show me.

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Cellbit estava obcecado.

Não, obcecado não. Ele diria que estava apenas curioso, mesmo que aquele adjetivo seja mais como um eufemismo perto do que ele realmente estava sentindo.

Ele sabia que o seu amigo, Quackity, era um híbrido de pato. Obviamente, aquele era um fato conhecido por todos naquela ilha.

No entanto, ser um híbrido de pato queria dizer que ele era híbrido de uma ave.

E as aves, têm asas.

Logo, Quackity também teria asas? Se sim, como elas eram?

E o mais importante, por que ele as escondia de todos?

Era uma pergunta muito importante para Cellbit, e que precisava ser respondida.

Mas como? Ele nunca havia visto o moreno com as suas asas em exposição, o que era normal, afinal, praticamente ninguém daquela ilha já tinham visto. E o brasileiro simplesmente não sabia como lidar com aquilo.

Qual era a melhor opção? Esperar até que eventualmente Quackity mostrasse as suas asas – mesmo que involuntariamente – pra ele? Não, ele estava muito curioso, e duvidava muito que isso fosse acontecer.

Perguntar para alguém sobre a aparência delas? Não. Definitivamente não. Pensariam que ele é um esquisito.

E por fim, talvez, pedir ao próprio Quackity que as revelasse para si?

Era a opção mais considerável na cabeça do brasileiro, no entanto, era a mais complicada, também.

Como ele faria isso? Simplesmente bateria na porta da casa do mexicano?

Ah, oi Quackity! Quanto tempo, então, eu tava aqui pensando comigo mesmo sobre todo esse lance de você ter asas e tal e queria ver elas!

Puta merda, Cellbit preferia a morte do que aquilo.

Até porque, a sua curiosidade com as asas do híbrido não vinham de algo simples e normal como um sentimento genuíno e inocente.

Ah, não.

Vinha de um dos lados mais impuros e indecentes de Cellbit.

Afinal, ele sabia que as asas de uma ave eram uma parte extremamente sensível de um híbrido de ave.

Então…

Bem.

Cellbit resolvera largar esses pensamentos de lado, ultimamente eles haviam alugado um grande espaço na sua mente. Ele precisava trabalhar para conseguir descobrir os segredos daquela ilha.

Mas como ele faria isso se a única coisa que insistia em sua mente eram perguntas extremamente obscenas?

"Que sons ele faria caso eu acariciasse as asas dele? Como ele reagiria?"

Cellbit suspirou frustrado, batendo a cabeça contra a superfície da mesa de seu escritório.

Aquele seria um longo dia para Cellbit em suas investigações.

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— Cellbit! Abra a porta! — ouviu-se uma voz animada e levemente brava gritar atrás da porta, seguida de diversas batidas contra a superfície de madeira.

— A porta está aberta. — o brasileiro respondeu, sem tirar o olhar de seus papéis.

— Abra essa merda de porta, Cellbit! — continuou batendo fortemente na porta de seu escritório.

— A porta tá aberta porra! — se estressou e gritou mais alto.

— Ah. — escutou Quackity falar por trás da porta. Logo, viu o moreno entrar extremamente eufórico.

— O que aconteceu?

— Foi você que colocou outra mina na minha casa?! — acusou o brasileiro.

Cellbit arqueou uma de suas sobrancelhas. Ele poderia até ter destruído metade da casa do mexicano e matado ele algumas vezes com as minas, mas dessa vez, ele tinha quase certeza de que não tinha nada haver com aquilo.

Quase.

Porque, bem, na verdade, se ele fosse pensar profundamente….

Talvez ele tivesse esquecido alguma mina na casa de Quackity.

Só talvez!

— Não? — respondeu enquanto pensava, inseguro sobre sua resposta.

— Mentira, mentiroso! — começou a se expressar através de movimentos rápidos e afoitos com suas mãos. — Cellbit, eu estou sem casa! Eu estava andando pela minha plantação, quando, boom! Minha casa foi inteiramente explodida! Não sobrou nada! Nada mesmo! Eu estou sem casa, por sua culpa!

Enquanto falava, Quackity estava tão absorto na situação que acabara de acontecer consigo que não percebeu o quão agitado estava, o que instintivamente, revelou suas asas que antes estavam escondidas por baixo de sua azul.

Cellbit, ao ver aquilo, arregalou os olhos ao encarar o mexicano, que ainda não havia parado de falar.

— Eu não sei o que fazer! Minha casa está em pedaços, eu não tenho um lugar pra morar e muito menos para dormir! Tudo culpa sua, por ter explodido a minha casa! — continuou, logo percebendo a expressão surpresa de Cellbit. — Você está surpreso?! Bem, é o que acontece depois que você pisa em uma mina! Ela explode você e o que tá ao seu redor, seu idiota!

Agora, as pequenas asas amarelas – que eram extremamente bonitas, na visão do brasileiro – ficavam se contorcendo de acordo com os movimentos que Quackity fazia, ainda sem perceber que o estava fazendo.

— É, Quackity… — começou, sem saber como abordar aquilo.

— O que foi?! Você me deve uma casa! E um pedido de desculpas, no mínimo!

— Suas asas…

Quackity imediatamente parou com o seu falatório, ficando estático. Retraiu suas asas, as escondendo novamente.

— É, é isso. Enfim, tenho que ir. — o mexicano começou a recuar, soando inseguro, o que não passou despercebido por Cellbit.

— Quackity? — Cellbit chamou por ele, cauteloso.

— Sim?

— Eu posso… — respirou fundo antes de continuar. — Posso ver suas asas novamente?

Quackity deu um passo para trás, como se tivesse sido queimado.

— O que você quer? Pra que? — perguntou automaticamente em modo de defesa.

— Não é nada demais, eu só achei elas muito bonitas. — assegurou, se aproximando de Quackity. — Por que você as esconde, Quack?

Quackity engoliu a seco, desviando os olhos para o chão.

— Eu não gosto delas. — mexeu os dedos ansiosamente na barra de sua camisa. — E a maioria das pessoas sempre acham estranho quando as vêem. Fazem cara feia. Veja, eu não me importo com o que os outros pensam de mim, mas vira um instinto, sabe?

Cellbit amoleceu quase que de imediato, nunca imaginaria que aqueles poderiam ser os motivos pelo qual o mexicano raramente expoeria suas asas.

— Quack. — disse calmamente, pegando uma das mãos do mexicano e levando a outra até seu rosto. — Elas são muito lindas, de verdade. Por favor, me deixe vê-las novamente?

Quackity corou fortemente em resposta ao pedido, mas assentiu, libertando-as novamente.

Cellbit assistiu com um brilho de adoração em seus olhos.

— Posso tocar? — Quackity mordeu o lábio inferior, mas logo assentiu.

O brasileiro lentamente estendeu a mão, passando ela pelas pernas amareladas que enfeitavam as pequenas asas do híbrido.

— Ah! — Quackity deixara um gemido escapar, logo tampando sua boca e arregalando os olhos, o que arrancou um sorriso malicioso do brasileiro.

Aquela seria uma longa noite para ele e Quackity.

show me your insecurities - chaosduoOnde histórias criam vida. Descubra agora