Capítulo Um

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Não me lembro muito bem como é ter uma mãe. A minha se foi quando eu tinha 3 anos. Meu pai raramente fala nela, ele nunca me disse se ela havia morrido ou apenas saído de casa.
As poucas coisas que eu sei sobre ela são que seu nome era Juliana e sua descrição física era praticamente igual à minha: olhos castanhos claros, cabelos loiros e lisos na altura do ombro, magra e alta. Só isso. Eu guardo uma foto dela na minha gaveta, mas quase nunca dou uma olhada nela.

- Maia você vai se atrasar para a escola! Anda logo filha! - meu pai berra da cozinha me tirando do transe.
- Já estou indo pai!

Penteio o meu cabelo, calço um tênis qualquer e desço as escadas correndo. Assim que chego perto da cozinha, já sinto o cheiro de ovos mexidos e pão fresquinho com queijo e presunto. Meu pai está sentado à mesa exibindo um grande sorriso, mas que eu sei que não é verdadeiro. Há muito tempo não é.

- Quer se atrasar para o seu primeiro dia de aula filha? - ele diz meio rindo.
- Claro que não! Só estava distraída. - como um pão com queijo e presunto e lhe dou um beijo na testa.

Vou andando até a escola, afinal, são só alguns minutinhos até lá. Ando pelas ruas ainda desertas por causa do horário. Ao chegar procuro pela minha melhor amiga até que alguém pula em cima de mim. Imediatamente sei quem é e começo a rir.

- Oie! Meus Deus quanto tempo Maia! - diz Rafaela me abraçando.

Sorrio para ela e vamos juntas até a aula de história. Como sempre, nos sentamos no fundo, eu atrás e ela na frente. Uma posição estratégica para passar bilhetes no meio das aulas.
O sinal bate e uma mulher alta e esguia entra na sala meio atrapalhada com as bolsas cheias de livros. Ela está de costas e por isso não consigo ver seu rosto.

- Rafa, onde está a Sra. Marrel? - pergunto curiosa.
- Ah, ela teve que se afastar. Acho que por motivos de saúde. É uma pena, eu adorava ela!
- É mesmo uma pena. - eu resmungo.

Eu costumo não gostar de professores novos. Mas algo na presença daquela mulher me fez sentir diferente.

- Bom classe, eu sou sua nova professora de história e... - ela se virou e quando seu olhar parou em mim, ela ficou estática.

E eu também. Não dava pra acreditar no que eu estava vendo. Aquela mulher era idêntica à pessoa na foto que eu guardava! Mas não era possível...

- Mãe?

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