Lily Desmemoriada Evans

Talvez eu sinta algo

Eu já tinha perdido o jantar, então fui para o meu quarto terminar de ler as cartas.

"Querida Lily,

Fico feliz que gostou de seu presente, e sim, é uma surpresa. Acho que em pouco tempo consigo de mostrar.

O natal foi bem tranquilo aqui em casa e todos os marotos estavam aqui no dia 25. Pena que você não pode vir. Senti sua falta e espero que você tenha sentido a minha. (Já vejo você revirando os olhos nesta última frase).

Dia primeiro é lua cheia e vou ficar com Remus, mas caso você ainda não tenha planos, pode vir passar o ano-novo conosco. Vamos ficar na minha casa por causa do Remus que provavelmente não vai estar muito bem, mas será divertido.

Sirius pediu para dizer que já terminou de ler o livro que você emprestou para ele e que "você não deveria ler essas coisas", palavras dele. Até eu fiquei curioso sobre o livro depois disso. Se importa se eu ler?

Abraços,

JP"

Será que eu fui para a casa dele? Não me lembro de passar o ano-novo em lugar nenhum, então devo ter estado com ele.

"Querida Lily,

Te verei de novo em alguns dias e no momento parece uma eternidade. Obrigado por ontem e prometo que não vai se arrepender.

Te vejo na estação. Estarei te esperando.

JP"

Essa carta foi bem curta. 

"Meu amor,

Fazem menos de 12 horas que não te vejo e já estou em agonia. Precisamos dar um jeito nisso ou não vou sobreviver até o final do verão."

Não terminei de ler. Todas as outras cartas eram do verão, então achei melhor não ler agora. Deveriam ser cartas de amor.

James Potter das cartas parece diferente do Potter que me lembro. Mais centrado, maduro e claro, sempre com aquele ar brincalhão.

— Alguma coisa boa nessas cartas? — Escutei a voz dele antes de vê-lo encostado no batente da minha porta com os braços cruzados no peito e a gravata desamarrada.

Eu tenho certeza que ele sabe o que provoca em mim.

— Nada que ative minha memória. — Dei de ombros desanimada.

— Você perdeu o jantar. — Ele afirmou e não tive o que responder. — Está com fome?

Eu ia mentir falando que não estava, mas meu estômago respondeu por mim.

— Vêm, eu te levo na cozinha. — Ele sorriu para mim.

— Eu sei chegar na cozinha sozinha. — Sim, era uma ótima ideia.

— Claro que sabe, eu só vou para te fazer companhia. Você não gosta de comer sozinha. — Ele comentou e olhei novamente para ele.

— Quem gosta? — Perguntei colocando os papéis na caixa novamente e indo em sua direção.

Andamos pelos corredores do castelo em silêncio. Eu pensando em como deveria ter sido aquele Natal e Ano novo e ele perdido nos próprios pensamentos.

— O que mais tem naquela caixa? — Ele me perguntou de repente.

— Coisas sem conexão nenhuma. — Dei de ombros e ele me olhava curioso. — Você não viu essa caixa? — Ele fez que não com a cabeça. — Então tínhamos nossos segredos. — Brinquei e ele fechou a cara. — São coisas bobas como fotos nossas, cartas suas, uma folha seca, um guardanapo de uma sorveteria e coisas do tipo.