Nossa Música

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Jenna

- Sn mandou mensagem filha - minha mãe avisa.

- Ela e aquela Bruna são as últimas pessoas que eu quero conversar, mamãe.

- Jenna! Não guarde rancor, a Sn não fez nada.

- Sabe mamãe, quando eu lembro de nós duas, eu sinto a dor, fui tentar esquecer ela naquele baile, e o som tocou, eu queria dizer a ela coisas de amor, mas ela se foi, tá em outra, e nossa música ficou.

- Filha - minha mãe se aproxima - você ficou longe por um tempo, a vida de todos seguiu, infelizmente, até você! Olha só, não está com aquele rostinho de adolescente e sim de uma mulher.

- Quer saber, me da esse celular.

Um sorriso abre no rosto da minha mãe.

- Vou deixar você só, aproveite - ela pisca antes de sair.

Assim que pego no celular, percebo uma chamada perdida de Sn, junto com uma mensagem no aplicativo de torpedo.

- Olha sinceramente...eu acho que eu estou me deixando levar um pouco pela expectativa, mas me liga depois - ela suspira - Acho que a gente precisa conversar né?

Trêmulas.

Era assim que minhas mãos se encontravam, enquanto eu procurava o número de Sn, para retornar a chamada perdida.

- Jenna! Meu deus, você atendeu! - ela fiz aliviada? É eu acho - Você está bem?

- Bem? - eu solto uma risada irônica - é uma palavra muito forte, não acha?

- Desculpa, só estou preocupada, e queria pedir desculpas pela Bru...

- Não fale esse nome, eu tenho nojo! - eu corto a mesma.

- Ortega, eu estou tentando ir com calma, mas você está sendo grossa demais, e eu não sou de açúcar, pra aturar isso.

- E a gente? Você me trocou!

- Não! Eu te esperei, mas foi tanto tempo, que cansa né, você lá e eu presa num amor que só me machucou, ou você não se lembra de tudo? Não se lembra da garrafa? Da escada? Nada?

A cada palavra que a mesma dizia minha mente ficava mais alucinada.

- Jenna, eu não mereci nada daquilo, e mesmo assim, eu nunca contei a ninguém, a ninguém mesmo, mas eu poderia muito bem ter feito o inferno na sua vida, mas não fiz, sabe por que? Por que eu te amo!

- Que garrafa, e que escada? - foi a única coisa que consegui sair da minha boca.

Sn suspira do outro lado da linha.

- Na casa do Léo, estávamos num churrasco e você bebeu demais, eu falei pra você ir com calma, você só tacou uma garrafa de cerveja no meu pé, que voo até para meu pulso - sua voz estava trêmula, parecia segurar o choro - E a da escada? Seus pais foram para sua chácara e eu fiquei com você no apartamento, na hora que eu acordei você tava na parte de cima, bebendo e fumando, eu só chamei pelo seu nome e você já estava agressiva no fim me deu um empurrão, que eu caí de escada a baixo, Você foi uma filha da puta.

- Sn...

- Espera, eu não terminei! Quando eu soube que você iria para a reabilitação, eu percebi que por tudo que você tenha feito, serviu pra me fortalecer, que deixou de ser aquela menininha boba, e está sendo o oposto disso, e sobre a pessoa que eu estou relacionado, é um caos a se explicar.

- Então me diz, se ela faz, o que eu não fiz, só te liguei pra ouvir....

- É complicado, você sabe como foi o fim do nosso relacionamento, A noite foi escura e fria, playlist que a gente ouvia, o silêncio da minha companhia, a gente briga todo dia, enquanto a vida acontecia, o nosso amor saiu praticamente pela porta afora.

PORRA.

Que baque.

- Mas o meu relacionamento com a Bruna anda muito pior.

PORRA MAIS UMA VEZ.

Isso significa que eu tenho chance?

- Ela é ciumenta?

- Louca, possessiva e tudo que tenha direito, mas agora é sério, você tá muito machucada?

- Um pouco, mas não tem problema isso, meu pai já cuidou direitinho.

- o Bombril, tá aí? Tanto tempo que não vejo.

- Tá sim, do meu ladinho, com a mesma carência de sempre.

- Não fale assim do noss....meu filho!

- Acho que ele sente falta de você.

- Nunca mais vi ele, desde o fim.

- Ah, eu sempre passeio com meus cachorros pela Pampulha, se ti quiser ir.

- Isso seria um encontro?

- Não, mas considere o que quiser.

- Certo, enfim Marie, fico mais tranquila que você esteja bem, tenha uma ótima madrugada.

- Sn....me desculpa pela tola bêbada que eu fui, não tenho o que fazer pra recompensar o passado, mas eu sinto saudades, de tudo, de pagar simplesmente um pão de queijo a você, de lhe acompanhar em seus jogos de vôlei...de ver suas séries bobas de adolescente ao seu lado.

-  Deus- a mesma suspira- eu preciso terminar de ajeitar umas caixas, amanhã eu vou estar de mudança e...

- Não precisa dizer nada, tchau.

- Tchau, Marie - a mesma desligue.

O que diabos foi aquilo? Por que o peso em minhas costas só aumentavam, que tremenda idiota eu fui?

Eu bebia pra me salvar, mas não sabia que no fundo eu só me sabotava.

Eu fui a culpada pela tragédia que está minha vida, minhas atitudes geraram consequências, perdi minha adolescência, se for olhar, eu fui capaz de ser pior que o João Marcelo, não machuquei Sn apenas fisicamente mas mentalmente também.

Acho que até o monstro que vive embaixo da minha cama junto com algumas meias sujas, tem medo de mim.

O que me restava, era enfiar o rosto entre minhas pernas e chorar, igual uma criança, desejando que fosse só um pesadelo.

Mas não, não era só um pesadelo, era minha realidade, do que adiantava todos aqueles ferimentos se de qualquer forma o pior era o interno?

- A gaveta - eu me lembro levantando e indo até lá, pegando uma pequena caixa, com vários dos poemas que eu fiz a Sn.

O canivete, ao lado da caixa era o que mais me trazia déjà-vu, olhando meu pulso cheio de marcas.

Era tentador, aliviar um pouco da minha dor daquela forma...

- Hoje não - eu fecho a gaveta levando a caixa até a cama.

|| Notas da autora:

Oioioioioioi Lectores, esse capítulo em, baseado em grandes sentimentos.

Como vocês estão?

Meu insta: @tadllt

Trechos da música: Nossa música e sua voz  - Gloria Groove e MC cabelinho ( um escroto que tem ótimas músicas)

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Obrigado ( a)

Um beijo e um cheru

Minha Vida Fora De Série - Jenna Ortega Onde histórias criam vida. Descubra agora