Operação: Casamento real | Romance gay

Capítulo 1 - O tornado e o terremoto

Pela janela do vagão em que estava, era possível ver as planícies cobertas por flores cor de lavanda, com trechos retangulares de terras ao fundo com cobertura dourada indicando plantações de trigo. Gustave achava aquela paisagem deslumbrante e a admirava sempre que passava por aquele trecho, o que fez pouquíssimas vezes em sua vida. Ele nunca foi muito de sair dos arredores do castelo onde morava, no Reino de Geruza, e quando tinha oportunidade de viajar sempre aproveitava para observar bem todos os lugares por onde passava. Ele também anotava informações sobre os locais e desenhava em seu caderno as paisagens que mais o marcavam.

Aquelas planícies indicavam que a locomotiva ainda estava passando pelas terras de Geruza, mas logo Gustave avistaria a Floresta de Malur e ele saberia que a locomotiva começaria a adentrar as terras do Reino de Sorbênia. Os dois reinos, Geruza e Sorbênia, eram vizinhos e mantinham uma boa relação diplomática entre si pois necessitavam um do outro. Nesse mundo onde reinos surgem e caem tão rapidamente, é impressionante como Geruza e Sorbênia se mantiveram firmes durante tanto tempo, e parte dessa longevidade se dava pela boa relação entre os monarcas que comandavam ambos os reinos.

Os monarcas atuais, o Rei Geovane de Geruza e a Rainha Brigide da Sorbênia, mantiveram viva a boa relação entre os reinos que já era cultivada por séculos. Era de se esperar que os acordos e pactos entre os reinos se mantivessem pois um precisava do outro comercialmente. Geruza era um reino com vastas planícies cultiváveis e tinha força na agricultura e pecuária, além de ser próxima do litoral e, por tanto, apresentar interesse turístico. Já Sorbênia era um reino localizado entre serras e florestas, o que dificultava a agricultura, mas permitia atividades extrativistas, gerando recursos importantes. Além disso, Sorbênia era conhecida por ser berço das mais célebres mentes no que diz respeito às artes e à ciência.

É muito difícil de saber quando a boa relação entre os reinos foi estabelecida, mas acredita-se que ela tenha se formado desde os primórdios de Geruza e Sorbênia. E, por manter essa boa relação por tanto tempo, os dois reinos conseguiram prosperar, crescer, e se tornaram reconhecidos em todo o continente. Com o tempo, Geruza se transformou num grande distribuidor de produtos agrícolas, principalmente o trigo, e Sorbênia era procurada por sua grande Universidade, a qual já havia formado grandes nomes em diferentes áreas do conhecimento.

Gustave é o filho mais novo do Rei Geovane de Geruza e o segundo na linha de sucessão ao trono. Ele seguia para a Sorbênia no vagão reservado para a realeza juntamente com seu irmão mais velho, o príncipe Saymon, e algumas pessoas da comitiva real, incluindo a assistente pessoal de Gustave, Angelle. A comitiva real foi enviada de última hora pelo Rei Geovane para realizar uma visita diplomática à Sorbênia. Gustave, que sempre ficava atento às conversas e aos fuxicos que rolavam pelo castelo, sabia a importância dessa visita.

Nos últimos tempos, rumores que o Reino de Celândia estava expandindo seus territórios começaram a surgir. Esses rumores se tornaram realidade quando Celândia conseguiu anexar às suas terras dois reinos próximos à Sorbênia. E isso não era bom. Sabia-se que o rei de Celândia era ganancioso e que não iria querer parar de aumentar seu poder e suas terras e havia o medo de que Geruza e Sorbênia pudessem ser os próximos alvos dessa ganância. Era possível que Celândia tentasse anexar os seus vizinhos através da força e o Rei Geovane e a Rainha Brigide não podiam apenas esperar o dia em que isso aconteceria.

Era necessário unificar os reinos de Geruza e Sorbênia e essa unificação faria com que os reinos tivessem força suficiente para impedir um avanço de Celândia. E, como de costume, as uniões entre reinos necessitavam de uma união entre a realeza. Assim, foi acordado entre o Rei Geovane e a Rainha Brigide que seus filhos mais velhos, o príncipe Saymon de Geruza e a princesa Brianna de Sorbênia, iriam realizar o enlace do matrimônio e, dessa forma, selar a união definitiva dos dois reinos.