𝟎𝟏 | A GAROTA MAIS HONRADA DA CIDADE

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Ser filha do prefeito de Jurerê não era nada fácil. Muito menos morar na porra de uma mansão duplex enorme! (S/n) constantemente tinha que andar de um lado pro outro e arrumar algumas tarefas sozinha quando os pais estavam ocupados com outras coisas...

De todo jeito, ela estava com uma caixa enorme do correio em mãos, e já estava xingando baixinho por ter que subir tantas escadas, antes da sua atenção ser chamada. Parou, virando-se para trás, as íris (cor dos seus olhos) encontrando um olhar ambicioso pertencente à nada mais nada menos que seu pai.

Eduardo (S/s) virou o pescoço para olhar em volta. Quando não estava representando o povo, ele pedalava furiosamente nas ciclovias de Jurerê se pavoneando com aquelas bermudas de ciclismo e camisetas justas e coloridas de spandex, balançando as mãos para as pessoas que passavam para tentar angariar votos.

Ele ficou parado diante dela, os enormes olhos castanhos enfeitando um rosto bonito demais. Meio que sorrindo.

- Você pode cuidar da filha do...

- Não vou cuidar da filha de ninguém não! - Respondeu (S/n) bruscamente, claramente irritada, e deveria estar; afinal, havia sobrado para ela carregar escada acima aquela caixa com restos de azulejos e outros materiais que a mãe tinha comprado por uma pechincha.

A mãe de (S/n) tinha quarenta e quatro anos, era artista plástica e dava aulas na Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc) e nas horas vagas era esposa e mãe super protetora.

- ...Satoru hoje? - Ele se interrompeu meio espantado com a negação da filha, mas não queria deixá-la brava.

(S/n) era a filha perfeita, mas quando ficava brava parecia um bichinho selvagem. Era melhor esperar um tanto. Ela era estudante de medicina na Universidade Federal de Santa Catarina e quatro vezes campeã estadual de vôlei. Ela tinha inteligência, charme e uma tendência terrível a desejar tudo que não podia possuir. Era uma jovem encantadora, sua presença em qualquer ambiente fazia bem, todo mundo na cidade gostava dela. As pessoas tinham razão quando diziam que a menina "sairá como ele". Uma jovem tão bonita, cheia de manha e que conseguia fazer com que todo mundo fizesse tudo o que ela queria só podia ser filha dele. Era uma pequena tirana!

- Filha do Satoru?

(S/n) sentiu as bochechas corarem. Não por vergonha; era difícil ela sentir algo do tipo, mas sim porque de repente estava com calor. Aquele nome sempre seria seu ponto fraco. Virou o rosto para o outro lado com uma expressão maliciosa no rosto e um brilho nos olhos que geralmente significava que estava aprontando alguma coisa.

- Sim! - Confirmou o pai- A mulher dele vai precisar sair e perguntou se você podia ficar com ela.

- Tá bom, eu vou falar com ela. Paai, não fica aí parado! Vem me ajudar! - Ela apontou com o queixo para a caixa nas mãos. - Leva essa encomenda pro estúdio da mamãe.

(S/n) entregou a caixa para o pai e desceu as escadas em direção a porta da frente.

- Dê meus cumprimentos ao Satoru e diga que estou contando com o voto dele no ano que vem! - Ouviu o pai dizer

- Não se preocupe papai! O Satoru vive falando que adora as suas obras, principalmente aquela que levou nove meses.

- Aquela que levou nove meses? - Questionou-se ele, mostrando-se confuso, mas logo pareceu recordar-se de algo - Ah sim, a reforma no píer ...

(S/n) passou depressa pela sala da casa, parando em frente ao espelho do vestíbulo, onde alisou a saia do vestido e passou gloss nos lábios.

- Volto mais tarde. — disse, enquanto fechava a porta da frente.

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⏰ Última atualização: Aug 29, 2023 ⏰

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