Oneshot

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Mais um relâmpago. Mais um trovão. E a chuva continua caindo lá fora.

Desde quando a Mãe Natureza nos odeia tanto assim? Só porque eu e o marimo finalmente nos entendemos, ela quer acabar com a diversão. Incrível como o universo me ama!

(Sinta a ironia)

...

Depois de quatro dias sem conversarmos direito por causa da época de chuvas, mais uma vez nos encontramos, no mesmo local e no mesmo horário. Nunca combinamos nada. Apenas saí uma vez do meu quarto no meio da noite para ir ao banheiro, quando me perdi nos imensos corredores do colégio e o encontrei no jardim, olhando para o céu, apoiado na enorme árvore que o jardim possui. Lembro que conversamos um pouco naquela noite e depois ele me ajudou a voltar para o dormitório.

É fato de que nunca nos demos bem, mas depois daquilo as coisas suavizaram e, meia volta e meia, o encontrava no jardim a noite. Parece que ele tem um colega de quarto que faz muito barulho quando dorme e, por isso, Zoro dorme lá fora.

Mas hoje, alguma coisa parecia diferente... Ele tinha trazido uma mochila consigo. Primeira vez em meses que ele traz alguma coisa. Geralmente sou eu que trago coisas: lanches, livros, bebidas...

E, novamente, o céu fechou... Já estava preparado para buscar o meu guarda-chuva que eu tinha esquecido (de novo!) quando ele tirou um da mochila.

— O que é isso?

— Vem cá. — Me aproximei dele, indo para debaixo do guarda-chuva que era enorme. — Achei que fosse mais inteligente, ero-cook. Isso é um guarda-chuva. — Ele me deu o guarda-chuva e tirou da mochila um cobertor. — E isso é um cobertor. Mais alguma dúvida, meu caro cozinheiro?

Eu revirei os olhos enquanto ele enrolava a gente no cobertor.

— Eu sei o que são essas coisas, eu quis dizer o que é essa situação, marimo idiota?

Ele deu de ombros.

— Você sempre foge quando chove. Hoje vim prevenido, só isso. Trouxe até umas batatinhas pra gente, come se você quiser.

— E desde quando você gosta tanto assim da minha presença?

— Desde que eu amo você, sobrancelha enrolada.

Agora eu quase caí para trás. COMO ASSIM ELE ME AMA??? DESDE QUANDO??? COMO???

Calma, Sanji. Respira. Você não é assim.

MAS COMO ASSIM ELE ME AMA????????

Ok.

Beleza.

Entendi.

(Eu acho)

— Calma, ero-cook. Não infarta ainda que eu nem fiz nada demais.

— Eu estou calmo.

Ele arqueou a sobrancelha. — Sério? Não parece.

— Deixa de besteira e explica isso direito.

Ele cruzou os braços enquanto fazia biquinho. Ele parece tão fofo.

O QUÊ?

Fofo? Não, né. Para, Sanji. Você não é gay. SE CONCENTRA.

— O que foi agora? Desembucha.

Ele está desviando o olhar, claramente tá desconcertado...

— Zoro, o que exatamente fez você gostar de mim?

Sem resposta.

— Fala, marimo idiota.

De novo, sem resposta.

— Se você responder todas as minhas perguntas direitinho, eu te dou uma recompensa.

AGORA ele olhou pra mim.

Interesseiro.

— Seu corpo...

Arqueei a sobrancelha e dei o guarda-chuva para ele, o meu braço já está começando a doer.

— O que tem meu corpo?

— Eu quero o seu corpo como recompensa.

O QUÊ?

— Eeeepa, peraí. Como assim você quer meu corpo? Perdeu um parafuso por causa da chuva, foi?

Ele me encarou confuso e, rapidamente, arregalou os olhos.

— A, não. Pera. Não assim. Eu quero você, tipo, namorar e tal. — Ele parecia desesperado e ofendido ao mesmo tempo. Ha. Gracinha. — Eu não sou assim, também. Eu quero ir com calma.

— Tá bom, tá bom. Depois a gente fala mais disso. Agora eu quero entender como a vossa majestade gosta de um reles plebeu. Anda, desembucha.

— Bem, — Ele desviou os olhos e coçou a nuca. — nem eu sei bem quando isso começou... Mas acho que ficou mais forte quando a gente se encontrou aqui e piorou quando você começou a vir frequentemente nesse lugar a noite só para conversar comigo... Eu já tava derrotado e aí, quando achei que não podia ficar pior, eu descobri que não tinha chegado nem no fundo do poço quando você trouxe saquê... — Ele estava corado agora. Vontade de apertar aquelas bochechas redondinhas dele. He he. É, parece que ele não é o único apaixonado aqui... — Eu até pensei em contar antes, mas você sempre falava da Robin e da Nami e de como é apaixonad...

Sem pensar eu selo nossos lábios em um selinho, o suficiente para calar o tagarela do meu lado. E pensar que ele nunca foi de falar muito, a não ser que seja comigo.

Quando nos separamos, ele está mais vermelho que antes.

Fofo.

— Já entendi, não precisa falar das vezes que eu fui um idiota perto de você. Já saquei a ideia, tá ok?

Agora é ele que parece que entrou em parafuso.

Fofo.

— O que foi isso?

— Vem cá. — Ele se aproximou de mim e segurei o seu rosto em minhas mãos. — Achei que fosse mais inteligente, marimo. Isso é um selinho. — O puxei para mais um beijo. Dessa vez, me arrisco em colocar a língua em jogo. Quando nos separamos, sorrio. — E isso é um beijo de língua. Mais alguma dúvida, meu caro marimo?

— Sim, — Arqueio a sobrancelha. — quer casar comigo?

Dou um sorriso enquanto desvio os olhos dele e percebo que parou de chover. Me levanto, limpo as minhas roupas e, então, estendo a mão para o marimo que está guardando as coisas, meio cabisbaixo por, talvez, pensar que eu não o leve tão a sério assim.

— Eu acho que ainda é meio cedo pra isso, não acha? Que tal começarmos com você dormindo no meu dormitório hoje?

Ele olha para mim e vejo um brilho incomum refletido em seus olhos. Digamos que não desgostei do que vi, porque parece de verdade.

— Deixa eu adivinhar... Quando eu dormir, vai me matar e esconder o meu corpo?

Nunca sorri tanto na vida.

— Bom, já que você descobriu, vou ter que mudar os meus planos. — Dou de ombros e começamos a andar em direção aos dormitórios. — Acho que posso só aceitar o seu amor e dizer que eu também te amo.

Ele para no lugar enquanto eu continuo, rindo. Quando ele, finalmente, pareceu ter processado a informação, escuto ele correndo para me alcançar.

— Isso é sério? Tipo, você sabe que não precisa fazer isso... Ser só seu amigo já estava bom e...

— Sim, Roronoa. Eu retribuo os seus sentimentos. Agora, cala a boca ou você vai acordar metade do prédio assim.

Eu ouvi uma risada, não sei dizer se foi isso, já que aqui não há claridade o suficiente. Mas depois disso, ele resolve ficar em silêncio.

Olhando para a sombra que Zoro se tornou por conta da escuridão, coloco meus pensamentos em ordem, agradecendo ao universo por antes e por ter ficado debaixo da chuva.

Debaixo da chuvaOnde histórias criam vida. Descubra agora