O Flerte da Melancolia

08 - Um Engano em Dobro.

A caixa olhava para si, Wei Wuxian sentia que sim.

— Que tal se você olhar o que tem dentro dela? — o Patriarca sugeriu após o Wei perguntar o que faria com ela.

— Eu quero olhar, mas eu não quero — Wuxian respondeu ligeiramente confuso consigo mesmo.

— Você só vai saber se abrir, para de sofrer por antecedência, que saco, eu que fico escutando tudo.

O Patriarca estava certo, Wei Wuxian sabia que estava, mas ele estava com receio de abrir, por algum motivo até mesmo com medo. Ainda pensando nisso, ele pegou um salgadinho de presunto e começou a comer enquanto tentava chegar em alguma conclusão. Como se o salgadinho fosse lhe dar iluminação.

— Mas e se eu me arrepender? — Ele perguntou, comendo constantemente.

— É melhor do que ser assombrado pela caixa de madrugada.

Wuxian se levantou em uma súbita coragem, abriu sua mochila e pegou uma tesoura. Com muito cuidado e devagar ele cortou a fita que estava lacrando a caixa, e se preparou para o que viria.

— Wei Ying — de repente Wangji o chama do outro lado da porta.

— Sim? — Wei Wuxian respondeu, soltando o ar que nem mesmo sabia estar segurando.

— O almoço está servido.

"Ah! Graças aos céus!"

Wuxian comemora, ainda incerto se queria ou não saber o que havia dentro da caixa.

— Certo, estou indo — ele deixa a caixa de lado, larga a tesoura em um local qualquer e abre a porta — Tô morrendo de fome.

— Atrapalhei seu sono? — Wangji pergunta, visivelmente preocupado.

— Uh? Não, eu já tava acordado.

Wei Wuxian sempre acordava tarde, isso era um fato, Lan Wangji até mesmo mudou o horário do almoço para uma hora mais tarde que o habitual. Mas ainda assim, sempre perguntava sobre o sono do Wei.

Eles se sentaram de frente para o outro na pequena mesa quadrada de quatro lugares, e comeram em silêncio por um bom tempo — o Wei se acostumou com a ideia de não falar entre as refeições —, até Lan Wangji quebrá-lo.

— Wei Ying.

— Hm?

Lan Wangji não disse mais nada, apenas entregou ao Wei um caderno de tamanho médio, com uma capa simples marrom de papel reutilizado e uma caneta, pressa na capa.

— Pra que isso? — Wei Wuxian perguntou largando seus talheres e folheando o caderno, percebendo que havia somente folhas em branco.

— Faça um diário, pode ser do seu dia, ou de coisas passadas — Lan Wangji fez uma pausa, mas logo continuou — Pode desenhar se quiser também. Apenas registre algo todo dia.

— Você vai ler depois?

— Não! — Wangji negou rapidamente, um leve rubor apareceu em suas orelhas — É seu, sinta-se livre para guardar ou fazer qualquer coisa quando as folhas acabarem.

— Tudo bem — o Wei respondeu, colocando o caderno ao lado de seu prato.

O almoço continuou enquanto o Wei balançava suas pernas incansavelmente. A ansiedade já fazia parte de sua vida, Wei Wuxian nem mesmo percebe quando está ansioso por algo. Para falar a verdade, nem ele mesmo sabe o porquê de estar ansioso. Ele simplesmente está, e detesta não saber o motivo.

Com as poucas sessões de terapia que teve, esse foi o diagnóstico mais lógico que recebeu. Ele ainda se lembrava das palavras da Psicóloga brevemente. Era algo como: