Expresso e Latte [BrArg Collab] feat. Zulenha ((português))

Parte II: Latte mi corazón

Era o primeiro dia de Miguel como garçom na cafeteria Coffee & cia., e embora o garoto possuísse experiência suficiente para enfrentar qualquer situação complicada ou cliente meticuloso, os nervos do primeiro dia em um trabalho novo sempre estão presentes.

Depois de receber as instruções por parte de quem seria seu novo chefe, Arthur Kirkland, Miguel conheceria durante o dia seus novos companheiros de trabalho. O primeiro foi Francisco, um amável e tranquilo jovem de vinte anos, o tipo de garçom que te serve um café com uma conversa amena, capaz de dissipar qualquer tipo de problema ou dia ruim com sua atitude serena e voz relaxante. E também tinha José Manuel, um garoto de dezoito anos, sério e muito profissional, o tipo de garçom que só se limita a perguntar o pedido, mas que te atende com suma dedicação. Diferente de Francisco, José Manuel, nem se incomodou em receber o novo garçom com cortesias.

— Você sabe o que fazer ou vamos ter que te ensinar do zero? — perguntou ele com uma cara inexpressiva.

— Vamos ver como eu me saio, talvez você aprenda alguma coisa nova hoje. — Miguel respondeu, com orgulho.

O rapaz de cabelos castanhos riu levemente do atrevimento do novato. Ninguém sabia se ele realmente tinha achado graça em sua altivez ou se sentiu-se ofendido e o cobraria depois.

— Olha a malandragem da criança. Bora, vamos ver como você faz isso.

Miguel estava pronto para retrucar, ele não foi com a cara daquele um, mas Francisco pôs a mão em seu ombro para confortá-lo.

— Calma, no fundo ele é muito amável e se tiver algum problema ele não vai hesitar em te ajudar.

— O José Manuel parece amargo, mas é muito doce, como um Caramel Latte. — acrescentou o barista.

Luciano da Silva, o barista que Arthur havia contratado no ano passado, seu meteu na conversa dos garçons. Luciano era um homem muito alegre, Miguel apenas tinha começado a conhecê-lo, mas já podia afirmar essa qualidade nele somente pela primeira impressão.

— Qual é, Luciano, para de fazer essas comparações toscas com cafés! — reclamou o aludido, que ouviu apesar de estar longe do grupo.

O resto do dia foi bastante tranquilo e o novato se sentiu muito confortável durante o expediente, até que entrou pela porta principal um homem disfarçado de incógnito: ele usava um sobretudo longo cor de creme e por baixo podia-se ver um suéter preto de gola rolê, seus olhos eram ocultados por óculos de sol e um chapéu escondia sua cabeleira loira, desmascarada por uma mecha rebelde que balançava em sua testa.

— Quem será que é esse sujeito tão "misterioso"? — perguntou Miguel, apertando um sorriso que queria escapar, pensando que talvez ele fizesse parte de algum grupo de performance de rua ou experimento social.

— Ele? É o Martín, o barista da outra cafeteria da esquina. — Francisco respondeu com naturalidade.

— Com certeza ele veio espionar o novo menu. — acrescentou José Manuel.

— E vocês deixam que a concorrência faça isso?

— Sim. É tão divertido, faz o nosso dia. — sorriu Francisco.

— Anda, novato, atende ele você. Que palhaçada esse loiro de farmácia vai aprontar desta vez? — se perguntou José Manuel, lhe entregando o cardápio.

— Boa tarde, senhor. O que deseja pedir? — perguntou Miguel ao estranho.

— Eu quero um cheesecake de frutas vermelhas e um... — o cliente se deteve de repente e, como se tivesse sido ofendido de alguma forma, conteve sua ira murmurando o nome do café. — Lucky Connor Carajillo, por favor.