Heitor mal podia acreditar no que estava olhando. Quando pensara em fazer uma surpresa para a noiva, imaginou-se sendo recebido com um de seus sorrisos deslumbrantes e talvez um ou dois beijos roubados.
Ensaiara cuidadosamente as palavras que iria dizer, começaria pela promoção que conseguira e depois pediria que o acompanhasse durante o trabalho no sul da França. Começaria prometendo um lindo casamento em Lisboa, de preferência antes da viagem, mas caso não fosse possível, convidaria suas irmãs e sua mãe para lhe fazer companhia.
"Como poderia ser tão burro?" Pensou cobrindo os olhos com as mãos, revivendo os acontecimentos dessa manhã fatídica.
Quando chegara na casa de Amélia, esperava surpreender toda família com o seu retorno inesperado da França. Disse para todos que voltaria na próxima semana para que não fosse estragada a surpresa. Ao ser recepcionado na casa, não pode deixar de levantar as sobrancelhas para a palidez e a súbita timidez de suas irmãs. As coisas pareciam estranhas, frias até. Elas repetiam em uníssono que Amélia não estava em casa e a mãe foi-se logo depois de cumprimentá-lo.
"Tenho que achar outro jeito de encontrá-la" pensou Heitor arrumando as mangas e o colarinho rapidamente, o bigode coçava quase como um prelúdio que iria acabar mal.
Ele caminhou ao longo da casa, sabendo da janela do terceiro quarto, perto da área de empregados, ficava sempre aberta. Entrou num pulo, tentando caminhar desapercebido pelos criados, indo a passos longos ao quarto de Amélia, parou depois de três degraus, franzindo as sobrancelhas duvidando se era romântico ou nada apropriado o que fazia. Decidiu que talvez fosse melhor voltar outra hora, como aconselharam as irmãs.
Porém, enquanto se dirigia à janela por onde entrou, ouvira a voz de Amélia. A voz era estranha e abafada, porém a sua curiosidade era maior que a sua prudência. E logo se viu seguindo a voz, apenas para descobrir Amélia de pernas abertas sendo vorazmente e violentamente penetrada por um sujeito.
Heitor congelou, e apenas saiu do transe ao escutar o grito de horror de Amélia, enquanto o sujeito misterioso se virava lentamente para revelar a face de seu melhor amigo e sócio Francisco.
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Dias de sol e arrebentação
Historical FictionCamila já se cansou do mercado de casamentos vitorianos, e de ter suas expectativas frustradas. Determinada a começar um novo capítulo de sua vida, ela se muda para a pacífica casa de verão de sua amiga, onde costumavam ir na infância. Mas numa revi...