FORA DA LEI | DEGUSTAÇÃO.

CAPÍTULO 02

Micael Borges.

Um playboy do asfalto que tinha tudo o que queria era como todos me viam, segundo as pessoas meu redor, eu deveria honrar o sobrenome que eu carregava, mas eu sempre soube que aquilo ali não era pra mim.

Cansado de tudo e de ser pressionado por todos, eu aproveitei que meu pai estava pouco se fudendo para a minha existência e resolvi começar a minha vida em outro lugar. A ideia de poder viver como eu queria e sem ninguém pra me dizer o que fazer era perfeita.

Economizei por alguns meses todo o dinheiro que meu pai me dava apesar de não precisar de muito e como sempre, ninguém nem percebeu cada passo planejado que eu dei antes mesmo de sair dali.

Eu costumava frequentar algumas festas e baladas, mas tudo mudou quando me levaram pra conhecer os bailes do Rio de Janeiro. Comecei indo pra Nova Holanda e quando eu vi já estava sendo conhecido pelos vapores da Rocinha.

Tudo aquilo me encantava, a favela parecia ter vida própria.

Comecei a me interessar por tudo aquilo e antes mesmo que eu pudesse perceber, já estava envolvido. Depois de fazer amizade com o dono da Rocinha foi questão de semanas até que eu começasse a morar lá, comecei como usuário, fui pra vapor, gerente e todos começaram a ver o meu potencial.

Não era pelo dinheiro, era pela adrenalina, pela sensação de liberdade, ali ninguém sabia que eu era de verdade, na real, eu não era mais aquele cara.

Passei a ser conhecido como Borges, Bg para os mais chegados. Fui me envolvendo e tomando conhecimento de tudo ali, com pouco tempo eu me tornei braço direito do Muralha, dono da Rocinha. Depois de algumas missões bem sucedidas e uma boa fama no comando vermelho, não demorou muito pra um dos caras deles vacilar e eu assumir a frente do Vidigal.

Eu nunca me imaginaria naquela posição, mas caralho que sensação incrível.

Aquele baile era pra ter sido só mais uma aventura, mas esse bagulho de colocar pistola na cintura vicia. Quem entra, não quer sair.

Algum tempo depois eu recebi a notícia de que meu pai tinha morrido, pra falar a verdade eu nem lembrava das pessoas que tinham ficado pra trás junto com a vida que eu abandonei.

Não podia arriscar aparecer no enterro, era muito perigoso, quando isso aconteceu eu já carregava sei lá quantos crimes nas costas. Se a polícia me pegasse ali eu estaria morto. Aquele foi o único dia que eu me arrependi de ter abandonado tudo, o dia que eu vi o meu irmão chorando sem ninguém do lado pela morte de um pai que nunca foi presente, mas que era a única família que nos tínhamos. Me arrependi de não ter trago ele junto comigo.

Eu jamais poderia imaginar aonde eu iria parar.

Uma semana depois quando eu vi que iriam ler o testamento eu fiz questão de aparecer, eu não ia deixar passar batido toda a fortuna que aquele homem poderia ter deixado pra gente.

Quando vi o Marlon ali foi como voltar no tempo e pra ele...certamente se viu diante de um pesadelo pela forma que nossos olhares se cruzaram, dava pra ver de longe o ódio no seu olhar.

Ali eu me vi de frente pra maior oportunidade da minha vida, eu poderia expandir os negócios, exportar narcóticos e armamentos, seria uma tacada de mestre. Mas eu pude ver a ambição nos olhos dele quando a advogada falou sobre a empresa, ele me ofereceu praticamente tudo para que eu ficasse longe dali e foi ai que eu vi que o homem que estava na minha frente não era mais o bobão que chorava quando eu batia nele.

Eu aceitei a proposta, seria extremamente perfeito que não tivesse nada no meu nome e eu teria tempo pra pensar calmamente em como daria cada passo certeiro usando aquela empresa como fachada. Naquele dia, eu comecei a construção do meu império.
***

Levaram 3 anos até que eu pudesse colocar a minha ideia em prática com cada detalhe sendo executado com extremo cuidado. Desde então eu uso a empresa aérea da família pra exportar drogas e armas sem que ninguém percebesse.

Óbvio que foi extremamente trabalhoso e difícil, mas com o meu dinheiro e um sobrenome, nada é impossível. Eles nunca vão descobrir e se descobrirem, jamais vão saber que aquilo tem haver comigo, era uma tacada de mestre.

Depois disso os meus negócios só melhoraram, eu era como um rei naquele lugar, até que tentaram me passar pra trás.