Em busca de um refúgio tranquilo, longe dos olhares curiosos do castelo, uma jovem princesa decide explorar os serenos jardins. No entanto, sua busca por privacidade a leva além dos limites conhecidos quando ela desvenda uma passagem secreta escondi...
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A purificação.
No crepúsculo dos tempos, os ventos da magia dançavam pelo mundo. As terras de Gaicea eram um mosaico de maravilhas mágicas e mistérios celestiais, os laços entre a humanidade, os seres da terra e do universo eram profundos e imbuídos de respeito. Sob o céu estrelado e os ventos sussurrantes das florestas ancestrais, uma sombra escura caiu sobre a terra, os ventos da traição sopraram nos ouvidos dos inocentes, e os habitantes que antes viviam em harmonia eram agora instigados a temer e perseguir aqueles que possuíam dons além da compreensão, dons que noutro tempo foram considerados benção, eram declarados então como maldições. As terras férteis e os céus límpidos foram testemunhas de uma caçada implacável que varreu a nação em busca daqueles que carregavam o toque da magia.
A sucessão da casa de Vretteles, após a morte da rainha de Alphenvale, determinou o futuro da antiga terra bela. O governante da época, guiado por uma sede insaciável de poder e cegado pela ignorância, enxergou uma ameaça inexistente à coroa e ao poder que detinham, e iniciou assim uma caçada cruel e implacável aos seres mágicos e celestiais que habitavam seu reino. Sob seu comando, exércitos foram convocados e caçadores habilidosos foram enviados para capturar ou destruir as criaturas que viam como uma ameaça.
A inquisição cruel foi lançada primeiramente contra as ninfas, que dançavam sob a lua, as criaturas da água e da luz, tiveram seus risos melódicos e danças elegantes substituídos por lágrimas e angústias. O eco de suas vozes foi silenciado nas florestas que antes eram seu lar, enquanto o eco das espadas e dos gritos humanos encheu o ar. As fadas que espalhavam alegria com suas risadas cintilantes, brilhantes guardiãs das flores e dos segredos da natureza, foram perseguidas com uma implacável ferocidade. Bruxas, cujas habilidades eram entrelaçadas com os ciclos da lua e os mistérios das estrelas, enfrentaram julgamentos injustos e punições cruéis, e até mesmo as sereias que entoavam canções hipnotizantes, com vozes mágicas que inspiravam paixão e esperança, encantando os mares foram caçadas, sob as ordens do rei, redes foram lançadas e cantos foram silenciados.
Os céus que antes eram iluminados pelos raios de estrelas cadentes foram ofuscados pelas chamas da destruição. Os campos que uma vez abrigaram celebrações melodiosas estavam manchados com o sangue daqueles que ousaram desafiar a nova ordem estabelecida. Gaicea foi por muito tempo um paraíso da magia e coexistência, mas tornou-se um campo de batalha manchado de sangue e lágrimas. A harmonia foi substituída pelo caos, e a conexão entre humanos e seres mágicos foi desfeita.
Nesse período sombrio, vidas e essências foram arrancadas como troféus macabros. A história foi reescrita com tinta de sangue, enquanto o povo se afastava das raízes de sua própria magia e beleza. O reino mergulhou em escuridão e desespero, sua alma corroída pela crueldade de seu líder e pelo preço da destruição mágica.
E assim, as chamas da caçada queimaram por anos, até que a terra e o céu pareciam gemer de tristeza.
E embora o nome de Gaicea tenha sido mudado para Gaiermore ao longo dos anos, as cicatrizes do desastre permaneceram, um lembrete constante das consequências da raiva.
Esse capítulo, cujas páginas são manchadas com a tragédia de vidas perdidas e magia extinta, ficou conhecido pelo povo como "A Purificação". Um termo que carrega um peso terrível e paradoxal.
A Purificação tornou-se sinônimo de um período de escuridão e sofrimento, uma lembrança dolorosa do que foi perdido e uma advertência silenciosa do que a intolerância pode infligir. O nome ecoa através das eras, transmitido como uma herança de lembrança e aviso. Um testemunho da crueldade humana e um lembrete de que as sombras do passado não podem ser apagadas, e não podem ser mudadas.
