FIRST TIMES | SuiKarin

A PRIMEIRA VEZ QUE O VI

ESSA NÃO É UMA HISTÓRIA DE AMOR. Se você está procurando por um final feliz, não o encontrará aqui.

Não, essa história não é sobre dois inimigos mortais que se apaixonaram e decidiram quebrar todas as regras para ficar juntos. Essa história é sobre como o homem que eu amei me destruiu e tirou de mim tudo o que eu tinha.

Eu cresci no lado sul de Nova Iorque, sob a proteção de uma das organizações criminosas mais perigosas da cidade. E eu posso contar nos dedos quantas vezes eu o vi, mesmo sabendo desde o primeiro momento que era proibido. Ao contrário de mim, Suigetsu Hozuki não era discreto em suas atividades e alianças, não era segredo para ninguém que, assim como seu irmão mais velho, ele fazia parte da Hebi.

Eu tinha dezesseis anos quando o vi pela primeira vez e, é claro que ele não prestou atenção em mim. Não enquanto estava comemorando seu aniversário em meio a um bando de garotas seminuas que o rodeavam na mesa em que estava sentado com seus amigos. A mesa de sempre, de frente para o palco. Eu ainda era menor de idade, então ficava escondida atrás do bar, onde poucos poderiam notar minha presença.

— Esses caras da Hebi são uns nojentos — Ino falou enquanto preparava uma rodada de doses de whisky para que uma das atendentes seminuas levasse até a mesa onde Suigetsu estava sentado com meia dúzia de outros caras.

— Como sabe que são da Hebi? — Encostei meus cotovelos sobre o balcão, direcionando o olhar até a mesa onde os garotos estavam sentados, agindo como se fossem os donos do mundo.

— Karin, todo mundo sabe quem são aqueles imbecis — respondeu categórica, entregando a bandeja repleta de pequenas doses a uma garota loira que se equilibrou sobre os saltos até lá. — Assim como todo mundo sabe o que aconteceria com eles se Itachi Uchiha sequer imaginasse que estão perambulando por esse lado da cidade, frequentando bares inimigos...

Os olhos azuis de Ino brilharam ao cogitar acabar com a vida daqueles garotos, mas a verdade é que caras como Suigetsu Hozuki e Sasuke Uchiha — o melhor amigo que estava sempre o acompanhando — eram extremamente lucrativos ao Nove Caudas.

— Provavelmente o mesmo que aconteceria comigo se meu pai descobrisse que estou trabalhando aqui ao invés de estar no cursinho preparatório para o vestibular. — No instante em que ajeitei meus óculos, preparada para deixar o balcão e me concentrar em aprender novas combinações de bebidas, um par de olhos me fitou.

O contato visual durou apenas alguns segundos, mas foi o suficiente para que, mesmo anos depois, ainda me causasse arrepios. Suigetsu Hozuki tinha um brilho estranho nos olhos quase púrpura, e me encarava com curiosidade. Eu não diria que estava realmente prestando atenção em mim, afinal, provavelmente estava se perguntando o que uma garota esquisita como eu fazia em um lugar como aquele.

Diferente das outras garotas que trabalhavam ali, diferente até mesmo da Ino que, não andava seminua, mas usava uma roupa provocante exibindo um belo decote, eu vestia uma calça jeans e uma camiseta. E talvez estivesse apenas zombando de mim em sua cabeça, porém algo em mim atraiu seus olhos.

Os mesmos olhos que alguns anos depois encontraram os meus em alguma barraquinha de café ao redor do campus da Universidade de Nova Iorque, na primeira vez em que tentei ser gentil com ele.

Eu estava atrasada. Era segunda-feira, eu tinha uma prova de anatomia em menos de meia hora e estava completamente atrasada. Ainda não havia dormido, então grandes olheiras rodeavam meus olhos castanhos-avermelhados por baixo das lentes dos óculos. Depois do meu turno no bar, dormir não era uma opção, afinal, existia matéria para ser revisada. Então, eu precisava de uma dose de cafeína ou explodiria alguém.