CULPA DA MEMÓRIA

capítulo 01

     
          Tenho oito anos. É! sou uma criança. Meus tios são minha base. Foi com eles que saí do orfanato. A dona do orfanato é uma pessoa ruim,ela queria que fossemos escravas dela,em excessão de júnior,que era o preferido dela.

Tia Deborah: Venha comer minha kass____ tia Deborah me chama,na porta do quarto.

Saio do quarto indo até a pequena cozinha.

Tio Alceu: Kass? Temos uma coisa pra falar com você____ sou uma criança mas sei quando vem coisa ruim.

Tia Deborah: Kass? Amamos você, você é uma criança incrível, queríamos ser eternos,mas não podemos.  Por isso temos que ter essa conversa com você.

Tio Alceu: Quando fomos no orfanato,a gente não te contou,que sua guarda era temporária. Não podemos adotar você,somos velhos.

Meus olhinhos, escorriam lágrimas,meu coraçãozinho estava apertado.

Tia Deborah: Você pode ficar com a gente só até ano quem vem, depois você tem que voltar para o orfanato. Nós sentimos muito por isso kass_____ palavras não saiam da minha boca, estava tudo estampado na minha face o quanto eu estava sofrendo.

Para o orfanato eu não volto.

    Depois da noite cair,espero meus tios se deitarem. Escrevo uma cartinha com uns coraçõezinhos. Dizendo o quanto eu gostei de morar com eles. Meus tios tomam remédio então foi mais fácil de sair sem ser percebida.....

                       9 anos depois.....

          Depois que fugi,eu nunca tive um motivo pra ser toda sorridente,de doar sorrisos. E também nem tenho vontade. Meu nome é Kássia,mas eu gosto muito do apelido kass,tenho dezoito anos. Não tenho ninguém na vida. Sou apenas uma moradora de rua. Vivo em uma vida limitada. Tudo é limitado. A única coisa que não tem limite é a fome.

Eu sou uma mendiga,digamos que "inteligente",eu sei ler,fazer contas e falar corretamente,ou tento as vezes.

  Se tem uma coisa que odeio é quando colocam todos esses papéis dentro da marmita mal acabada . Procurar comida no lixo não é fácil,mas ter que procurar sem papel é mais difícil ainda. Mas quem somos nós mendigos pra escolher? Escolhe e fica com fome.

       Agora estou a procura de comida atrás do restaurante,Vejo o machinho do Cozinheiro sair com os tomate do dia anterior. São tomates metade podre e metade boa . Pego os bons e já volto pro meu canto,antes que alguém chegue pra tomar.

Não dou ideia pra ninguém,não tiro minha máscara,pra não mostrar minha cara.

Sou baixa,meu cabelo já bate pra baixo da bunda,não dá pra cortar aqui. Tenho olhos marrons,sou bem magra porque lógico moro na rua.

Me assusto quando Romeu chama minha atenção. Romeu é um mendigo que peguei "amizade".

Romeu: Ou gata! Qual a boa hoje?

Kass: Melhor você ficar longe de mim,se não quiser ter uma orelha arrancada. ____ Romeu é o mais trombadinha daqui,de quando ele chegou nunca abaixei a cabeça pra ele,nem pra ninguém.

Romeu: Calma aí mendingata. Tô só falando. Aê quando nois vai poder ver seu rosto mesmo?

Kass: Não tem "nois" é nós,e não vão ver meu rosto.___ tenho um grande medo de mostrar meu rosto. Logo quando cheguei nas ruas,alguns velhos me chamava de lindinha e falavam que com minha cara eu poderia ganhar muito dinheiro,fiquei com medo de ser estrupada e cobri meu rosto com uma máscara preta,daquelas de se proteger de vírus.

Depois de um tempo, descobri que isso não atrapalharia se eles quisessem me violentar. Mas já era tarde não conseguia mais tirar,me acostumei em usar.

Kass: Achei mais livros,posso ajudar vocês a estudar.

Romeu: já esqueceu que não existe nois?___  fala e sai rindo.

Resolvo procurar a janta,já que tá ficando tarde.

De longe vejo dois caras de preto brigando,não me importo e  continuo a procurar minha comida. Do nada  olho novamente e  um dos caras está no chão,todo ensanguentado,eu nem ouvi Tiro,oque será que ele fez pra sair abafado?

Kass: Meu Deus.___  Coloco a mão na boca assustada. Me arrependo de abrir a boca assim que o cara aponta a arma pra mim.

Xxxx: Não se mova mendiga,ou vou estourar sua cabeça.___ com minha respiração ofegante e olhos estalados olho para o homem que caminha até mim.

Sou apenas uma moradora de rua,como todos os outros. Uma hora você tem sorte,outra hora nem tanto. Nunca pensei que fosse presenciar um assassinato,bem atrás do restaurante.

Sempre fui cuidadosa e durona,mas agora tem uma arma apontada pra minha cabeça. Em minha mente passa um filme do que eu queria ter vivido. Eu queria uma casa,queria tomar banho todas os dias, pentear meu cabelo,queria uma cama pra dormir,queria ter meu sossego. Queria até um marido. Alguém pra eu amar. Queria me aprofundar nos estudos.  Aprender mais coisas além dos livros que eu leio. Mas não. Eu estou no lugar errado e na hora errada.

Se pelo menos meus tios fossem mais novos,hoje estariam vivos  e comigo. Sinto uma dor enorme ao lembrar do dia que fui até a rua ver como eles estavam e saber que tinham morrido,eles foram os melhores,mas eu não podia arriscar de ir para o  orfanato.

Xxxxx: Acho que você ouviu muito mendiga.

Kass: Eu juro que não vou contar nada pra ninguém,só me deixa ir,sou só uma moradora de rua,não tenho nada nem família,não poderia fazer nada contra você.

Ele me analisa dos pés a cabeça. Eu já vi esses olhares outras vezes. E todas elas eu fui grossa o bastante pra afastar. Mas como eu disse,tem uma arma bem na minha cabeça.

Engulo em seco,quando o homem passa o dedo atrás da minha orelha e tira a máscara.

Xxxx: Qual seu nome?

Kass: Kássia,me chamo Kássia.

Xxxx: Você é bem bonitinha Kássia,oque faz na rua?

Káss: Eu vivo na rua desde meus oito anos, ninguém mora na rua por querer.____ Kass caralho,cala a boca.  O cara coça os olhos e sorri.

Xxxx: Não sei oque faço com você____ sinto um arrepio de medo,quando ele passa o cano em meu queixo e vai para minha orelha e depois pescoço.

Kass: me deixa ir senhor.

Xxxxx: Não posso,mas vou te ajudar____ sinto só a pancada da arma em minha cabeça. O sangue escorre por minha boca. Começo a ficar lenta e apago....

........ Cont......

Oi!  Comecei uma história aqui mores,não é minha primeira vez aqui. Tenho outras histórias, retirei algumas para revisar.

Espero que gostem.

Boa leitura.