Remus Lupin, certamente, não era a pessoa mais inteligente do reino. Se existisse um ranking ele, provavelmente, estaria no terrível segundo lugar, perdendo apenas para o chefe da guarda - o terrível James Potter, porque a maneira que esse cara parecia sempre encontrá-lo era simplesmente surreal e insuportável, Remus não aguentava mais se mudar a cada quinze dias por culpa dele.
Certo, retomando; Remus não era o mais inteligente do reino e talvez fosse por isso que ele decidiu que ajudar Mulciber e Wilkes a roubar uma coroa - não qualquer uma, mas a coroa do príncipe perdido, aquela que o rei mantinha guardada para quando ele retornasse - uma ideia incrível. Bem, realmente era, considerando o plano nada meticuloso que eles tinham e o fato de que ele é quem ficaria com tudo, no final.
Dividir nunca foi sua real intenção, eles eram apenas muito burros por acreditar no maior - e melhor, se perguntassem a ele próprio - ladrão do reino.
Foi praticamente ele criou o plano, ele quem se arriscou entrando pelo teto do palácio e que quase foi pego depois que os três se separaram, era totalmente justo que ele tivesse a bela coroa e todo dinheiro que ela valia apenas para ele.
Ele sorriu para si mesmo enquanto desviava de outra árvore, não havia mais sinal dos seus, idiotas, comparsas de crime mas ainda havia Prongs, o cavalo.
Era inacreditável que até o cavalo do maldito James Potter era insuportável.
Aquele animal não desistia nunca? Já tinha tempo que ele estava correndo atrás de Remus, ele não tinha ideia de quem treinou aquele animal mas isso era algo que merecia prêmio, porque até mesmo sem um cavaleiro ele ainda estava correndo atrás de Remus.
Aquela maldita coroa era tão valiosa assim? Um objeto de ouro e pedras preciosas que podia facilmente ser feito outra vez e nunca ocuparia a cabeça de ninguém porquê, como todos sabiam, o irmão do rei provavelmente já estava morto. Pelo que as pessoas dizem, ele sumiu a tanto tempo que mal se sabe como o pequeno príncipe seria se ainda estivesse vivo, Remus ouviu várias versões da mesma história e todas elas diziam que Órion - o antigo rei - irritou e roubou de uma bruxa e por isso, seu filho mais novo foi levado.
Regulus era o rei atual, ele era bastante jovem apesar do cargo. Um jovem, obrigado a assumir o trono após a morte do pai, foi ele quem criou a tradição das lanternas, aquelas que eram soltas por todos os cidadãos do reino no dia em que seria comemorado o aniversário do príncipe perdido, ele criou a tradição quando ainda era criança, junto aos pais que agora descansavam no outro mundo. A rainha Adhara faleceu meses após o rei, alguns diziam que eles se amavam tanto que ela não suportou a perda e adoeceu, Regulus não tinha mais uma família e Remus podia entender o porquê ele ainda mantinha a tradição das lanternas.
Ele queria seu irmão de volta, ele queria alguém, Remus também iria querer.
Ele estava distraído com seus pensamentos enquanto corria, ele pisou e foi apenas então que ele notou que havia um pequeno morro ali entretanto era tarde demais e Remus já havia pisado em falso, rolando terra a baixo.
Ele fez o máximo que pode para proteger seu rosto e não soltar sua bolsa, quando ele finalmente chegou na grama lá embaixo havia terra em toda sua roupa e alguns pequenos cortes e ralados que ardiam, mas não o suficiente para impedi-lo, ele ainda podia ouvir os barulhos do galopar do cavalo e isso o impulsionou a ficar de pé outra vez e continuar correndo, seguindo em frente pela floresta - ele não se lembrava de já ter passado por aquela parte mas ficar parado não era uma opção quando se tinha um animal maluco-treinado correndo atrás dele.
No momento em que notou ter entrado em uma clareira, ele olhou ao redor, havia apenas uma parede de pedra coberta de plantas, muito grande para ser escalada por um animal de cascos. Ele caminhou até as pedras, arregaçando as mangas, pronto para escalar, tentando encontrar qualquer buraco para se apoiar e subir.
No momento em que esticou a mão para encostar nas pedras que deviam estar atrás daquelas plantas estranhas, elas não tocaram nada, elas atravessaram de uma vez e Remus perdeu momentâneamente o equilíbrio, caindo para frente em um túnel escuro.
Ele não estava num dia bom, aparentemente, era a segunda queda seguida em apenas alguns minutos, que porra era aquela.
Ele se arrastou completamente para dentro e se encolheu contra uma pedra quando os barulhos das patas de Prongs ficaram mais perto, sua respiração ficou presa nos pulmões ele enquanto ouvia o cavalo branco fungar como se fosse um cão rastreador ou qualquer coisa assim, buscando seu cheiro, quando ele começou a correr para longe, um sorriso cresceu nos lábios quando o animal já não podia mais ser ouvido por ele.
E, como todas as outras vezes, Remus Lupin havia conseguido fugir. Remus, vinte e quatro. James e seu cavalo, zero.
Ele caminhou até a outra entrada da caverna e seus olhos precisaram de alguns minutos para se acostumar com a luz, e quando aconteceu, Remus olhou ao redor, surpreso. Havia uma alta torre que ficava bem ao centro da clareira. Era alta, as pedras cheias de musgos e plantas crescendo da base, não parecia ter sido feita recentemente, na verdade, parecia bastante velha, olhando assim.
Havia uma grande janela aberta no topo e, por várias razões, Remus decidiu que aquele seria um bom esconderijo - ninguém iria pensar que ele estava escondido em uma torre velha no meio do nada, Remus duvidava que alguém sequer fosse capaz de encontrar a entrada do local.
Ele levou bons minutos para subir, arfando quando finalmente conseguiu se jogar para dentro através da janela aberta, fechando ela no momento em que ficou de pé e olhando ao redor com espanto ao perceber que, lá dentro, as coisas não pareciam tão velhas quanto lá fora. Na verdade, considerando o prato de comida pela metade em cima da mesa e o cachorro rosnando do outro lado da sala, deveria haver alguém morando alí.
Antes que ele pudesse sequer abrir a boca ou raciocinar completamente, uma forte dor atingiu a parte de trás de sua cabeça e Remus sentiu sua consciência ir embora no mesmo instante.
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Look for the Light | Wolfstar
FanfictionSirius não conhecia tantas coisas além do que as que seus livros contavam, do que era capaz de ver através de sua janela e do que sua mãe lhe dizia. Aquela torre era o lugar onde ele estaria seguro, ele sabia bem disso e por isso nunca tentou sair...