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Hoje não teve jeito.
Quando minha madrasta entrou em meu quarto e viu que mesmo depois de duas semanas no Estados Unidos eu não havia desarrumado minha mala por completo, ela ordenou que eu colocasse tudo em ordem.
Não era uma bagunça, apenas poucas roupas que eu ainda não tinha tirado da mala. Porém, do jeito que ela contou ao meu pai, parecia que tinha acontecido uma guerra no meu quarto.
Mesmo não querendo, tomei coragem e resolvi arrumar todo o meu quarto de vez. No fim das contas, até que não foi péssimo, encontrei algumas recordações e fotos dos meus amigos do Brasil.
Eu só não sentia tanta falta deles, pois várias fotos eram mandadas a quase todo o momento. Principalmente de Valentina e Liam. Meus dois melhores amigos.
Mas o mais emocionante foi achar um pedacinho de papel que estava totalmente esquecido no bolso da mala. Quando o puxei para fora, pude ver a passagem aérea que eu usei para vir pro Estados Unidos. Toda amassada.
Era apenas um pedaço de papel, mas trazia tantos sonhos, tantas expectativas.... Sorri ao me lembrar de vários momentos no Brasil.
No meio daquelas recordações, encontrei também uma pequena foto estilo polaroide, nela estava eu, minha mãe e meu pai. No ano de dois mil e dezoito, quando tudo ainda era bom.
Não vou mentir, sinto um pouco de saudade daquele época. Meus pais ainda eram juntos, minha vida não era uma bagunça e eu não tinha uma madrasta.
Madrasta, sinônimo de maldade para muitas pessoas. Talvez seja um termo prejorativo ligar madrasta a algo má, porém, no meu caso isso não seria mentira.
Acho que uma das piores coisas que acontecem em toda minha vida foi ganhar uma segunda mãe, como dizem outros. Perto do meu pai ela é uma santa, já quando está comigo, não é nada legal.
Um típico conto. Mas pode acreditar, o meu final com certeza não é nada feliz como os das princesas. Sem nenhuma vida feliz e definitivamente sem nenhum princípe!
𓈒⭑QUEBRA DE TEMPO⭑𓈒
Desci as escadas de forma rápida, antes mesmo de que Maisa pudesse gritar outra vez. Os gritos daquela mulher me irritavam profundamente, até mais do que choro de criança mimada.
Ela e meu pai estavam de pé, bem ali na sala, apenas me esperando aprontar. Fiz um sinal com a mão para que entendessem que eu estava pronta. Os dois saíram de casa e eu fui atrás deles.
- Lívia, sua mãe já disse que vamos ir buscar seu irmão mais velho? - Meu pai me perguntou. Irmão mais velho? Ué, até onde eu sei sou a única filha.
