Na mansão Malfoy, o silêncio da noite era um véu tenso que ocultava turbulências familiares. O ressoar de vozes exaltadas — Narcisa e Lúcio Malfoy — infiltrava-se pelos corredores estreitos, adornados por tapeçarias ancestrais e retratos de antepassados rigorosos. Em seu quarto, um espaço austero, mas elegantemente decorado, Draco Malfoy cobria os ouvidos na tentativa de afogar o desconforto emocional da discussão que não entendia, mas que intuía ser grave.
"Em breve, Hogwarts será meu refúgio," Draco se consolava, acalentando a ideia de que a famosa escola de bruxaria seria o palco onde provaria seu valor, longe das críticas e das expectativas asfixiantes de seu pai, Lúcio.
Impaciente e assoberbado, Draco se levantou com um suspiro resoluto e deixou seu quarto. Descendo os degraus de mármore frio, que ecoavam com sua própria tensão, chegou ao grande hall. Decidido a buscar alguma tranquilidade, abriu a porta pesada que levava ao jardim e se aventurou na noite.
O aroma fresco da relva e o perfume das flores noturnas enchiam o ar, criando uma atmosfera que, sob qualquer outra circunstância, seria relaxante. A luz prateada da lua pintava sombras alongadas e fantasmagóricas nos arbustos meticulosamente aparados e nas estátuas de pedra, como se a própria natureza estivesse consciente de sua intranquilidade.
E então, seus olhos capturaram um brilho singular — olhos prateados que cintilavam na escuridão. Um lobo majestoso estava ali, parado à beira do lago, com a pelagem cinza e branca formando uma tapeçaria onírica que parecia refletir a luz da lua.
Sem uma varinha — sua visita ao Beco Diagonal ainda era uma tarefa futura — Draco sentiu uma onda de adrenalina disparar seu coração. O lobo, como se em resposta a essa energia, saltou em sua direção com uma velocidade inesperada.
Congelado de medo, Draco esperava o pior: garras prontas para rasgar e dentes afiados para morder. No entanto, o que ele sentiu foi uma onda de calor, como um vento súbito que dispersava o frio da noite. O lobo estava a meros centímetros de seu rosto, seu hálito quente misturando-se com o ar frio, mas Draco percebeu algo preso na coleira do animal.
"PARA!" gritou Draco, já compreendendo que o lobo não era uma ameaça. O animal recuou um pouco, permitindo que Draco visse o envelope selado preso à coleira, marcado com um emblema desconhecido mas intrigante.
Nesse instante, Lúcio e Narcisa irromperam no jardim, as expressões variando entre alívio e confusão. "Que espetáculo é esse?" perguntou Lúcio, seu olhar alternando entre o lobo e Draco.
Sem perder tempo, Draco desamarrou o envelope e quebrou o selo. O papel era de alta qualidade, e as palavras, escritas em uma caligrafia sofisticada, saltaram aos seus olhos:
Caro Sr. Draco Malfoy,
É com grande honra que o convidamos para a Instituição de Durmstrang no próximo ano letivo. Reconhecemos sua linhagem distinta e potencial mágico singular. Acreditamos que sua educação prosperará sob nossas rigorosas disciplinas acadêmicas e desafios físicos.
Anexamos uma lista de materiais e orientações para sua chegada. Aguardamos sua pronta resposta.
Com respeito,
Igor Karkaroff
Diretor, Instituição de Durmstrang
Draco ergueu o olhar para seus pais, um turbilhão de emoções passando por seu peito. Não era apenas a adrenalina do encontro com o lobo, mas a perspectiva de um futuro completamente diferente e inesperado.
O silêncio recaiu sobre a mansão Malfoy mais uma vez, mas agora era um silêncio carregado de novas possibilidades e decisões iminentes.
~***~
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Draco Malfoy e o Anel de Gigeso
FanfictionEm "Draco Malfoy e o Anel de Gigeso," nos aventuramos em um universo alternativo onde Draco Malfoy não frequenta Hogwarts, mas a enigmática escola mágica Durmstrang. Este cenário nórdico e rigoroso lhe apresenta desafios e mistérios que vão além do...