Eu dava apenas duas aulas de Fundamentos Filosóficos da Arte, porém eu tinha aula das outras matérias também. E acabei dando a última aula na sala de Senju no mesmo dia.
Eram aulas práticas de escultura. Eu apenas orientava e avaliava o trabalho dos alunos, dava conselhos. Como estavam no primeiro semestre, estavam apenas planejando seus projetos. Eu surpervisionava enquanto ninguém pedia minha ajuda.
Passando meus olhos pela sala, eles encontraram Senju. Ela estava concentrada enquanto rabiscava o papel. Em passos lentos, fui olhando os planejamentos de outros alunos até chegar em Senju. Ela estava sentada com seu tronco inclinado fazendo seu rascunho.
– Nosso café ainda está de pé? – ela falou sem tirar os olhos da folha.
– Apenas se você quiser cancelar. – ouvi ela soltar um arzinho pelo nariz. Ela virou seu lápis de ponta cabeça e apagou algo e logo assobrou.
– Não costumo cancelar compromissos. – assenti com um pequeno sorriso.
– O que está fazendo? – ela finalmente arruma sua postura e me olha.
– Nada de interessante. – ela pega o papel, o amassa e joga no lixo – Não tô tendo muita criatividade pra isso.
– Até o final do semestre você consegue pensar em algo. – inclinei um pouco meu tronco, me aproximando dela e sorri sem mostrar meus dentes, inclinando levemente a cabeça. – Não coloque pressão em algo que gosta de fazer.
Foi o que eu disse por fim, antes de ir até outra mesa, onde um aluno me chamava. Pelo canto do olho, vi Senju me encarar pensativa, depois pegou outra folha e continuou pensando largada na cadeira, com a cabeça do lápis entre os dentes.
Quando a aula acabou, Senju estava na mesma posição que antes, e quando todos começaram a sair, foi quando ela tocou seu lápis no papel. Eu sorri e sai da sala junto com os outros. Quando você realmente se concentra, nada ao redor te atrapalha.
Fui até a cafeteria que ficava ao lado da universidade, e peguei dois capuccinos para viagem. Quando voltei para sala, ela continuava rabiscando seu papel, o apagando e rabiscando. Peguei a cadeira da mesa ao lado e coloquei na frente da mesa de Senju. Coloquei sua bebida um pouco afastada e ela sorriu pra mim. E só falou realmente comigo quando parou de desenhar. Eu já estava na metade do copo.
– Pensei que não gostasse de cancelar compromissos. – ela deu risada.
– Não tinha cancelado, só iria me atrasar um pouco. – sorri e ela tomou um gole do capuccino – Obrigada.
– De nada. – tomei um gole do meu – Posso ver? – ela parecia envergonhada em me mostrar, e quando eu vi, entendi o porque – Sou eu? Me desenhou como uma escultura grega?
– Não irei fazer essa pra exposição, mas foi a única inspiração que veio na minha cabeça. – ela encarava no fundo dos meus olhos. Os olhos de Senju eram tão verdes que me lembravam obras do arcadismo da forma mais bela possível.
Seu desenho mostrava um pouco abaixo dos seios até o final da cabeça, a parte um pouco antes das minhas mãos se cruzavam de forma dramática, assim como a expressão do meu rosto também estava. Mas eu fiquei tão bonita assim, que não sabia o que dizer.
– Tanto que você me dê de presente. – ela sorriu e assentiu.
– Com certeza, Professora Stan. – ela piscou com um dos olhos e eu dei risada, ela voltou a me encarar – O capuccino estava uma delícia, acertou em cheio.
– É como você falou, somos parecidas. – ela sorriu e assentiu – O que acha de fazermos isso mais vezes, só que na próxima vez, em uma cafeteria de verdade.
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𝐓𝐔𝐃𝐎 𝐐𝐔𝐄 𝐀 𝐀𝐑𝐓𝐄 𝐍Ã𝐎 𝐃𝐈𝐙, senju kawaragi
FanfictionA professora novata de artes na universidade de Tokyo faz uma simples pergunta: "O que a arte não diz?" E a aluna com cabelos grisalhos responde: "Tudo o que eu sinto." Stan Hiroshima era a nova professora de artes da Universidade de Tokyo. Logo no...