Um último raio de Sol

Reviravoltas

Os dias eram todos iguais : entediantes. Eu olhava para o verde bem em baixo nos pés da montanha e ansiava uma brisa do cheiro das flores, do mato verde, da chuva, como costumava ser antes da guerra.

Lá em baixo vivia os inimigos, os que estão sobrevivendo as suas próprias consequências, lá havia monstros e seres magníficos, perigos e curiosidades.

Alguns escoteiros de Galekh já desceram a montanha gelada mas nunca voltaram, e nós não sabíamos se isso acontecia no trajeto perigoso no pé da montanha ou na exploração da Primavera Negra, como chamávamos, uma primavera corrompida e perigosa.

Meu pai me contou histórias sobre alguns bichos de lá, exageradamente, mas hoje eu sabia o porque nunca um galekhiano não voltava dessa viagem.

Os inimigos moravam lá com sua própria civilização e regras, chamados por nós de Caminhantes, pois eles tinham um vasto lugar verde para percorrer enquanto sua montanha os limitava um pouco mais ao leste onde a superfície seca de outono aparecia.

Nos éramos bem mais limitados que eles, mas tínhamos a vantagem de que ninguém ousava se aventurar por aqui, só o trageto até nos era árduo e perigoso, por isso, tínhamos a paz que muitos outros povos não tinham.

Mas eu, como uma garota no topo da torre mais alta acendia um desejo de vivermos todos em comunhão, juntos, enfrentando ou dançando no ritmo da natureza que corrompemos.

Mas eu era só uma garota em uma torre alta, a não ser que eu pudesse mudar... E se tivesse a oportunidade eu mudaria!

Os últimos raios de sol passou bem levemente pelo meu rosto e ali estava o meu momento preferido do dia...

Peguei um livro de história é comecei a estudar, tinha alguns Caminhantes que tinham um jeito ou algo especial e por isso houve a guerra,eles tinham uma força excepcional e diferenciada, eu ficava cada vez mais curiosa para entende-los.

Sai do parapeito da janela colocando o livro em cima, vesti minha capa vermelha e me retirei furtiva da minha torre.

Já havia se passado um mês e Jenny já havia se casado com Lorde Willians Merrow, ele era uma boa pessoa e nos tornamos bons amigos, claro que Jenny não gostava muito, porém ele se mostrava cada vez mais encantado por ela diminuindo seu medo de passar o mesmo que o pai : a infidelidade.

E eu nunca veria um homem dessa maneira, não conseguia, eu era muito independente e solta às minhas aventuras, não achava possível ter tempo ou vontade para isso com tantos planos em minha mente.

Na cidade era difícil eu não ser notada mesmo que meu intuito era passar despercebida :

- Star! - chamou uma voz

Me virei na direção já sorrindo, era Duque e sua irmã Améliany :

- Ah! - exclamo os abraçando juntos - Que saudade de vocês!

- O que aconteceu? Ficamos preocupados. - disse ela apertando meu ombro - Você está bem?

- Sim, sim, só um pouco ocupada com algumas coisas nos meus pensamentos.

- Ixi, isso é um perigo - riu Duque ajeitando sua toca.

Talvez... Ainda mais com a vontade que tem queimado dentro de mim, ver o mundo lá fora, sair daquela zona gelada que só me trazia tristeza... Claro que eu tinha amigos, era amada pelo povo, tinha meu pai, mas não era livre... Meu brilho no olhar não alcançava todos o horizonte da minha torre, eu queria mais... Queria ir além :

- Bom, foi bom ver vocês mas eu tenho que ir.

Ignorei suas perguntas e montei em um cavalo logo ali no estábulo onde eram cuidados, prontamente galopando montanha à baixo para a cidade mais próxima do pé da montanha, dali, os guardas não permitiam a passagem de ninguém por preocupações propriamente óbvias.