STALKER

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Minha irmã gostava de me ligar enquanto comia, entre uma apresentação e outra.

Hyuna falou com a boca cheia:

— Não teve notícias dele nessas duas semanas?

— Não. Eu falei... depois daquele discurso na frente da mamãe e do papai, eu sabia que isso aconteceria. Era como se me preparasse para a vida sem ele. Pediu desculpas à família, pôs as trancas na porta. E o humor dele era bizarro, passou o dia todo na dele. Para ele, parece que a coisa agora é longe dos olhos, longe do coração.

— E você não pretende ir visitá-lo ou telefonar?

— Não vou tomar a iniciativa. É como você me falou há um tempo. Não entendia por que eu não ligava para os avisos que ele me dava. Eu alimentei esperanças. Mas o fato de ele não ter me procurado desde aquela noite é muito decepcionante. Tenho a sensação de que nunca mais vou ter notícias dele. — Era doloroso dizer essas palavras.

— Dá para ver que está tentando ser forte, mas no fundo sei que está sofrendo e sei que não é fácil não ligar para ele.

— Só não consigo acreditar que ele não ligou nem mandou uma mensagem.

— É melhor assim, sabe? Sei que queria continuar amigo do cara. Mas sério... acho que nunca conseguiu controlar seus sentimentos. Você precisava desse espaço que está dando a si mesmo agora. De algum jeito, acho que ele também sabe que assim é melhor para você.

— E o que eu faço agora?

— Volta para aquele site de relacionamentos.

Eu não gostava da ideia, mas sabia que tinha que me esforçar para esquecer Jungkook.

— Na verdade, eu devia ter saído com o Mark semanas atrás, mas continuei adiando.

— Fala com ele, então. Você precisa sair. Mais que isso, precisa se distrair.

— Tem razão. Nem que seja só para sair do apartamento.

— Não vai conseguir superar o cara de um dia para o outro, sabe?

— Não sei se vou conseguir superar algum dia. Só preciso aceitar.

— Aceitar as coisas que não pode mudar... que ideia inovadora.

— Repito isso para as crianças o tempo todo. É hora de começar a seguir meus conselhos.

                                          ***

— Que bom que finalmente estamos aqui — Mark falou ao abrir a porta para mim. — Estava começando a pensar que não queria sair comigo.

— Não. Estava ocupado com a mudança. Desculpe se dei essa impressão.

Estávamos chegando ao cinema para a sessão das nove e quarenta do filme novo do James Bond. Pensei que um cinema lotado seria um local seguro para um primeiro encontro, mas sabia que Jungkook teria me censurado por ter entrado no carro de Mark.

Jungkook não tem mais que dar palpite.

O cheiro de pipoca na manteiga pairava no ar. Mark passou um braço em torno da minha cintura quando entramos na fila. Ele era atrevido, e eu não sabia bem como me sentia em relação a isso, já que ainda não tinha decidido qual era o meu nível de atração física e mental por ele. Também tinha o pequeno detalhe de termos acabado de nos conhecer.

Depois de comprarmos os ingressos, estávamos esperando na fila da lanchonete quando Mark falou no meu ouvido:

— Você já foi ginasta?

Querido VizinhoOnde histórias criam vida. Descubra agora