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Tóquio, Japão
2019

– Ela está cada vez mais parecida com ele! - Nobara comentou segurando minha filha em seus braços.

– Tsc, eu sei ok? - revirei os olhos. – Os olhos são idênticos... - murmurei, minha voz saiu levemente triste.

– Anastasia... Ana, vai fazer três anos... Ele não vai voltar mais. - Yuji se pronunciou. – Você tentou, isso que importa! - ele disse otimista enquanto brincava com a pequena mão de minha filha.

Naomi, esse é o nome da criança nos braços de Nobara, Suguru Geto, esse é o nome do genitor dela. Conheci Geto há cinco anos atrás, quando estava cursando meu primeiro ano da faculdade, eu tinha 21 anos. Suguru estava em seu penúltimo ano, eu era recém chegada no Japão, vindo da América Latina atraia bastante olhares julgadores, principalmente por conta da minha cor de pele. Suguru e eu nos conhecemos na praia, eu estava visitando pontos turísticos quando ele trombou comigo.

Ele sempre deixou claro seu jeito de agir e no começo eu não me incomodava. Suguru sempre fazia questão de falar que não era homem de ter relacionamentos ou coisas assim, sempre deixando claro que era apenas uma transa. Nós ficávamos então logo depois ele sumia por dias, semanas às vezes meses e voltava depois como se nada tivesse acontecido. Até aquele dia, era meu aniversário de 22 anos, ia fazer quase dois anos em que mudei-me para o Japão, fiz uma pequena festa apenas com amigos próximos e claro, ele veio. Ele chegou tarde naquela noite, cheirava a cigarros de menta e álcool, ficamos, Suguru não parou de falar uma noite de quanto me "amava". Na manhã seguinte ele já não estava mais lá, vai fazer três anos.

Eu o procurei por semanas, tentei falar com parentes, amigos, todos que ele conhecia mas era como se ele tivesse sumido do mapa, então eu descobri minha gravidez, eu estava destruída. Prometi não amá-lo e não cumpri com isso, carreguei uma criança com o sangue dele e ele nem mesmo sabia disso, passou um tempo até que eu melhorasse o suficiente para voltar a assistir aulas... Eu nunca esqueci seu rosto, mesmo que eu quisesse eu não conseguiria.

Minha filha hoje é minha vida, é por ela que eu vivo e por mais que eu o ame, eu nunca irei perdoá-lo. Ela está com quase três anos e é o meu orgulho.

– Ei! - Megumi estava em minha frente estalando seus dedos para que eu voltasse do "transe". – Tem alguém batendo. - ele disse.

– E por que você não foi atender seu idiota? - perguntei jogando um travesseiro em seu rosto.

– Porque a casa não é minha né? - Megumi falou como se fosse óbvio fazendo uma engraçada. – Agora vá atender, anda vai! - falou abanando sua mão em direção a porta. Eu apenas revirei os olhos e me dirigi até a porta.

– Idiota. - murmurei baixinho antes de abrir, meu rosto congelou quando olhei quem estava lá. – O que faz aqui? - meu coração estava batendo mais rápido que o normal e minha voz saiu mais áspera. Ele olhou-me de cima a baixo.

– Quem está aí? Por que está demorando tanto? - Nobara veio até mim com Naomi em suas mãos, logo se tocando quem estava ali eu fui rápida me por para fora e encostar a porta para que ninguém ali o visse.

– Não é nada, vou fechar a porta. - eu disse, minha voz saindo mais fria que o normal. – Leva a Naomi para o quarto, hm? - pedi, finalmente vendo-a concordar e entrar para dentro. – Que porra você faz aqui? - perguntei brava.

– Vim ver você. - ele parecia calmo, e isso me irrita.

– Você só pode está de brincadeira com minha cara, não é? - falei, soltando uma risada irónica logo em seguida. – Pensa que é assim? Você some por quase três anos e quer voltar como se nada tivesse acontecido? - esbravejei, eu poderia mata-lo ali mesmo.

DARK PARADISE, Suguru GetoOnde histórias criam vida. Descubra agora