21 de julho de 1993 – AzkabanQuatro mil duzentos e oitenta dias.
Cento e quarenta e dois meses.
Quase doze anos.
Esse era o tempo que Sirius Orion Black, o primogênito da mui nobre Casa Black, permanecera preso em Azkaban. Sem julgamento, sem chance de defesa; apenas trancafiado em uma cela e cercado por vários dementadores, atormentado pela dor dos eventos do dia 31 de Outubro de 1981 e da culpa.
Ali, sentado no canto de uma cela escura sobre um chão imundo, Sirius lamentava há quase doze anos a perda de tudo que ele amava e carregava a culpa por isso. Ele perdeu absolutamente tudo. Poucas coisas doíam mais que o arrependimento por ter confiado em alguém que chamava de amigo, mas apunhalou-o pelas costas.
James e Lily estavam mortos porque ele confiou em Peter Pettrigrew. Remus estava sozinho durante a lua cheia porque ele confiou que Peter era a melhor escolha. Seus filhos e Harry cresceriam sem os pais por sua culpa.
Se não tivesse confiado para Peter ser o Fiel do Segredo dos Potter, nada disso teria acontecido.
Ele poderia estar com seus filhos e Remus, vivendo felizes juntos e sendo uma família. Ele finalmente estaria aproveitando com Lupin uma nova chance de viver um amor, e veriam os gêmeos crescerem juntos.
Mas agora, eles certamente o odiavam. Não os culparia por isso, ele dava total razão. Ele próprio se odiava pelo que houve.
O que o mantinha são naquele lugar era ter esperança de que, apesar de tudo, seus filhos estavam bem com Remus, e não nas garras de sua mãe; tendo uma infância boa e feliz, diferente da sua própria. E também esperava que Harry estivesse bem com eles, sendo amado e cuidado com o carinho que merecia.
Além, é claro, de saber que era inocente. Ele sentia sua parcela de culpa, mas sabia que a maior parte dela era de Peter Pettigrew.
Após todos aqueles anos, já estava habituado a permanecer ali sozinho em sua cela, preso em seus próprios pensamentos. Durante o dia, por vezes, ele sentia os dementadores sugando toda sua energia, alimentando-se de suas memórias felizes e trazendo a tona as piores de todas: as maldições que recebia como castigo de sua mãe, as brigas com seu irmão, a morte da mãe de seus filhos, a morte de seu melhor amigo… Péssimas lembranças é o que não faltava para Black.
Porém, ao menos a noite, algumas vezes, ele se transformava em sua forma animaga para escapar de seus carcereiros. Sabia que os dementadores não reconheciam emoções animais tão bem quanto as humanas e, assim, ignoravam-no, e ele poderia ter um pouco de paz. Quando era noite de lua cheia, ele assumia aquela forma também apenas para sentir-se mais próximo de Remus.
Odiava pensar que Lupin estivesse sofrendo sozinho naquelas noites.
Sirius estava, como sempre, sentado ao chão com seus pensamentos. Cantarolava baixinho, como fazia certas vezes para fugir do silêncio tenebroso ou dos murmúrios sofridos de alguns de seus colegas das celas ao lado. Entonava a canção de ninar em francês que costumava cantar para os filhos dormirem, a mesma que seu Tio Alphard cantava para si quando pequeno e pedia para que ele o colocasse na cama no lugar de seus pais.
Também sentia muita falta do tio, que morrera um tempo após sua formatura em Hogwarts. Ele era uma das únicas pessoas de sua família com quem realmente se importava, junto de seu irmão.
Ah… Seu irmão… Regulus.
Também teve tempo o bastante para pensar nele e refletir ainda mais sobre sua perda, o que poderia ter feito, o arrependimento por não ter se esforçado mais para ajudá-lo. Ele queria tanto poder ter protegido o seu irmãozinho de toda a crueldade daquela Guerra…
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Prisioner Of Azkaban
FanfictionDoze anos. Cento e quarenta e dois meses. Quatro mil duzentos e oitenta dias. Esse foi o tempo que Sirius Black, dito como um dos maiores assassinos do mundo bruxo britânico, esteve preso em Azkaban. Até que uma visita do Ministro da Magia e um jorn...