Dois meses depois do anúncio do noivado eu estava embarcando no trem que partia de Zor-El para Volpe, capital do reino de Beacon, eu poderia ir de avião, mas a viagem de trem era mais apropriada para levar os meus pertences e a comitiva que ia comigo para o casamento, e era uma viagem mais longa que durava dois dias, e eu estava me agarrando a qualquer tempo a mais que eu tivesse para me preparar. Além de alguns empregados de confiança, junto comigo iam apenas meus melhores amigos Vernon e Erica Boyd, que fariam parte da minha corte de companhia e trabalho.
A viagem foi longa, mas não o suficiente. Sendo sincero, aqueles dois meses inteiros não foram longos o suficiente para realmente me preparar. Eu não conhecia o príncipe Beaconiano, não sabia muita coisa além de seu nome, idade e aparência, coisas que eu tinha achado na internet ao pesquisar pelo nome dele, mas não sabia do que ele gostava e do que ele não gostava, o príncipe era extremamente reservado quanto a sua vida pessoal. Tudo o que eu sabia, se resumia apenas à informação de que ele era um príncipe muito rico que tirou a minha família da linha da miséria para a qual nos encaminhávamos e que traria muitas melhorias e vantagens comerciais para o meu reino.
Essa era a verdade, quando meus pais souberam que eu era gay eles acharam um desastre porque nossa família dependia do dinheiro do dote do meu casamento para não ir a falência. Mas quando eles souberam que o príncipe do reino mais rico da região era gay, minha orientação sexual foi uma benção para todos. Era uma tradição beaconiana o rei oferecer títulos e dinheiro à família da "noiva". Eu estava apenas sendo vendido por muito dinheiro e boas relações internacionais.
Todos consideravam uma sorte eu ter tudo o que se poderia esperar de um príncipe-consorte, era considerado bonito, dominava com fluência quatro línguas e me virava em mais duas, formado em economia, tocava piano e violino, sabia cozinhar e nos últimos dois meses tinha aprendido a arte da decoração e da educação de filhos.
Eu já sabia que uma das prioridades desse casamento era a geração de herdeiros o mais rápido possível. O que eu não sabia, é se estava pronto para ser pai, mas tinha no mínimo nove meses para descobrir isso. Se eu fosse mulher, teria o título de rainha, como era homem, não podia ter o mesmo título que meu marido e ser rei, seria como desafiar a autoridade dele, então meu título seria de príncipe-consorte, mas minha função era toda de rainha.
Durante aqueles dois meses ninguém da família real de Beacon veio me ver ou me procurar para falar comigo, às vezes eu até achava que nem existia um noivado, tudo o que recebi foram professores de etiqueta e história beaconianas, alfaiates para tirar minhas medidas e alguns novos empregados. A casa dos meus pais foi reformada e redecorada, toda a nossa dívida nos bancos foi quitada e nossas propriedades foram todas recompradas e reintegradas ao ducado do qual agora minha irmã mais nova era a herdeira. E era toda essa nova injeção de dinheiro que me provava que sim, havia um noivado com um príncipe muito rico.
Durante os dois dias de viagem vi muito de Beacon, mas era o caminho conhecido que levava a Beacon Hills, a escola de elite beaconiana que costumava ensinar todos os filhos de nobres e ricos, não apenas de Beacon, mas dos reinos vizinhos também.
Passamos por muitas montanhas, prados e rios, além das grandes cidades que habitavam esses lugares. Em Beacon a natureza e a vida urbana viviam em harmonia, sempre havia muito verde, mesmo nas grandes cidades, a prioridade sempre foi pensar na qualidade de vida da população e por isso qualquer tipo de desmatamento agressivo era não indicado.
À medida que nos afastávamos de Zor-El e do reino da Krypton, eu suspirava. Não tinha ideia do que esperar de Beacon, de Volpe, do príncipe Stiles, do rei Noah, do castelo ou de qualquer coisa. Estava indo casar com um desconhecido e viver em um reino diferente, sem saber o que esperar além de filhos que eu nem sabia se queria. A única coisa pela qual eu podia me sentir agradecido era por poder levar os meus amigos e dar um pouco mais de liberdade para eles.
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Sob as estrelas do céu
RomantiekQuando Derek Hale, herdeiro do ducado de Kent, viu seu nome estampado em todas as revistas e jornais do país, com manchetes expondo sua sexualidade, ele acreditava estar livre dos casamentos arranjados e das cobranças dos pais. Mas estava muito enga...