Melhores amigos

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Hoje seria o dia em que todas as pessoas estariam comemorando e festejando em alguma praça pelo 4 de julho. Para todas as pessoas, menos William Byers. Bem, ele mal gostava de festas comuns com cerda de 100 pessoas, imagine uma em que a cidade inteira comparece.

Seus amigos decidiram ir para a comemoração, o deixando deitado em seu sofá razoavelmente pequeno, assistindo alguma programação que não envolvesse a independência do seu país. Não que não se importasse com a data, apenas não aguentava mais todas os seres ao ser redor conversando sobre.

Com a roupa mais surrada que estava em seu armário, Will ouvia A Caverna do Dragão passando na TV, enquanto lia a nova edição de uma HQ da Marvel. Tinha até esquecido o porquê estava sozinho em casa, até ser ouvido alguns fogos de artifício antecipados.

Claro, adorava ficar sozinho, na dele, coisa que fazia em boa parte do seu tempo. Mas sentia falta de ouvir qualquer outra voz que não seja a sua própria ou de alguém na televisão. Fazia algum tempo desde que não via seus melhores amigos. Sua escola decidira deixar o feriado de 4 de julho estendido pela semana inteira, então não via seus amigos mais com tanta frequência. Podia ver seus amigos fora da instituição, mas cada um tinha outras coisas para fazer.

Dustin, Lucas, Max e Eleven viajaram, um para algum acampamento científico, outro para um retiro religioso e a outra para rever sua família materna na Califórnia. Eleven e Hopper decidiram ir para Los Angeles, visitar a irmã da garota, Kali.

Dito isso, apenas Mike se encontrava na cidade, mas não saiu de casa em um sequer momento na semana. As provas de recuperação iriam começar na próxima semana, e apesar de ser um ótimo aluno, o Wheeler não era bom no assunto humanas, ficando de recuperação em inglês, história e geografia. Como castigo de seus pais, não poderia sair de casa no feriado estendido.

Will sentiu seu estômago roncar. Se levantou e se dirigiu a geladeira, encontrando várias coisas, nada que pudesse der ingerido rapidamente. Não estava afim de cozinhar, então foi até o telefone pendurado na parede, digitou os números decorados da pizzaria mais próxima, pedindo seu sabor favorito.

Assim que terminou sua ligação, ouviu uma batida na porta de entrada. Não esperava ninguém, até porque sua mãe foi para o parque da cidade e seu irmão foi para a casa da namorada. Andou até a porta de madeira, pegou na fria maçaneta e a girou.

- Surpresa!

Mike Wheeler diz com as mãos balançando no ar.

- Oi? Mas, o qu- Por que e como está aqui?

- Meu incrível charme convenceu minha querida mãe.

- Duvido muito.

Will diz enquanto escancara a porta, convidando silenciosamente o amigo a entrar.

- Eu também. Mas foi o que aconteceu. Apenas tive que convencê-la com algumas promeças.

Mike se senta no sofá se espreguiçando e se esparramando enquando Will fecha a porta. O garoto já era da casa a muito tempo.

- Quantas semanas de tarefa de casa?

- Quatro, mas é apenas um detalhe. Enfim, por que não está no parque?

- Por que eu estaria -Will se senta no sofá desleixadamente.

- Faz sentido. Imaginei que não estaria lá, por isso vim direto.

Will se senta ao lado do amigo e baixa o volume da televisão.

Os garotos ficam em silêncio por alguns segundos, um silêncio ambientado pelo barulho de carros, por respirações calmas e conhecidas.

- Sentiu minha falta durante essa longa semana?

- Não -Will ri.

Mike coloca sua mão no peito, fingindo se sentir atacado com as palavras. Foi basicamente uma pergunta retórica, ele sabia muito bem que seu amigo sentiu saudades. Will sabia mais ainda.

Saudade das brincadeiras idiotas, dos xingamentos aleatórios, das cócegas só para irritar, dos abraços sem algum motivo, dos braços rodeando sua cintura, Dos carinhos em sua nuca, dos beijos em sua testa.

- Vou embora daqui então -Mike se levanta e vai andando até a porta, dramaticamente.

Will pega no pulso do amigo sem sair do sofá, rindo da atuação.

- Você é muito chato, sabia?

- Sabia -O Byers se levanta- E você é pior que eu.

William coloca seu braço esquerdo no ombro do garoto a sua frente, enquanto sua mão direita continua no pulso dele. Wheeler sorri ladino e pega na nuca do Byers. Ao menos ele, definitivamente sentiu saudades do melhor amigo.

- Senti sua falta.

Michal sussura olhando nos olhos esverdeados como uma floresta no nascer do sol. A imensidão dos olhos castanhos, quase verdes. A paz e o carinho. A calma e a serenidade. A calmaria que ele pode apreciar todos os dias.

- Sei disso.

William faz pequenos círculos com os dedos da mão direita nas costelas do outro. Ele encara os olhos tão escuros quanto o céu noturno. Os olhos expressivos e agitados como uma criança atentada. A agitação calma. A agitação não desesperada. Alegre e elétrica. Will podia sentir a eletricidade de seu olhar percorrendo pelos seus.

Mike fica sempre em um impasse quando fica assim com o amigo. Beijá-lo ou apreciá-lo? Ele não sabia distinguir o que dava mais frio na barriga, como se estivesse em uma montanha-russa. Sentir aqueles lábios viciantes ou ver cada detalhe daquela beleza estonteante. Sabia cada detalhe do rosto de Will. Sua mini-covinhas, seus cílios longos, cada uma de suas pintinhas.

- Você está muito bonito -Mike diz enquanto tira o cabelo que batia nos olhos do Byers.

- Eu sei disso também.

Ambos sorriem se encarando. Ambos desviam os olhares para a boca um do outro. Ambos sentem uma vibração no estômago. Ambos se sentem leves. E ambos são melhores amigos.

Will puxa a nuca do garoto a frente e beija o canto de sua boca. Quando ia se afastar, Mike o puxa para mais perto, deixando uma mão no rosto e a outra no cabelo, encostando suas testas. O contraste na temperatura de seus corpos, o frio de Will do ar-condicionado e o restante de calor do verão de Hawkins no Mike.

O Byers puxa a cintura do melhor amigo para perto, dando pequenos selinhos em seus lábios. Ele sentiu muita falta disso. Depois de um tempo assim, Mike cansa das pequenas ameaças que o amigo faz e decide finalmente puxar seu queixo para perto, encostando seus lábios em um selinho mais longo.

A cada segundos, eles se sentiam mais leves. De pouco em pouco, os garotos se beijam de verdade, ouvindo os diversos fogos de artifício. Finalmente meia-noite. Eles sentem a eletricidade subindo pelo seus corpos, o calor e a paz. A vontade de ficar. A química palpável.

- Valeu por vir aqui.

Will faz carinho na bochecha do amigo, que agora abraça sua cintura.

- Você acha que eu iria pra outro lugar, Byers? -Ele diz com um sorriso em sua voz- Você sabe que eu não troco isso por nada.

Eles dão um último selinho e ouvem o barulho da campainha. Will vai até lá, pega a gorgeta em seu bolso e entrega ao funcionário. Agora eles tem uma pizza para dividir.

Uma pizza para dividir na companhia um do outro. Na companhia deles, e apenas eles. Um do outro. Dois melhores amigos na companhia um do outro em um feriado, assistindo qualquer coisa passando na TV, roubando selinhos um do outro.

Apenas coisas que melhores amigos fazem.

Melhores amigos -ByLer-Onde histórias criam vida. Descubra agora