Capítulo 1

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PRÓLOGO

Alguns anos antes...

ERA UM MOTEL!

Porém, em instantes, tornar-se-ia um mortel.

O vermelho, o preto e o branco predominavam dentro daquelas quatro paredes em que, não rotineiramente, amantes frequentavam para prática de traições.

As luzes discretas e avermelhadas mergulhavam o ambiente numa lúgubre transição de luz para a sombra.

Um sofisticado espelho impregnado no teto de estilo vitoriano refletia a relação extraconjugal e erótica dos corpos nus se amando com luxuria, ganância e sede de poder sobre os lençóis de seda branca do requintado aposento.

Uma enorme cama redonda, de casal, era a única e fiel testemunha do adultério compartilhado entre os dois amantes.

No ato de teor sexual, juras de amor eterno eram trocadas a cada beijo, a cada toque ousado, a cada troca de olhares, a cada gemido de prazer que escapava de ambos os lábios úmidos dos dois amantes que espasmavam de um prazer desenfreado experimentado por seus corpos suados e deslumbrados.

A ilusória paixão entre os dois era mútua, pura devoção e luxuria aos desejos mais sádicos, imundos e cruéis de seus corações apodrecidos por uma obscura maldade e ganância.

A mulher sorriu após se contorcer de prazer e gemidos sequenciais nos braços másculos de seu amante. Beijou-o nos lábios grossos, sentindo a barba arranhar sua pele fina e bem cuidada, então se levantou, ao vê-lo esboçar um sorriso amarelado, e caminhou rebolando a passos lentos até uma banheira branca que ficava a poucos centímetros da exótica cama.

Apenas uma fina parede de vidro separava a cama da banheira de água perfumada e decorada com pétalas de rosas vermelhas.

A mulher adentrou a banheira deu uma olhada sedutora para o seu amante, que também a olhava ainda deitado de maneira desleixada sobre a cama.

Ela o chamou para compartilhar a água fria e relaxante.

O homem levantou da cama atendendo ao pedido de sua sedutora amante. Pegou um buquê de rosas vermelhas. Dentro havia um presente.

A mulher o viu se aproximar devagar. Os lábios ligeiramente se curvando em um maléfico sorriso. Nos olhos azuis relampejava um brilho sinistro. Ela sorriu, inocentemente, porém, em poucos instantes seu sorriso inocente se transformou em um grito de horror quando foi surpreendida por uma pistola brilhante apontando diretamente para sua testa. Arregalou os olhos. O medo da morte a paralisou. Mas a morte às vezes era tão impiedosa e irredutível quanto a vida. No segundo seguinte, nada se ouve, após o disparo cruel e certeiro da pistola semiautomática não fazer qualquer barulho estridente ao liberar sua munição eficaz que atravessou o crânio da vítima fazendo respingar no ar um sangue vermelho vivo e aterrorizante. Uma fina linha vermelha escorreu do meio da testa da mulher, fazendo um caminho sem volta pelo vale dos seios até suas partes íntimas.

O sangue se mesclou à água e às pétalas de rosas, numa conexão inseparável assombrosa.

O amante assassino ainda deu uma última olhada de remorso, mas não de arrependimento, ao corpo sem vida que, gradativamente, pendia para o lado direito e escorregava na água vermelha e florida, que naquele momento tinha um estranho odor de sangue cru.

Ele então vestiu suas roupas e limpou qualquer vestígio que o ligasse à cena macabro crime. Fugiu para sua vida aparentemente perfeita e normal na alta sociedade espanhola, ao lado de sua bela esposa.

Mas o que ele não sabia era que, no futuro, haveria uma mulher que jamais esqueceria daquele terrível assassinato, nem que mil anos se passassem.

E ela buscaria vingança até seu último suspiro de vida!

VingançaOnde histórias criam vida. Descubra agora