Capítulo 23

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POV: Lalisa Manoban

Jennie está tomando banho agora, eu tomei o meu faz um tempinho já.

Estava lendo um livro até que ouvi alguém chorar. Era a Jennie.

Fui até o banheiro e bati na porta. Perguntei se ela estava bem, mas recebi um silêncio como resposta. Resolvi entrar e vi a ruiva virada de costas para a porta, sangue estava escorrendo por todo o seu corpo, eu não entendi muito bem o motivo, mas do mesmo jeito, me desesperei.

— Jennie?! O que aconteceu?

— Saí daqui, Lalisa — ela disse, com voz de choro. Olhei para a pia e tinha uma navalha cheia de sangue. A mão dela segurava uma faca grande e afiada.

A mesma estava ameaçando se... matar?

Meus olhos lacrimejaram, meu olhar mudou, corri até perto da ruiva.

Abracei-a por trás com tanta força, que se eu fosse o Hulk, eu com certeza a esmagaria. Descasei meu queixo em seu ombro, meus braços rodeando sua cintura fina.

— Por quê? Por que fez isso, Nini? — perguntei, com voz de choro. O sangue dela estava sujando meu corpo, a água gelada caindo sob a minha nuca, molhado todo o cabelo e o meu corpo. O cheiro de sangue molhado... as nossas lágrimas se misturando com a água que caia do chuveiro.

Jennie não me respondeu, apenas chorou mais e mais. A ruiva soluçava como uma criança.

— Meu amor... o que te fez querer se machucar? Me diz, por favor. Eu só quero te ajudar, minha linda.

— Me mata! Por favor... me mata, Lisa...

Minha mão se deslizou lentamente até sua mão, peguei a faca, e, por fim, taquei-a para longe. Virei Jennie para mim e a abracei.

— Eu não aguento mais... — senti lágrimas entrarem em contato com meu ombro.

— Vamos... eu te ajudo a se banhar — a ruiva assentiu e me permitiu ajuda-la.

Comecei limpando os cortes que ela havia feito, com o maior cuidado do mundo para não machuca-la, logo depois, ajudei-a a lavar seu lindo cabelo ruivo.

***

Depois que fiz curativos nela, nos deitamos na cama. Digo. Eu a deixei lá para a mesma não se sentir desconfortável com a minha presença.

— Lili... — me virei ao ouvi-la murmurar. — Fica comigo... não me deixe só.

Voltei para a cama e me deitei ao seu lado, a mesma se aconchegou em cima de mim, literalmente.

Sorri e automaticamente meus braços rodearam seu quadril.

Enquanto ela descansava sua cabeça nas curvas do meu pescoço, inalando meu cheiro, eu fazia cafuné em seus cabelos.

Não sabia o por que de ela ter se cortado, mas também não iria perguntar, não quero invadir seu espaço pessoal desse jeito.

— Lili... você me chamou de... meu amor? — ela perguntou, um pouco abafado. Ri dela e na mesma hora corei.

— Sim... eu te chamei assim, meu amor — disse baixo, apenas para nós duas escutarmos. — Por quê?

— Você gosta mesmo de mim?

— Claro que eu gosto, Jendeukie. Eu sou completamente apaixonada por você a mais de 10 anos. E, pelo visto, não era só uma fase.

— Eu... tenho algo pra te falar... talvez isso faça você nunca mais olhar na minha cara...

— Diga... — quase que eu disse para mim mesma de tão baixo que saiu.

— Eu... eu acho que estou gravida... do Heng — ela olhou para mim. — Na verdade, eu acho que o bebê... eu perdi ele... — a minha única reação foi abraça-la forte. Não sabia bem o que fazer, a única coisa que pude oferece-la, foi o meu abraço.

Sua cabeça descansou em meu peito e eu apenas olhei para o teto, abraçando-a forte.

Eu já não sabia mais o que eu estava sentindo.

Está tudo tão confuso, Deus!!

— Por isso você queria... se matar?

— Eu não ia me matar — ela se aconchegou mais em meus braços. — Eu ia arrumar aquela pia, o parafuso estava saindo, por isso levei aquela faca, era a única que tinha limpa. Mas... eu senti um liquido escorrendo... e... quando vi... era muito sangue, muito mesmo. A minha menstruação tá atrasada desde que eu conheci o Heng, tivemos uma noite, somente, mas acho que foi o suficiente. Eu tinha que ter menstruado 1 dia depois do ocorrido, mas não desceu. E eu comecei a dar indícios de gravidez.

— Por que não me disse?

— Eu estava com medo de você não querer mais ficar comigo, Capetinha.

— Jennie, você não pode lutar contra os zumbis gravida. Deve ser por isso que você perdeu o bebê — percebi o que eu tinha falado e logo me apressei para me explicar — Digo, e-eu quero dizer, que, você deve ter se esforçado demais, acontece com as grávidas.

— O meu sonho era formar, ter uma família, Lili... mas agora, agora eu não vou ter. Eu não via a hora de pega-lo no colo — ela voltou a chorar.

— Ei, ei, eu ainda estou aqui, e, se você quiser, pode formar uma família comigo. EU NUNCA vou te abandonar, escutou? — ela levantou a cabeça e encarou os meus lábios, logo selou-nos um nos outros.

— Eu te amo... eu te amo muito, Lisa — ela cochichou e pude sentir meu estomago revirar.

MEU DEUS, COMO EU QUERIA OUVIR AQUILO!!!!!!

Abri um sorriso bobo e selei nossos lábios de novo, só que mais demorado do que da última vez.

— Eu te amo mais, Jennie... eu te amo mais.

***

Acordei com um peso em cima de mim, aparentemente, Jennie não se mexeu a noite inteira, isso era estranho, já que segundo as meninas, Jennie não parava quieta enquanto dormia.

Fiquei com dó de acorda-la, então decidi ficar ali, a vendo dormir.

Meu rosto possuía um sorriso tão bobo, que só por Deus.

POV: Jennie Kim

Acordei com algo incomodando minha intimidade.

— Bom dia — murmurei ao ver Lisa me olhando. — Você sempre vê os outros dormirem?

— Se esses outros for você... hum... sim. Eu vejo sim — ri um pouco.

— Idiota — tentei me levantar, mas a mesma me puxou.

— Fica mais um pouco. Não é todo dia que você fica grudada em mim assim — ela me abraçou de novo. Meus lábios se formaram em um grande sorriso.

É tão bom estar com ela.

É tão bom estar nos braços dela.

É tão bom ter ela. 

O Apocalipse: Só Restaram NósOnde histórias criam vida. Descubra agora