Seus olhos me invadem
Me enchem, me transbordam
Como as ondas do mar
Me bagunçam e me afogamNo fundo eu sei que existem
Águas calmas e serenas
Que um dia se enfureceram
Com a minha tempestade❦
1 ano e dois meses atrás
Aquele dia havia amanhecido claro. Claro até demais para a quantidade de nuvens que enfeitavam sua imensidão e se deslocavam com o vento.
Um belo tom de azul servia como plano de fundo para aquelas nuvens escuras e carregadas. Um azul acompanhado de uma luz quase cegante. Se não fosse a previsão de chuva, aquele poderia ser um dia ainda mais brilhante e ensolarado.
Conforme o tempo passou desde o amanhecer, mais nuvens tomaram o espaço, e o céu se tornou quase completamente coberto de pedaços de algodão acinzentados, embora o sol continuasse alto e brilhante como sempre.
Talvez fosse suposto as coisas serem assim mesmo. O sol brilhava, mas as nuvens de chuva não se deixavam ignorar. Por mais que ele captasse toda a atenção para si, a chuva sempre era uma ameaça.
Em algum momento daquele ciclo, o sol eventualmente se intimidaria e deixaria ser escondido por elas. E, enquanto isso, em frente de toda sua confusão estaria uma grande tempestade.
"Bronya?"
A primeira coisa que Seele notou ao chegar na mesa, segurando uma bandeja de plástico, foi a expressão pensativa de Bronya ao olhar para fora do vidro da lanchonete, enquanto apoiava seu rosto em uma mão.
Em poucos minutos após deixarem a antiga casa de Seele, as duas haviam encontrado aquele lugar enquanto circulavam de carro pelos bairros mais próximos, em busca de um lugar pouco movimentado para comerem alguma coisa antes de voltarem para o apartamento de Seele.
Aquela era uma lanchonete de bairro, provavelmente não muito nova, mas que estava com apenas um ou dois clientes sentados nas mesas da parte externa. Por precaução, elas optaram por ficar do lado de dentro, na parte mais discreta, em uma mesa próxima às paredes do fundo do lugar, onde provavelmente não iriam atrair muitos olhares.
Mesmo que fosse um pouco difícil, as duas se esforçaram para serem discretas e estavam com o capuz dos casacos cobrindo suas cabeças para ao menos dificultar a visão de seus rostos. Não costumava ser muito eficiente, uma vez que alguém as percebesse ou fotografasse, não adiantaria de nada, mas ao menos causava uma sensação maior de proteção e evitava chamar atenção na rua.
Após escolherem o que queriam, Seele pediu que Bronya se sentasse à sua frente na mesa, de costas para a entrada do lugar enquanto ela ia fazer os pedidos.
A atendente da lanchonete era uma mulher de meia idade, então, como esperado, ela não pareceu reconhecer Seele, visto que ela não costumava ser muito famosa entre o público desta faixa etária. No entanto, ela percebeu que a mulher estava olhando de relance para onde Bronya estava sentada, mesmo que daquele ângulo ela não pudesse ver seu rosto.
Seele permaneceu em silêncio, agindo da forma mais casual possível, mas assim que ela pegou a bandeja com os pedidos, após pagar, a mulher a chamou em voz baixa.
"Com licença, senhorita, mas sua amiga... aquela ali..." A mulher espremeu um pouco seus olhos, apontando com a cabeça para onde Bronya estava, como se estivesse tentando se lembrar do que queria dizer. "Ela é..."
Seele a olhou, mantendo sua expressão neutra, enquanto esperava para ver se ela ia se lembrar ou não. Ela não queria ter que mentir, mas também queria evitar chamar atenção, então ela apenas aguardou.
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Fifteen • bronseele (hsr); AU
FanficO relacionamento de Bronya e Seele começou de forma turbulenta e polêmica. Ninguém sabia ao certo porque as duas cantoras pareciam estar rivalizando uma com a outra tão repentinamente, mas as memórias iniciadas há um ano e meio traziam um pouco mais...