles se preparam para enfrentar o desconhecido.

No apertado quarto de motel, Atena finalmente começa a recobrar a consciência. Sua visão turva gradualmente se ajusta à penumbra do ambiente. Ela se sente dolorida por todo o corpo, resultado das torturas que sofreu. Ao notar a presença de Romero ao seu lado, Atena tenta se levantar, mas geme de dor e se deita novamente.

Romero - segurando sua mão com cuidado - Dorme mais um pouco ....Estou aqui

Atena - com uma expressão de aflição - Os gêmeos... Eles devem estar tão preocupados. Precisamos voltar para casa.

Romero - hesitante - Atena, não sei se é seguro. Aqueles homens... eles não vão desistir tão facilmente. Ainda mais agora que a facção ta na nossa cola, eles sabem se cuidar 

Atena - Preciso ver meus filhos, Romero. Eles não podem ficar sem saber o que aconteceu comigo.

Romero - Eu entendo, mas quero você bem e segura Atena. E se eles tentarem nos pegar novamente no caminho?

Atena - Eu não posso deixá-los preocupados, Romero. Eles precisam de mim. - A dor e a exaustão de Atena são evidentes, mas ela está determinada a enfrentar a discussão.

Romero - Eu já sei o que você vai dizer, Atena. Que eu deveria ter te protegido melhor

Atena -  Não é isso, Romero. Eu entendo que você também está sofrendo, que teve que se esconder por todos esses anos. Mas isso não te dá o direito de tomar decisões por mim, de me afastar dos meus filhos.

Romero -  Eu não queria te afastar dos gêmeos, Atena. Só quero que você fique segura 

Atena - com lágrimas nos olhos - E eu fiquei sozinha, achando que você estava morto, sem saber o que fazer, como cuidar deles. Eu me senti perdida, abandonada.

Romero - aproximando-se dela - Me perdoe, Atena. Eu sei que errei, mas não posso mais viver sem você. Eu não vou perder você novamente.

Atena - Não é tão simples, Romero. A situação está complicada. Com a facção de volta... eles não vão desistir e se eles forem atrás dos meus... nossos filhos?

Romero - Então nós vamos enfrentá-los juntos. Eu prometo que vou te proteger e proteger os nossos filhos. Não vou deixar que nada de ruim aconteça com vocês.

Atena - Eu te amo, Romero, mas precisamos ser realistas. Não sei se podemos ficar aqui. Talvez seja melhor a gente se afastar, pelo menos até tudo se acalmar.

Romero - Não, Atena. Eu não vou mais fugir. Nós vamos enfrentar isso juntos, como uma família. Sei que vai ser difícil, mas eu não vou deixar que eles nos separem novamente.

Atena - Você é teimoso, sabia? - ela diz cheirando o pescoço dele dando um sorriso - Mas... obrigada por querer ficar ao meu lado.

Romero - ele abraça ela - Eu te amo, Atena. E eu não vou deixar que nada nos afaste novamente. Vamos superar isso juntos, eu prometo.

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