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"Carácter é aquilo que tu és quando ninguém está a ver"- Epícuro

O meu nome é Valentine, eu sei é estranho, mas os meus pais sempre adoram o clássico livro de Alexandre Dumas 'O Conde de Monte Cristo' onde existe uma personagem chamada Valentine, eles adoraram o nome e como a minha mãe é francesa, para eles fazia sentido que eu me chamasse assim, não que eu não goste do meu nome, muito pelo contrário.

Eu tenho 24 anos, sou uma jovem arquiteta que herdou a casa dos avós aqui em Virginia, é uma casa adorável de dois andares e com um grande jardim, eu lembro-me de todas as vezes que vinha cá no Natal e na Páscoa com os meus pais, eles infelizmente morreram os dois há poucos meses atrás e deixaram-me a casa e metade do dinheiro deles, que digamos assim de passagem não era pouco. Eu sinto falta deles, principalmente da minha avó, eu lembro-me de quando fazia bolos com ela, e quando lhe contava histórias minhas e ela ria-se comigo, e dos abraços que quase me sufocavam e os beijos que às vezes iam para os olhos, avós certo?

Eu sou uma mulher baixa de 1,50 metros, mas sempre disseram que as mulheres querem-se pequeninas portanto, os meus olhos são castanhos e ficam belos à luz do sol, os meus cabelos são castanhos escuros pelos ombros e ondulados/encaracolados eu não sei bem dizer, a minha pele é clara como a da Branca de Neve, por isso eu sempre costumei colocar muito protetor solar, principalmente na cara.

Voltando aos meus pais, a minha mãe chama-se Amélie, típico francês, e o meu pai chama-se Harry, típico americano, já a minha irmã mais velha chama-se Giselle, um nome bonito e normal, os meus pais conheceram-se em Paris, e apaixonaram-se depois o meu pai pediu a minha mãe em casamento na torre Eiffel, que romântico não é? A minha irmã também teve bastante sorte no amor, conheceu um homem quando tinha 20 e agora estão casados e com uma filha e ela só ainda têm 30 anos. 

Já eu é uma história completamente diferente, só tive um namorado em toda a minha vida e aquele monte de merda, não há outra expressão capaz de o descrever, traiu-me com a minha melhor amiga, encontrei-os na cama no dia do meu aniversário, melhor aniversário de sempre, é por isso que agora não gosto de fazer anos e tenho problemas de confiança, sendo sincera esses sempre os tive, contudo eu sempre fui uma garota forte.

As pessoas sempre me respeitaram, ou temeram não sei diferenciar, digamos só que eu nunca fui o tipo de menina que mudaria por alguém ou que admita que está com dor, eu sempre que magoava engolia a dor e continuava sem me queixar, na verdade eu ainda faço isso sinto forte e capaz de suportar qualquer coisa quando faço isso, mas mesmo assim eu sou simpática e prestável para as pessoas, adoro ajudar.

Adoro ajudar quase tanto, quanto gosto da minha família, principalmente da minha sobrinha de 1 ano, a pequena Louise, ela é o solzinho da minha vida, e a minha irmã, o marido e a Louise veem sempre almoçar em minha casa aos domingos, é uma maneira de manter contacto, a minha irmã é uma agente imobiliária e o meu cunhado é advogado, eles também têm uma belíssima casa, com um extenso jardim e piscina. A minha casa só tem no jardim o canteiro do meu avô e as rosas, crisântemos e margaridas, a minha avó adorava, ao longo do jardim, eu cuido das flores e do canteiro do meu ponto de vista é uma maneira de manter os meus avós vivos, mante-los comigo.

Retornando à minha personalidade, eu tenho uma personalidade forte, sim acho que é o melhor termo para a descrever, sou teimosa, impaciente, ciumenta, e até um pouco bruta às vezes, porém hoje em dia sei controlar a minha raiva para que não agrida ninguém, mas junto com a minha personalidade forte vêm uma mulher inteligente, engraçada e protetora. Eu acho que eu tenho um pequeno problema, porque se eu me magoar é como se eu sentisse a necessidade de que ninguém soubesse que doí, mesmo que seja óbvio, pode doer muito, mas eu só vou admitir quando não conseguir aguentar mais, talvez seja uma maldição, quem sabe?

De momento eu estava a voltar para casa com bastante pressa, só não corria porque 1- tinha um saco de cartão fino nas mãos cheio de comida, principalmente frutas; 2- as minhas botas de salto diziam não; 3- é outono e não me apetece correr. Então como eu não ia a prestar atenção por onde andava fui contra um homem alto que estava acompanhado por um copo de café quase a ferver que foi parar à minha mão, fazendo com que o saco das compras fosse parar ao chão.

"Merda..." murmurei a abaixar-me e a apanhar as coisas, reparando logo em seguida que o homem que eu fui contar me estava a ajudar "Eu peço desculpa" desculpei-me e levantei-me com o saco na minha mão direita enquanto estava com uma queimadura na mão esquerda.

"Está bem? Eu peço desculpa, pelo café e a tua mão..." perguntou ele um pouco envergonhado a levar a sua mão à parte de trás do pescoço.

"Sim, sim isto não é nada já passa, mas de qualquer das formas a culpa não é tua, eu é que devia estar a ver por onde andava, e pelo café..." parei de falar por um pouco enquanto tirava rapidamente a minha carteira, "... aqui, 5 dólares, fica com o troco" disse a entregar-lhe o dinheiro.

"Não é necessário, eu sou o Spencer Reid" continuou ele, entretanto eu respondi "Fica com ele, eu não me importo" e comecei a correr para minha casa onde estava a minha irmã e o meu cunhado à minha espera do lado de fora, sem lhe dizer o meu nome.

Spencer's pov:

Fiquei com o dinheiro na mão a olhar para mulher sem nome que agora corria apressadamente pela rua, até sua casa presumo eu.

"O meu rapaz é um galã, e já agora a mulher era bonita e parecia da tua idade" disse o Morgan a olhar para mim com um sorriso, "Eu vou contar à JJ e à Garcia, vais ver a festa que vão fazer, quando souberem que o nosso pretty boy gosta de uma mulher, de uma não da mulher mistério"

"Para com isso Morgan, eu nem sei como é que ela se chama" respondi ainda a olhar para trás, mesmo que ela já não estivesse no meu campo de visão.

"Isso soa-me como um trabalho para a baby girl" continuou ele a rir-se.



Save Me - Spencer Reid🖤Onde histórias criam vida. Descubra agora