Capítulo 12 - Medos

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- Pelo que eu estou lendo no diário deles, eles costumam escrever o que fizeram na escola, o que eles aprenderam ou como foi o dia deles.

- Por que você não olha as páginas anteriores? Eles deve ter algo sobre você.

- Você tem razão. – Volto algumas páginas e começo a ler em voz alta para a Lisa também ouvir. - " Eu achei que com o tempo eu fosse me acostumar a viver sem o papai, mas eu vejo que a cada dia que se passa eu sinto ainda mais falta dele. Eu queria tanto ter ele me buscando na escola como os pais das outras crianças fazem. Ele disse que iria me ensinar a dançar como ele, mas não tivemos oportunidade já que ele era muito ocupado. Eu costumava reclamar do papai me mandar dormir cedo, mas sinto falta dele pegando no meu pé e das suas brincadeiras. Também sinto tanta falta de brincar de guerra de bexigas com ele e meus irmãos. Eu sinto falta de tantas coisas que não teria páginas suficientes para contar sobre tudo. '' eles cresceram tanto Lisa, eles agora conseguem se expressar como realmente se sentem.. eu me sinto tão mal por eles. Tivemos momentos tão bons juntos, mas eu deveria ter aproveitado mais tempo com meus filhos ao invés de ficar trabalhando.

- Michael.. você foi um pai perfeito, trabalhar era algo necessário que você tinha que fazer. Você quando não estava trabalhando, você estava com seus filhos... então, você não tinha quase tempo para descansar, não tem o que reclamarem de você.

- Eu prefiro não continuar lendo o diário deles, eu irei me sentir pior do que já estou. – Guardo o diário aonde estava.

- Por que será que a gente consegue tocar e sentir as coisas materiais e você não conseguiu sentir a mão da sua mãe? Pegar na mão dela?

- Talvez porque ela não consiga nos ver, só as crianças conseguem nos ver.. então acredito que a gente só possa tocar e sentir as crianças.

- Você já consegue imaginar como eles irão reagir quando ver você?

- Esse é meu medo, eu não sei como eles irão reagir.. e se eles sentirem medo?

- É algo que pode acontecer, e é normal Michael. Você já tem que se preparar psicologicamente caso isso aconteça, eles tanto podem ficar feliz de ver você, como com medo.

- Se meus filhos sentirem medo de mim o que faço? Acho que não estou preparado para isso...

- Você só vai saber se ficar para ver. Você ficou tantos anos longe deles, não foi fácil chegarmos aqui. Talvez não teremos outras oportunidades de vir até aqui ver nossos filhos, você não pode desperdiçar essa oportunidade. Independente de como eles irão reagir, você terá a oportunidade de vê-los de perto. – Me levanto indo até ele e dou um abraço. - Vai dar tudo certo.

- Você acha que está preparada para ver suas filhas Lisa? – Fiquei passando minha mão sobre o cabelo dela enquanto a abraçava.

- Eu acho que elas irão reagir de uma forma boa. Elas sempre foram muito corajosas, então acredito que elas não irão ter medo de me ver. Então pensar dessa forma acaba me deixando mais tranquila.

- Eu acho que se eu tivesse vindo sozinho eu não teria coragem de ver meus filhos, mas as coisas que você me falou acabou me tranquilizando mais. Obrigado por isso, obrigado mesmo.

- Você sabe que o que eu puder fazer ou falar para te deixar bem eu irei fazer não sabe? – Levanto minha cabeça para olhar para ele.

- Sei. Digo o mesmo. – Segurei o rosto dela e aproximei nossos lábios iniciando um beijo. Acabou que o nosso beijo foi ficando mais intenso, ela me empurrou na cama e ficou por cima me encarando e dando aquele sorriso que ela sempre dava quando queria algo. - Lisa. Não podemos fazer nada disso aqui, primeiro que aqui é o quarto dos meus filhos, e segundo que esse mundo não nos pertence mais. Seria totalmente errado fazermos algo aqui, se a gente fizer isso aqui provavelmente seremos punidos, você não parou para pensar que provavelmente estamos sendo monitorados?

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