Um Fantasma de Uma Rosa Branca

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❀ Leiam enquanto escutam a música da mídia, por favor, se não aparecer, o nome é "Ghost of a rose - Blackmore's Night".

***

A vossa história começa em um reino abençoado pela luz da lua: Neoma.

Era uma noite em que a lua se escondia entre as nuvens que devoravam seu brilho como um urso faminto. Era outono e a chuva batia suavemente contra o vidro, só se ouvia o solitário canto dos grilos lá fora.
O castelo, majestoso e imponente, parecia estar adormecido. O silêncio que pairava sobre as paredes de pedra e as sombras que dançavam em volta do fogo que ardia na lareira criavam uma atmosfera misteriosa e hipnotizante. Os olhos cor de mel circulavam pelo quarto, pareciam perdidos nos seus pensamentos. O príncipe Alexander, sentado e apoiando-se na cabeceira da cama, como futuro rei de Neoma, já desejava ter encontrado a pessoa certa para comandar ao seu lado, mas parece que todo mundo se resumia a bailes, eventos e fazer bebês.

Não conseguia pregar os olhos então decidiu ter um de suas habituais caminhadas noturnas, geralmente funcionavam. Quando sua pele entrou em contato com o chão calorento de madeira sentiu um arrepio percorrer seu corpo.
Começou a caminhar pelos corredores escuros do castelo segurando uma vela para iluminar o caminho.

Enquanto olhava por uma de suas grandes janelas, avistou o que parecia ser uma mulher no jardim do castelo, mas algo estava errado, a lua iluminava seu rosto com um ar fantasmagórico e segurava uma rosa branca entre os dedos, e aliás, o que ela estaria fazendo debaixo da chuva completamente sozinha? Ele estava totalmente intrigado, não poderia deixar uma bela dama na chuva.

Desceu rapidamente as escadas que davam acesso ao jardim, mas não foi fácil, teve de subornar os guardas para conseguir passar. Quando seus pés descalços tocaram a grama molhada, outro arrepio percorreu seu corpo, mas dessa vez, não foi por causa da grama, foi por causa da mulher, seus olhos aterrissaram nela. Estava de costas para ele apreciando as tulipas, parecia nem se importar com a chuva. Ela era ruiva e parecia ser uma pirata, mas piratas eram só histórias há muito tempo. Seu cabelo ia até os ombros e estava solto com pequenas tranças na parte da frente, usava uma blusa com golas e mangas compridas com uma calça preta, tinha botas pretas e parecia ser a comandante da suposta tripulação.

— Com licença, a senhorita está bem? — Deu um passo na direção dela usando o seu braço para se proteger da chuva.

— Vossa alteza não deveria estar na cama? É perigoso aqui fora a essas horas. — A voz dela era firme, mas tinha um ar gentil. Se virou para encarar o príncipe e seus olhos eram do doce preferido do nosso protagonista: chocolate.

— Se é perigoso para mim, deve ser perigoso para você. — Ele disse procurando um abrigo com os olhos.

— A vossa alteza tem um bom ponto. Vamos procurar um lugar para nos protegermos da chuva. — Ele balançou a cabeça afirmativamente, mas sentiu como se ela se tivesse referido apenas à ele.

Eles adentram o jardim cada vez mais até que acham uma cobertura que pode servir por algumas horas.

— Então, o que uma bela dama estaria fazendo aqui debaixo da chuva sozinha? — Ele diz em uma reverência.

— Agora já não estou debaixo da chuva nem sozinha, vossa alteza. — Ela diz esboçando um sorriso nos seus lábios avermelhados.

— Por favor, pode me chamar de Alex. Posso perguntar quem é você?

— Apenas uma simples viajante, Alex, decidi dar um rápido passeio por essas terras antes de seguir viagem. — Ela diz admirando e girando a rosa com os dedos.

— E posso saber o seu nome?

— Me chamo Athena. — Ela diz seguida de uma pequena reverência. — Muito prazer.

Pelo visual, aparentava ter apenas 20 anos, era alta, da mesma altura que nosso príncipe.

— Muito prazer, Athena. — Ele diz pegando gentilmente sua mão, ou ele pelo menos tentou. — Eu não entendo. —Ele diz com uma expressão de dúvida.

— Você não precisa entender, Alex. — Ela diz recolhendo sua mão com um ar sério de decepção. — Mas então, o que o senhor está fazendo fora da cama?

— Pensei demais e não consegui dormir, decidi caminhar pelo castelo como sempre faço, até que te vi aqui fora, na chuva, sem estar acompanhada.

— Sabe... Quando me sinto cansada ou confusa, eu saio para apreciar as flores, elas sempre parecem que tem algo a me dizer. — Ela diz com um ar sereno.

Alexander olha para Athena confuso, sem saber no que acreditar. — Flores falam?

Athena riu. — Ela nunca falaram convosco?

— Não que eu me lembre, pode me mostrar? — Alex pediu.

— Claro, apenas me siga. — Ela diz indo em direção às plumérias. — Aqui, essas são as que têm o som mais ameno.

Nosso príncipe se aproxima, mas não é possível escutar nada.

— Não ouço nada, acho que elas nunca quiseram falar comigo. — Alexander diz pensando que ela estava à mentir.

— Chegue mais perto, elas não são capazes de falar tão alto assim. — Ela diz esboçando um sorriso brincalhão.

Alex chega seu rosto mais perto, até que ele começa a ouvir um som que ele nunca ouvira antes, pareciam sininhos mas que se você prestasse atenção, formavam palavras.

— Eu nunca ouvi nada assim, como eu nunca percebi?

— As pessoas andam ocupadas demais com banalidades e não prestam atenção em pequenas coisas da vida. — Ela diz com um certo ódio na voz. — Por que não vamos seguindo por esse caminho até chegar nas rosas brancas? Elas têm o meu som favorito. Vamos aproveitar que a chuva cessou.

— Vamos. Você parece conhecer melhor o meu jardim do que eu mesmo.

— Eu explorei um pouco antes do senhor chegar.  — Ela diz com um nervosismo na voz.

Eles seguem até às rosas brancas em uma conversa agradável.

— Essas são as que tem meu som favorito.

— É justificável, você é tão adorável quanto elas.

Athena desvia o rosto, mas de relance é possível ver suas maçãs do rosto avermelhadas, ela volta a olhar para o príncipe colocando uma mecha de cabelo atrás da orelha.

— Me prometa uma coisa, sempre que você ver uma rosa branca, vai lembrar de mim?

— Eu prometo. — Eles se entre olham com um olhar apaixonado, tão próximos que podem sentir a respiração um do outro, quer dizer, só a de Alex.

— Vossa alteza! Onde você está? — Uma voz vinda da direção do castelo faz Alex virar na direção dela.

— Nunca é um adeus… — Athena diz, mas quando Alex se virou, só viu uma rosa branca, mas ela era diferente, parecia mais brilhante e vivaz que as outras e nem fogo poderia matá-la, semelhante a que Athena estava segurando, ele se virou para a criada que surgiu ofegante por trás dele e disse:

— Vossa alteza! Estão todos te procurando! O que está fazendo aqui a essas horas? Não devia estar na cama?

— Não se preocupe, estava ouvindo o som de uma rosa branca.

***

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