Capítulo 1 - A voz do silêncio

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Lana Sprude fitou as folhas em branco de seu caderno, as linhas vazias ecoando os sentimentos confusos que agitavam seu interior.

 A manhã estava fresca e tranquila, como se o mundo lá fora estivesse inconsciente da tempestade emocional que rugia dentro da jovem escritora.

Sentada na antiga escrivaninha de sua mãe, o lugar que costumava ser um refúgio de histórias e segredos compartilhados, Lana lutava para encontrar as palavras certas. 

Seus dedos brincavam com a caneta, mas a tinta permanecia imóvel, como uma lembrança muda das histórias que costumavam fluir de seus pensamentos.O título da história que ela tentava escrever, "Nosso Amor em Palavras", parecia tão irônico naquele momento. 

Como poderia expressar o amor quando o próprio amor havia sido arrancado de sua vida? Sua mãe, a pessoa que sempre a apoiou e acreditou em seus sonhos, havia partido cedo demais, deixando Lana com um vazio profundo e intransponível.

A fotografia em preto e branco na escrivaninha mostrava sua mãe sorrindo com os olhos brilhantes e um livro nas mãos.

 Era uma imagem que ecoava as lembranças felizes que Lana guardava. Mas, como todas as lembranças, ela também trouxe dor.

 Afinal, havia o segredo que sua mãe escondeu até o fim – o segredo de que seu pai estava traindo-a com uma mulher rica e influente.

As lágrimas ardiam nos olhos de Lana, ameaçando turvar sua visão das folhas vazias. Ela não conseguia entender como alguém poderia trair a confiança de sua mãe, e o pior era que seu pai havia escolhido uma mulher que representava tudo o que sua mãe não era – rica, glamorosa e superficial.

Lana empurrou o caderno com um suspiro frustrado. Sua relação com o pai estava mais rachada do que nunca.

 As discussões eram frequentes, recheadas de acusações e ressentimento. Lana sentia como se estivesse à deriva, perdendo não apenas sua mãe, mas também a conexão que ela costumava ter com seu pai.

Enquanto ela se afundava em seus pensamentos, o som do relógio na sala de estar preenchia o silêncio. 

Ela ergueu os olhos, percebendo que o tempo estava passando e ela precisava se preparar para o dia.

 No entanto, antes de se levantar, Lana notou o retrato de sua mãe sorrindo, segurando um livro com uma dedicatória na capa. Curiosa, ela pegou o livro e abriu a capa.

 As palavras manuscritas de sua mãe preenchiam o espaço, uma mensagem que Lana nunca tinha lido antes:"Minha querida Lana,Nunca subestime o poder das palavras. Elas podem curar, conectar e moldar o mundo ao nosso redor.

 Escreva com seu coração, minha menina, e deixe suas histórias voarem para aqueles que precisam delas. Seja corajosa e siga seu caminho, pois sei que você encontrará seu próprio destino nas páginas que criar.

Com todo o meu amor,Mamãe"Lana segurou o livro contra o peito, sentindo uma mistura de emoções. As palavras de sua mãe a abraçavam, guiando-a como um farol em meio à escuridão. Ela secou as lágrimas e olhou para o caderno na escrivaninha, as páginas vazias agora pareciam menos ameaçadoras.

Com a determinação renovada, Lana pegou a caneta, olhou para a fotografia sorridente de sua mãe e começou a escrever. As palavras fluíam, como se uma conexão invisível estivesse sendo forjada entre elas, cruzando o abismo entre a vida e a morte.

E assim, no silêncio de seu quarto, Lana começou a transformar sua dor, sua raiva e sua tristeza em palavras que podiam tocar corações e mudar destinos.

 Seu amor por sua mãe e seu desejo de honrar sua memória encontraram expressão nas páginas que criava. Cada palavra era um pequeno ato de resistência contra a escuridão que ameaçava engoli-la.As semanas passaram, e Lana continuou a escrever incansavelmente. 

Seus pensamentos se transformaram em histórias de superação, amor e esperança. Cada palavra era uma homenagem a sua mãe, um tributo silencioso a todas as vezes que elas riram juntas, compartilharam segredos e se abraçaram nos momentos difíceis.

Mas, à medida que as histórias ganhavam vida em suas mãos, Lana também começou a se perguntar sobre o futuro. O que viria a seguir? Como ela compartilharia essas histórias com o mundo? A incerteza a atormentava, como uma nuvem escura pairando sobre o horizonte.Então, em uma manhã ensolarada, algo inesperado aconteceu.

 Um folheto colorido capturou sua atenção enquanto ela caminhava pela rua movimentada em direção a sua cafeteria favorita. Era um anúncio para um concurso de escrita, oferecendo a oportunidade de ter um manuscrito publicado por uma editora renomada.

O coração de Lana disparou de excitação. Talvez fosse o sinal que ela estava esperando, a oportunidade que a ajudaria a compartilhar suas histórias com o mundo. 

Ela guardou o folheto com cuidado e entrou na cafeteria, ansiosa por um café revigorante e um lugar tranquilo para continuar suas reflexões.

Enquanto aguardava na fila, os pensamentos de Lana foram interrompidos por uma voz calorosa e amigável vinda da mesa próxima. 

Ela virou a cabeça e encontrou os olhos gentis de uma mulher mais velha sorrindo para ela.

  -Desculpe a intromissão, querida, mas eu não pude deixar de notar a maneira como você olhou para aquele folheto. Você é escritora?

Lana assentiu timidamente. 

   -Sim, sou. Eu escrevo histórias.

A mulher sorriu ainda mais. 

  -Ah, que maravilhoso! Meu nome é Eleanor. Eu também

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