Progênies

Cap.02 - Fantasia

– Cuidado!!– Charlie então deu um empurrão em Hoder o tirando do caminho das garras da Vue, só que dessa vez, ela parou o ataque na metade, como se já soubesse o que iria acontecer.
– Sobreviva agora, depois você se apresenta, idiota!!

– Sua maldita cria! Você se deixou ser capturado por mim propositalmente, caçador ordinario!!– falou ela, virando o rosto na direção do jovem de olhos pretos.

– Espera, isso é sério??–  Charlie olhou incrédulo para o outro.

– Claro, "Floco de Neve", de que maneira eu reuniria informações? Além do mais, se não estivesse aqui, eu não teria te encontrado– disse ele, dando um sorriso malandro.

– Você...– ele ia continuar sua fala, mas foi interrompido pela Vue, que com um golpe extremamente rápido, cortou a bochecha esquerda de Charlie em três filetes, que começaram a sangrar levemente, sendo um estrago menos grave do que seria se Hoder não o tivesse puxado na hora.
– Aah, merda.

– Preste atenção "Floco de Neve", a partir de agora as coisas ficaram sérias!!– falou o de cabelos pretos, tomando a frente.

– Fedelho imundo! Cria nojenta! Maldito! Maldito!– reverberou a Vue, repetidas vezes sem parar, com todas as veias do seu corpo se contraindo. E as palavras gravadas em sua face e corpo começaram a brilhar fortemente em uma luz dourada, e a pupila de seu olho começar a se dilatar. Logo toda a sala em volta deles começou a tremer e a se mover.
– Você quer brincar então Progênie? Então vamos começar a diversão.

  Assim as paredes de todo o ambiente cobriram a figura da Vue, enquanto o chão se movia com fortes tremores, o que fez Charlie e Hoder perderem ambos o equilíbrio do corpo. O chão se separou entre ambos os garotos e começou a se movimentar em direções opostas, contudo, antes que os dois se separassem por completo, Hoder mais uma vez envolveu seu braço em areia púrpura e lançou na direção de Charlie, que após chegar até o mesmo, as paredes se fecharam entre os dois, e o braço de areia, que vinha do corpo de Hoder se desfez, com toda a areia roxa, caindo ao chão, formando um pequeno monte aos pés de Charlie.
  Quando a parede e o chão enfim pararam de se mover, o jovem de olhos azuis, estava em um quarto que remetia a uma sala de chá, velha e empoeirada, com a única fonte de luz, vindo de velas espalhadas por todo o local.

– Arf, mas que...– falou o esbranquiçado, se interrompendo e caindo ao chão, com suas pernas trêmulas.
– O que que está acontecendo?– suspirou, fazendo a pergunta mais para si próprio do que para qualquer um que pudesse ouvir.

  O garoto então se recostou na parede próxima tentando descansar e processar todos os eventos que ocorreram até então.

– Certo, se acalma e respira!!– disse, sussurrando para si.
– Merda, eu só queria fugir de casa e ter um pouco de paz, mas nãooo, tive que ser sequestrado por um monstro que literalmente quer me comer, acordar com um fdp piadista do meu lado, arranjar briga com o monstro, passar por toda essa... essa... sei lá o que foi isso... reforma instantânea de casa?!?!– continuou ele, então parou e respirou fundo.
– Se acalma Charlie! Você até está falando sozinho de novo.. vamos lá, só fecha os olhos, respira fundo e se acalma.

– Ah, eu acho fofo você falar sozinho desse jeito– como um pequeno zumbido, a voz de Hoder soou no ambiente.

– Mas que... onde você está?

– O fdp piadista tá bem aqui do seu lado, "Floco de Neve"– soou a voz novamente, o que fez Charlie olhar para o lado e se deparar com uma pequena mosca, voando perto do seu ouvido.

– O que é isso?– disse Charlie, olhando confuso para a mosca.

– Isso, meu caro "Floco de Neve", é uma mosca ao qual posso manipular a percepção. Eu a criei naquela hora que meu braço se transformou em areia antes de nos separarmos, lembra? Meu poder me permite transmutar essa areia que eu gero em qualquer coisa e a manipular, eu chamo essa habilidade de "Fantasia".