A neve incessante caía nas ruas da cidade de Vintro, um jovem de pele clara, quase pálida, que possuía sardas no rosto, cabelos brancos e olhos azuis, além de brincos pretos em cada orelha, caminhava em meio ao temporal, sem rumo, o frio não o incomodava, aliás nunca incomodou, sua única dificuldade era de caminhar sobre a neve, com cada passo seu afundando na mesma.
A situação em que o garoto estava, não seria a mais ideal de se estar para uma pessoa normal, mas ele não sentia isso, ele se sentia aliviado, a neve e o frio eram confortáveis, mais confortáveis do que ficar em seu lar adotivo, com pessoas que sequer se importavam com o mesmo, a sensação de liberdade que sentia era indescritível, nunca mais precisaria ser taxado de maluco ou de delinquente, quando uma situação totalmente fora do seu controle ocorresse novamente, não precisaria mais ser julgado ou espancado por simplesmente existir, ele enfim se sentia livre, caminhando nas ruas repletas de neve, em meio ao temporal, com uma única mochila em suas costas.A rua estava deserta, não havia nada que denunciasse que já houve alguma presença humana no local, com exceção dos prédios e postes de luzes, que iluminavam o caminho do garoto nessa noite de céu fechado, porém o garoto não sentia que estava sozinho, mesmo olhando para os lados, para trás ou para cima, o mesmo não via ninguém, ele já sentira essa sensação algumas outras vezes em sua vida, mas nenhuma vez foi tão intensa como agora, a preocupação tomava conta de seu ser, ele havia acabado de conquistar sua liberdade, será que já seria forçado a abandoná-la?
Ansioso, o mesmo então começou a apressar os seus passos, porém ele não sabia aonde ir, não poderia voltar para casa, ou sequer pedir ajuda a algum estranho no meio da noite, perdido e com essa sensação de perigo urgente crescendo cada vez mais, o mesmo começou a correr em disparada a algum lugar desconhecido, e enquanto corria, passos firmes ecoavam na neve por de trás dele, e os postes de luzes a sua volta, estranhamente começaram a piscar, como se alguma falha na iluminação local houvesse ocorrido apenas para pressionar ainda mais o psicológico do garoto.
Ele não sabia o que estava acontecendo, não podia dar o luxo de olhar para trás, para ver o rosto de seu perseguidor, a única coisa que sabia e ouvia era os passos correndo atrás de si, em meio ao temporal. A neve que antes afundava em seus pés, já não era mais o seu maior problema, e sim o cansaço, que o atiraria direto nos braços de quem quer que fosse correndo atrás de si, porém em algum momento, os passos que seguiam atrás dele pararam de ressoar, entretanto o garoto não parou de correr, cruzou ruas e avenidas desertas, e acabou perdendo o fôlego em meio a uma encruzilhada de ruas, se apoiando na parede de um prédio para tentar recuperar o fôlego, o mesmo já não ouvirá mais os passos correndo atrás de si a um bom tempo, ele não sabia se havia despistado o perseguidor, então em um ato nervoso, olhou para rua de onde vinhera, para conferir se havia alguém ali, porém ela estava vazia, aliviado por enfim ter conseguido despistar quem quer que fosse, olhou novamente para frente numa tentativa de relaxar, mas o que não esperava, era se deparar com um ser de capuz em sua frente, e com o susto que tomou, se espremeu na parede, já não havia mais como correr, e o medo tomou conta de si.– Olá, caro Progênie– uma voz rançosa e rasgada saiu de dentro do capuz da figura, então a visão do garoto logo escureceu.
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– Ei, garoto? Acorda!!– uma voz masculina ressoou nos ouvidos do de cabelos brancos, sua visão estava um pouco embaçada ao acordar, com a voz o chamando.
– Você ainda tá vivo, né?– Quem está aí? Arg, minha cabeça dói– disse o jovem tentando esfregar a cabeça, porém suas mãos estavam algemadas na parede.
– Mas que merda?– continuou falando, com sua visão já de volta ao normal e enfim se tocando da sua situação.O garoto de olhos azuis, estava pendurado na parede pelas mãos, que estavam algemadas, o local que se encontrava remetia a um porão escuro, com a única fonte de iluminação vindo de um forno a lenha, com as chamas vividas irradiando o local com suas cores alaranjadas, no local havia também uma escada de madeira acabada, com teias de aranha espalhadas no local, mesas cobertas com panos velhos e estantes de livros empoeirados.
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Progênies
FantasyCharlie, é um jovem de 16 anos, que após fugir de seu lar adotivo é sequestrado por uma misteriosa criatura ao qual lhe chama de "Progênie". Ao acordar, o mesmo conhece Hoder, um jovem rebelde de 17 anos, que revela a ele que os deuses são reais, e...