•Prólogo•

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Fecho os olhos, aperto as têmporas, abro os olhos e os fecho novamente.

Não adianta, nada adianta.

Simplesmente é em vão e completamente inútil.

Não importa o que eu faça ou o quanto eu deseje que isso tudo seja apenas um devaneio criado por mim, pois é real.

E a realidade é dura demais...

Meus pais se separaram a um ano atrás, e por incrível que pareça eu achei que as coisas melhorariam.

Sem brigas, sem agressões, sem gritarias e sem problemas...

Era o que minha mente ingênua e inocente idealizava já que meus pais viviam em meio à brigas e discussões. Foi assim desde que me lembro, foi em um ambiente desunido e desestruturado que eu cresci.

Paz?

Eu desconheço essa palavra! Nunca soube o que é realmente ter paz...

Pareci até piada agora que eu sei o que vem depois dessa "paz".

No início, depois do divórcio dos meus pais, tudo foi maravilhoso! Eu estava feliz e satisfeita com o ambiente pacífico em minha casa. Eu e minha mãe nos tornamos ainda mais inseparáveis, eu ligava todos os dias para conversar com o meu pai e nos finais de semana eu e minha mãe sempre tínhamos uma programação.

Eu estava feliz, finalmente feliz!

A paz que eu sentia ao atravessar a porta de casa após chegar da escola e não ouvir gritos, ofensas e choros era indescritível. Pela primeira vez eu estava realmente satisfeita com a minha vida.

Eu e minha mãe vivíamos muito bem sozinhas, em todos os quesitos. Não havia do que se queixar. Mas como tudo o que é bom dura pouco, minha felicidade durou apenas alguns meses.

Meu castelo de areia do qual eu demorei tanto para construir, foi destruído e reduzido ao nada. Minha tão almejada "paz" foi arrancada de mim de maneira bruta e cruel.

Flashbacks da noite em que eu vi tudo desmoronar bem diante dos meus olhos ainda assombram meus pensamentos. Eu não estava preparada para aquilo, e eu não estou preparada para nada disso!

De melhor mãe do mundo e minha melhor amiga, minha mãe se tornou uma alcoólatra e suicida.

Não havia mais eu e ela, era apenas eu e eu mesma.

Era apenas ela, seus vícios e seus demônios internos.

Eu queria muito entendê-la, e de verdade, eu tentei. Tentei entender o motivo de toda a sua mudança repentina e suas ações inconsequentes. Tentei entender o porque de uma mãe maravilhosa e exemplar ela se tornou totalmente o oposto disso.

Mas como entender uma mente transtornada?

É praticamente impossível...

De volta à estaca zero, estou no fundo do poço novamente. Mas alguns metrôs de profundidade e eu nunca mais conseguirei sair daqui. Agora eu já não sei qual é o pior: meu passado ou meu presente. Mas suplico para que meu futuro seja melhor.

Solto um longo suspiro. Estou cansada, e realmente não tem nada que se possa fazer... Não é possível apenas fechar os olhos e fugir da verdadeira realidade.

Essa é a história da minha vida catastrófica da qual sou obrigada a viver.

A não ser que eu desista de tudo.

Between Love and Hate Onde histórias criam vida. Descubra agora