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- Você terminou o relatório que eu pedi? - A gerente do meu departamento me assusta entrando na minha sala, com o mesmo olhar de desprezo.

- Falta pouco mais de 1 página. - Digo retirando meus óculos de leitura do rosto.

- Tudo bem. Só saia quando terminar. - já se passava das 20:00 da noite. E aquela era a terceira vez em que Seora entrava na minha sala para me alertar de que eu só sairia quando acabasse. Era meu terceiro dia na empresa, e eu já estava a odiando.

Calme Wendy. Você não vai surtar agora e derrubar o castelo de areia.

Repeti para mim mesma nos próximos 40 minutos até aquele "pouco mais de uma página" terminar.

Olhei no relógio uma última vez antes de organizar as coisas e deixar tudo pronto para o próximo dia. Tranquei a sala, deixei tudo perfeitamente preparado para os próximos dias torturantes na empresa de contabilidade que eu estava trabalhando. Já era 21: 25 da noite, peguei as chaves do meu carro e fui correndo para casa.

Abri o portão e coloquei o carro dentro pensando no quanto minha vida tinha mudado desde os meus 12 anos. Pensei no quanto seria legal voltar para a fantasia e para os sonhos que tinha todas as noites, mas abandonar minha filha seria um erro que não era opção. Se eu pudesse voltar, seria um decisão tentadora.

Varri todos os pensamentos ao ver um sapato social masculino na porta de casa. Entrei com as mãos tremendo, sabendo de quem se tratava. 

Passei pela sala e fui em direção à cozinha.

- O que você pensa que está fazendo aqui?! - cumprimentei meu ex marido com um grito.

- Não posso visitar minha filha? - cínico, cara de pau e irrepreensível, Jake me respondeu com um sorriso no rosto.

- Você tem medida protetiva contra mim e contra ela também. Saia já, antes que eu chame a polícia! - meu sangue estava fervendo e eu poderia matar ele agora mesmo, e me arrepender enquanto limpasse meu lindo carpete branco.

- Se acalme Wendy. Você não vai surtar agora e derrubar esse castelo de areia. - Exato. Poderiam se passar anos desde o nosso divórcio. Jake Sim sempre saberia cada passo meu, e isso inclui todos os meus pensamentos. - O dia pareceu cansativo pra você, né?

- Você já falou com ela? - Perguntei, me referindo a filha dele. Que em 12 anos, ele nunca ligou de verdade. Tudo que fez, foi para me atormentar

- Não. Estava esperando você chegar, ora. - Me parabenizei internamente pela minha paciência.

- Seu tempo acabou. Saia! - gritei mais uma vez, rezando para que Saph estivesse em mais um de seus sonos profundos.

- Não irei sair agora. Não adianta, Wendy Lee.

Cacei meu telefone dentro da minha pequena bolsa. Mal o encontrei e já estava discando o número de um colega policial. Criar contatos com autoridades nem sempre é inútil.

- você vai mesmo lugar pra polícia? Pare de drama... Eu não vim aqui para lhe morder, embora eu quisesse. - Jake gargalhou.

- Não sei se você quer morrer, mas eu sei que quero que você vá embora! Você nunca foi bem - vindo aqui. - Jake, que estava sentado calmante na mesa de jantar, se levantou e veio em minha direção. Olhei para os lados caçando qualquer objeto para que pudesse me defender.

Atenda, por favor.

Estar de frente aos belos olhos de Jake ainda me atormentava e era o pior de meus pesadelos.

- Por que você falou em morte? - Quase num sussurro. Jake ergueu a mão e colocou uma mecha de cabelo meu para trás da orelha.

- Cale sua boca. - ordenei, no mesmo tom que ele.

- Para quê isso? Ou será que... - Com um abraço, Jake me colocou dentro de seus braços, encostou minha cabeça em sua cravícula e sussurrou ao meu ouvido. - Você ainda tem medo de mim?

Estava prestes a desabar e surtar com aquele miserável. Mas, o policial finalmente atendeu o telefone.

- Wendy, alô? - junto com sua voz, uma onde de alívio invadiu meu corpo.

- Jake está na minha casa.

Farewell, neverland - Choi Yeonjun Onde histórias criam vida. Descubra agora