Como se fosse puxado por uma força maior do que ele, Ramiro se aproximou do bar, engolindo em seco e com a respiração quase suspensa. Na porta, paralisou por alguns instantes, atordoado com a visão de Kelvin se contorcendo na barra de pole dance. De repente, teve um lampejo do que ele achava ser lucidez, murmurou um "sai, tentação" quase sem forças, e saiu num passo apressado e agoniado.
Mas Kevin percebeu a presença e foi atrás:
- Ramis, Ramis, você tá fugindo de mim? - gritou o loiro, sem se importar em ser ouvido.
Ramiro pensou em retrucar, mas preferiu apertar o passo, indo em direção a um arvoredo.
- Ai, que homem difícil... Mas eu gosto de desafios - com um sorriso malicioso no canto dos lábios, Kelvin pensou alto, acelerando a marcha também.
Já adentrando o arvoredo, o peão percebeu que estava sendo seguido. Virou a cabeça, mas tentando não olhar para o rapaz, e resmungou, sem parar de andar:
- Pára de me seguir, ô peste!
- É isso mesmo que você quer? - Kelvin retrucou num tom sedutor.
- Mas se eu tô dizendo... - Ramiro tentou afirmar, mas a voz saiu trêmula.
- Ah, Ramis, você pode fugir de mim, mas não do que você sente - o loiro sorria com um ar vitorioso.
O jagunço parou de repente, o outro apenas reduziu o passo, se aproximando lentamente. Estavam já no meio da mata, e Ramiro enfim se virou. Aquele homem grande e bruto parecia um menino assustado, com jeito de quem estava segurando o choro:
- Ocê não cansa de me perturbar o juízo? - falou num tom quase de súplica.
- Mas eu não tô fazendo nada... - Kelvin fez cara de inocente, depois mudou para um olhar travesso - Tudo isso é saudade de me dar uns apertão?
- É, eu gosto dos apertão e de tá com ocê - o peão foi falando quase sem notar, mas num rompante se virou depressa, juntando forças para dizer com firmeza, enquanto olhava pro chão - Pára com isso, eu já falei que sô macho!
Kelvin deu a volta, ficando em frente ao moreno novamente, e com cuidado levantou seu queixo, para olhar nos olhos do amado:
- Ô Ramis... Você continua sendo. Tem que ser muito macho pra ser viado, sabia? É todo dia um preconceito, um olhar torto, um julgamento. Tem que ser muito forte pra ser quem a gente é de verdade, pra não se esconder em um casamento fake, como muitos "homens de família" fazem...
Ramiro ouvia aquele desabafo com os olhos arregalados, e murmurou, com a voz embargada:
- Mas eu não sô viado...
- Ainda bem, continua assim, com olhos só pro Kevinho aqui - devolveu o loiro, sorrindo e olhando com desejo para o peão.
Sentindo como se o chão fugisse a seus pés, o moreno coçou a cabeça, tentou desviar o olhar, mas parecia que quanto mais lutava, mais era tomado por aquela força que o puxava para Kelvin:
- Não fica me olhando assim, safada...
- Por quê? Tá com medo de não resistir a essa gostosa? - provocou o loiro, com sensualidade - Me dá um apertão, vem...
Lentamente, Ramiro foi aproximando a mão da cintura de Kelvin, e pressionou com força, sentindo como se um choque percorresse todo seu corpo. O outro soltou um gemido suave e ao mesmo tempo lascivo, de quem pedia por mais daquele contato. O peão estava ofegante, e foi aproximando cada vez mais sua boca dos lábios de Kelvin, que já estavam entreabertos, esperando o beijo. E sem conseguir evitar mais, Ramiro puxou o rapaz para junto de seu corpo, e o beijou com desespero, como se quisesse saciar uma sede de muitos dias.