Capítulo 1 - O duque falido

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Tenho certeza que em todo o reino de Krypton nenhuma família ficou mais feliz que a minha por ter um filho gay.

Bom, não imediatamente, quando descobriram eles acharam que era a nossa ruína certa, mas depois até ouvi a minha mãe dizer que eu ser gay era a nossa salvação.

Claro que entre ser a nossa ruína completa e ser a nossa salvação muitas coisas aconteceram e fizeram com que ela mudasse de ideia, e não foi a bondade ou o amor de mãe tocando seu coração.

Ser gay não era um grande problema atualmente, pelo menos não como eu costumava ouvir que era antigamente, mas ser gay envolvia problemas técnicos, com os quais a minha família não podia lidar quando eu resolvi sair do armário - no qual eu nunca realmente estive, mas por praticidade meus pais resolveram que o melhor era eu ser hétero. Ser gay significava que meu casamento preestabelecido - sem o meu consentimento - não daria certo e que se não desse certo eu não teria filhos com Lady Jennifer e isso significava que nós ficaríamos ainda mais falidos do que já estávamos.

E agora você me pergunta, e como o filho de um Duque, herdeiro de um dos maiores ducados do reino pode dizer que toda a sua vida dependia do casamento com a filha de outro duque? É até bem simples.

Quando eu nasci, o ducado, títulos, terras e dinheiro pertencia ao meu tio Peter, meu pai era apenas o feliz segundo filho e herdeiro do meu tio, e eu fui educado como um futuro Duque, apenas por garantia já que tio Peter não parecia pronto para casar e ter filhos tão cedo. Nós tínhamos uma vida boa, mamãe era uma ex-princesa e meu tio administrava nossas terras, papai investiu boa parte do dote de mamãe e vivíamos quase exclusivamente da mesada que meu tio nos dava e das terras que papai administrava para ele.

Até que ele morreu. Não que ele tenha simplesmente caído morto no chão, bom, ele caiu, mas caiu do cavalo enquanto corria pelo pasto e tentava saltar uma cerca fugindo do marido furioso de uma de suas amantes. Assim que ele morreu, meu pai assumiu o ducado e começou a perceber os inúmeros furos nas contas das propriedades, as dívidas em nome do ducado e como meu tio tinha gastado tudo, até mesmo o que restava do dote de mamãe, o futuro dote da minha irmã e a maior parte das terras, comprometendo toda a nossa renda.

Os investimentos feitos pelo meu pai e a venda de algumas das propriedades restantes ajudou a nos manter por mais alguns anos, nesse tempo terminei a faculdade e ainda não sabia realmente o que estava acontecendo, já que papai e mamãe fingiam que estava tudo bem e que ainda estávamos mantendo o mesmo padrão de vida.

Mas quando eu me assumi gay e desfiz o noivado, toda a verdade foi jogada em cima de mim aos gritos enquanto livros e almofadas voavam no ar em minha direção.

— Você não pode fazer isso com a nossa família!!! — Minha mãe gritou jogando um livro em minha direção. Os cabelos pretos saindo do penteado perfeito, e os olhos verdes faiscando de irritação. Era estranho ver olhos tão parecidos com os meus tão irritados por algo tão... bobo. Mamãe era uma mulher considerada alta, com pouco mais de 1,70 de altura, e por isso tinha muita força e uma ótima mira.

— Porque eu não posso desmanchar um noivado que me faz infeliz? — perguntei irritado depois de me abaixar ao ter desviado do livro, olhando confuso para minha mãe e depois para meu pai.

— Estamos falidos, Derek!!! O seu casamento era a salvação da nossa família e você acabou com tudo!!! — Ela gritou por fim, me encarando com os olhos já vermelhos de raiva. Olhei de volta para meu pai parado atrás dela, com meus olhos arregalados e ele assentiu, balançando o cabelo castanho grisalho e fechando os olhos castanhos por um momento.

— Seu tio deixou o ducado falido, temos sobrevivido com muito pouco nos últimos anos, quase não temos mais propriedades e animais. — Ele me contou e cai sentado na poltrona que havia atrás de mim. — Eu tinha um acordo bem alto com o pai de Lady Jennifer pelo seu casamento, ele só queria que a filha fosse duquesa, estava disposto a pagar muito pelo dote dela, era o que ia nos salvar.

Sob as estrelas do céuOnde histórias criam vida. Descubra agora