Capítulo 2

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Só depois que as palavra saíram da minha boca que eu percebi que tinha falado em voz alta. Todos me olhavam curiosos e alguns conversavam em sussurros. A mulher - minha suposta mãe - se recuperou do choque e respondeu:

- Querida, eu não entendi o que quis dizer com "mãe". Eu não tenho filhos!

Ela riu e a classe a acompanhou. Enquanto morria de vergonha, me desculpei, mesmo achando que era muita coincidência. Rafaela me olhava preocupada mas não disse nada. O resto da aula passou tão rápido que eu nem percebi. Eu tentei sair da sala sem ser vista mas a professora segurou meu pulso.

- Eu gostaria de saber o motivo de você ter me chamado de mãe. - ela não estava mais rindo. Pelo contrário, parecia bem séria. O que só aumentou as minhas suspeitas.
- Ah, eu me confundi. É que não vejo minha mãe há muito tempo e você é tão parecida com ela que, por um momento, pensei não fosse apenas coincidência. Mas pelo visto estava enganada. Mais uma vez, me desculpe. - falei tão rápido que estava sem fôlego.
- Hm... Entendi. Bom, nesse caso, não há motivos para se desculpar.

Meu Deus, o que estava acontecendo?

- Eu não estou entendendo. - e realmente não estava.
- É bem simples querida, eu sou sua mãe. - ela tinha um sorriso calmo no rosto.

Precisei de longos dois minutos para me recuperar do choque. Então, eu sonhei a minha vida toda com esse momento e finalmente ela estava aqui. Foi tudo tão direto! Não foi assim que eu imaginei.

- Com licença. - disse e me apressei corredor afora.
- Mas... - escutei ela resmungar algo mas não entendi o que era.

Corri para a próxima aula e o resto do dia passou num borrão. Quando finalmente cheguei em casa, fui direto para o meu quarto e desatei a chorar.

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Nem percebi que tinha caído no sono. Fui olhar o relógio e levei um susto! Já eram 7:00 da noite! Eu não acredito que dormi tanto. Mas também, foi um dia exaustivo. No meu primeiro dia aula, reencontro minha mãe e percebo que ela não é tudo o que eu esperava. E, para quem acha que isso é pouco, pode ter certeza de que não é. Para completar, a Rafaela desapareceu depois do primeiro tempo. Simplesmente sumiu sem avisar!

Tomei um banho rápido e botei uma roupa bem simples. Desci para ajudar meu pai a preparar o jantar. Depois de mais ou menos meia hora, nos sentamos para comer.

- E então minha filha? Como foi seu primeiro dia de aula? Muita gente nova?
- Não pai, só as mesmas pessoas de antes! Mas fiquei feliz em rever a Rafa!
- Hm... E os professores? Algum novo?

Espera aí. Era impressão minha ou ele já sabia? Quando ia perguntar, a campainha tocou.

- Deixa que eu atendo! Deve ser a Rafaela. Ela sempre aparece de repente. - falei já me levantando.
- Espere Maia, acho melhor eu atender.
- Mas...
- Sem mas! - ele retrucou.

Eu o observei caminhar até a porta e, pelo jeito como andava, percebi que estava nervoso. Com a mão trêmula, ele abriu a porta.

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