Edgard

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Nós descemos as escadas e estávamos andando pela calçada do prédio administrativo, quando ouvi uma voz familiar chamar meu nome:

— Sarif. — Era Edgard, o professor que havia me visto antes. Ele estava há alguns metros de distância de nós, e falou: — Na minha sala. Agora.

Nossos olhos se encontraram e eu sabia que ele estava falando sério. Edgard estava com uns papéis na mão, conversando com algumas pessoas. Assim que disse isso para mim, voltou à conversa, enquanto eu me despedia daquele casal inusitado.

— Pessoal, o sorvete vai ter que ficar para outra outra — falei — vejo vocês depois!

Kauã assentiu, acenando um tchau. Deb parecia um pouco chateada, mas concordou. Virei as costas e os dois seguiram o caminho deles.

Caminhei sozinha pelo prédio administrativo até a sala em que havia o nome do professor Edgard na porta. Enquanto andava, eu já podia me imaginar trabalhando num emprego comum, depois ser expulsa por ser pega fazendo sexo na sala de aula. Esses pensamentos me deixavam nervosa. Embora não pudesse provar, é claro que as pessoas acreditariam no Edgard, ele é o chefe departamental, era o que dizia na porta, e não teria motivos para mentir. Provavelmente, todo mundo sabe do meu histórico. De qualquer forma, já estava feito. Eu não desistiria sem tentar, e poderia implorar se ele quisesse. Já estava aqui. Não tinha mais volta.

A sala não tinha ninguém, e era bem espaçosa, com uma mesa de reuniões no centro e meia dúzia de cadeiras pretas. Duas estantes cheias de livros ocupavam paredes paralelas e, ao fundo, uma grande mesa cheia de documentos, canetas e outros materiais. Atrás dela, uma cadeira que parecia confortável onde imagino que Edgard passe boa parte do dia. As persianas ficavam no fundo, atrás da mesa, para dar mais iluminação, mas estavam semicerradas no momento, deixando a sala em uma leve penumbra que tornava impossível para quem está do lado de fora enxergar por dentro. Estava curiosa, porque nunca tinha entrado aqui antes. Queria saber mais sobre ele, e claro, estava nervosa, mas me aproximei da mesa de professor que ficava ao fundo, em busca de encontrar algum porta-retrato que indicasse que ele tinha uma família. Porém, antes que eu pudesse olhar qualquer coisa, ouvi a voz de Edgard e me virei rapidamente na direção dele.

— Eu vi você hoje à tarde. — Disse, depois de trancar a porta atrás dele. Ele jogou os papéis que estavam em sua mão na mesa de reuniões e tirou seu casaco, posicionando-o sobre uma das cadeiras. — O que estava fazendo lá em cima?

— Eu estava... estudando...

Edgard soltou uma gargalhada alta.

— Estudando! — Continuava rindo, enquanto eu sentia meu rosto ficando vermelho. Ele ficou sério. — Olha, você não precisa se preocupar comigo. Eu não vou te denunciar, porque sei da sua situação delicada. Mas eu te chamei aqui para te alertar, você precisa tomar cuidado. Se fosse outra pessoa no meu lugar, você não teria tido tanta sorte. Percebe o risco que passou?

— Obrigada, Edgard. — Minha voz estava trêmula. Senti um peso sair das minhas costas.

Professor Edgard. — Ele me corrigiu, ríspido, fazia questão de deixar clara sua posição de autoridade. E isso me deixava excitada. Ficamos em silêncio. Eu comecei a encarar seus olhos. Ele fez o mesmo, em silêncio, mas apenas por alguns segundos, até desviar e dizer: — Sarif... Você não entende mesmo, não é? Se tivesse alguma forma de punição para o que você fez... na verdade, para o que você faz comigo.

Agora eu acho que ele entregou o jogo. Será um risco muito grande, mas não vou querer viver sem ter tentado. Dei um passo para trás e sentei na mesa de professor de Edgard, por cima dos papéis e documentos que estavam ali. Sem calcinha e de saia, abri minhas pernas e sabia que assim dava para ele ver tudo.

Depois da Aula [CONTO ERÓTICO COMPLETO]Onde histórias criam vida. Descubra agora