Pode dar gatilho em pessoas com sensibilidade a sangue.
Capítulo único
Ramiro estava sentado, na pausa de almoço, sentado na parte de trás de sua caminhonete, seus olhos estavam cheios de lágrimas, estava com ódio, ódio de si mesmo, ódio de tudo e todos, menos dele, da vítima, Kelvin. Deixando algumas lágrimas caírem, Ramiro escreve uma carta para o ruivo.
"Kevin, desculpa eu"
— BURRO, SABE NEM DIZER A VERDADE
Bate algumas vezes na própria cabeça, chorando em desespero agora, havia feito a maior merda de sua vida. Ainda podia sentir o sangue dele em suas mãos, o que o desesperava mais, e mais, até ele abraçar as próprias pernas, parecendo uma criança quando chora.
Flashback on
Ramiro estava no escritório do patrão, os dois discutiam sobre as distrações do próprio Ramiro no trabalho, o qual sempre fugia para ficar com o Kelvin.
— Eu já disse procê, patrão, eu sou macho!
— Se fosse tão macho quanto diz que é, não ficaria fugindo do próprio trabalho para ficar indo atrás daquela bichinha do bar da cândida!
— Quer que eu prove como que eu sou macho?
— Mata ele!
— Que!?
— MATA ELE!! Não é um pedido, é uma ordem!
— Mai por quê?...
— Ué… Você não é macho? Prove!
Ramiro se sentiu fraco diante das palavras do chefe, se afastou da mesa, com o olhar de cachorro abandonado que sempre tinha quando levava bronca do mais velho.
Ao sair da sala se depara com Caio, que o olha preocupado, pergunta o que aconteceu, mas Ramiro ao invés de responder algo coerente, responde o nome do amado, como se o chamasse, como se chamasse Kelvin, ou estivesse pedindo para ele se afastar, fugir para sempre, e nunca mais olhar em seu rosto.
Em passos lentos, entra na caminhonete, fica olhando para o nada por um tempo, pensando, com um olhar vazio, e quando acordou do transe, a caminhonete se encontrava estacionada na vaga de sempre, na vaga ao lado do bar. E quando olhou para o lado, viu ele, aquele cujo costumava apertar a cintura, se aproximando alegremente, quase desfilando no andar. O barbudo sente o coração bater mais forte, não sabia se era paixão ou desespero, Ramiro olha para Kelvin através do vidro, desejando que aquilo tudo fosse apenas um sonho. Saiu do carro lentamente, ainda processava tudo que estava prestes a fazer.
— Oi Sumido.
— Oi… Kevin, 'ocê pode 'vim aqui comigo?
Disse apontando para o mato, na verdade, na direção do rio, daquele mesmo rio.
— Ah… Posso sim…
E lá eles foram andando em direção ao rio. Ramiro sentia a lâmina da faca prensando em sua calça a cada passo dado com a perna direita.
Ao chegar no local, o mais novo pergunta:
— O que você quer fazer aqui? Não vai me afogar de novo, né?
— Não…
Ramiro abraça Kelvin, um abraço aparentemente inocente, mas assim que retribuído, lágrimas insistem em sair de seus olhos, assim começando a chorar como uma criança. Ramiro retira a faca de seu bolso, a levanta e a crava nas costas de Kelvin, enquanto o mesmo tentava entender o que se passava com o mais velho. O corpo fraco e agora sangrando do mais jovem fraqueja, assim começando a cair sobre os braços do mais velho, que chorava mais, e mais.
— R-Ramiro… Por quê eu?...
Essas foram as últimas palavras do ruivo para Ramiro, que só conseguia repetir as palavras "me desculpa", Kelvin desmaia pelo sangramento, o que faz Ramiro deixar o local. Por algum milagre o corpo de Kelvin é encontrado por alguém, e ele é salvo por pouco.
Flashback off
Agora, três dias depois desse trauma, Ramiro tentava escrever uma carta para Kelvin, tentava expressar seus sentimentos, porém era quase que impossível, como se expressa algo que você não sabe nem controlar e nem sentir direito?
Observa as luzes da cidade na distância, o anoitecer caia, e Caio se aproximava aos poucos.
— O que aconteceu, Ramiro?
— Eu estraguei a vida do Kelvin e a minha também pra provar algo que eu nem sei se eu sou.
— … Eu sou lerdo, me explica direito isso aí.
— Seu pai duvidou da minha macheza, daí pra provar ele mandou eu matar o Kelvin, e eu tentei matar ele, e agora ele tá lá no hospital e eu tô aqui sofrendo que nem um condenado porque eu amo esse homem e não consigo ficar longe dele.
Caio olha em choque para o amigo e apenas o abraça.
— Eu sinto muito… Meu pai é…
— Horrível…
— Não esquece que ele é meu pai.
— Desculpa.
— Pode xingar mais.
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Me Desculpa
RandomA história contém sangue e violência, então se tem gatilho por favor não leia. Onde Ramiro teve uma discussão com o patrão Antônio La selva e acaba por receber uma ordem que não gostaria de receber nem em seus piores pesadelos.