2. Conexões estravagantes

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"Não há caçada, como a caçada do homem, aqueles que são caçados não possuem armas o suficiente, e provavelmente,
nunca realmente se importou com outra coisa."
Hemingway..

*

Passei algumas semanas em contato direto com a polícia, responderam algumas perguntas e recebi mais fotos e pastas sobre os casos anteriores. Mesmo que eu já soubesse de tudo sobre o as cenas anteriores, precisava rever e analisar outra vez.

Todas estavam na mesma posição sem exceção, sem mudar um milímetro sequer. Morpho tinha perfeccionismo e fazia disso um trabalho impecável, até mesmo parecia que ele tinha fotos para poder se basear no que havia feito anteriormente.

Um celular seria óbvio e se ele fosse metódico como estava demonstrando ser, apostaria em uma câmera profissional que fizesse as impressões na hora.

Mordi o lábio tentando pensar, mas mesmo que ele tivesse seu arsenal de fotos prêmio, não havia indícios de que ele começaria a vacilar e entregar alguns de seus deslizes.

— Algum momento desses, vou acabar dando de cara com um corpo no meio da nossa sala, Maya. Que diabos de fotos são essas? — Kate resmungou incrédula, eu não podia fazer nada além de suspirar.

— Trabalho de casa. — Ri sem demonstrar alguma emoção além do meu cansaço mental e físico.

Kate era minha colega de quarto, amiga de faculdade e loura insistente. Olhar para ela me fez pensar no caso outra vez, sua aparência física chamaria a atenção de Morpho sem dúvidas e talvez fosse por isso que eu não conseguia descansar direito sabendo que havia um assassino a solta que podia levá-la.

— Ainda me pergunto porque deixou a faculdade de farmácia para se afundar em corpos tristes e machucados, como consegue dormir à noite mesmo?

— Quando foi que eu disse a você que conseguia? — Kate riu jogando em cima de mim um vestido curto e preto brilhante de um jeito exagerado.

— Prometeu sair comigo hoje. — Ela disse jogando os sapatos no meu colo antes mesmo de me deixar colocar a papelada na mesa de centro e antes que eu pudesse negar essa lembrança bêbada e espalhafatosa ela me cortou. — Não vai negar, pois foi uma promessa e você se lembra muito bem do que combinamos antes de morarmos juntas não é?

Eu respirei fundo ela abriu um sorriso brilhando contornado por lábios vermelhos.

— Jamais quebrar uma promessa. — Recitamos juntas.

Mas eu tinha trabalho demais para fazer e a cada minuto que passava, Morpho poderia estar com uma nova vítima. A beleza de Katy me lembrava disso a cada segundo.

— Eu trabalho amanhã e...

— Nosso combinado.

— Kate!

— Nosso. Combinado. — Ela suspirou se sentando ao meu lado e juntando a papelada para mim. — Você não sai mais de casa desde que entrou nessa, Maya. Precisa ver pessoas vivas e esquecer um pouco do trabalho, eu não trago o meu para casa e faço questão de deixar tudo no escritório.

Semicerrei os olhos para ela, Kate era organizadora de eventos e fazia muito bem o seu trabalho. O evento que ela trabalhava nesse momento, havia sido recebido por causa de um dos participantes de seu último trabalho. Parece que o produtor de alguém famoso ficou empolgado com suas habilidades decorativas.

— Isso porque balões e bexigas não a seguem caso acabe enchendo-as errado.

Kate bateu em meu braço tentando me repreender e eu gargalhei, pelo menos foi a primeira vez que fiz isso desde que comecei a lidar com esse caso.

(DEGUSTAÇÃO) MORPHO - O que faria se um assassino te escolhesse?Onde histórias criam vida. Descubra agora